Peço calma ao leitor folião. Não se assuste. Haverá, sim, Carnaval no
país. Assim como haverá Copa. O título do texto serve apenas para
evidenciar a dimensão paquidérmica da farsa que foi urdida contra a
realização do campeonato mundial de futebol no Brasil neste ano.
Esse movimento politiqueiro que tentará sabotar o país durante o
evento internacional mais importante que terá sediado em sua história
justifica essa enormidade com o “argumento” de que se deveria empregar
em saúde, educação etc. recursos que serão empregados em futebol.
Porém, por esse prisma de que não se deve empregar em um evento
internacional recursos que faltam a obrigações constitucionais do Estado
como as supracitadas, há que perguntar por que tais recursos só não
devem ser gastos em competição internacional.
Alguém imagina quanto dinheiro público é gasto com futebol todos os
anos, nos campeonatos regionais e no campeonato brasileiro? Tudo bem que
possa ser menos do que será gasto com a Copa, mas não é pouco e é gasto
todos os anos, enquanto a Copa será uma só vez.
Por que não abolir, então, qualquer gasto público com futebol? Vamos
gastar tudo em hospitais, escolas, enfim, em obrigações fundamentais do
Estado.
Mas a comparação mais apropriada talvez seja com o que o Brasil gasta
de dinheiro público com o Carnaval, pois não é pouco e é anual. A cada
tantos anos, portanto, a festança consome recursos equivalentes aos que
consumirá a Copa… Certo?
Errado. Nem a Copa, nem os campeonatos internos de futebol e muito
menos o Carnaval – só para ficarmos nos exemplos mais gritantes –
gastarão coisa alguma. São investimentos, pois, ao contrário de gastos
obrigatórios do Estado com saúde, educação, segurança etc, o que se
coloca de dinheiro público nesses eventos gera lucro para o Estado e
para os agentes privados envolvidos.
Tenho visto militantes engraçadinhos desse movimento aloprado contra a
Copa espalhando nas redes sociais frases de efeito que confundem os
tolos ou os ingênuos, mas que não passam de trapaça do mais baixo nível.
Há que ir rebatendo…
Esses militontos recomendam às pessoas que, quando ficarem doentes,
vão se tratar nos estádios de futebol recém-construídos. É muita má fé.
Esse dinheiro público que está sendo investido na Copa irá retornar aos
cofres públicos e com lucro. Muito lucro.
E nunca iria para saúde ou educação, pois todas as verbas são
carimbadas e essa da Copa ou a do Carnaval estão em outras rubricas.
Estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com a
renomada empresa de consultoria Ernst & Young para o Ministério do
Esporte em 2010 diz coisas muito diferentes das que vêm sendo ditas por
esses embrulhões do movimento “Não vai ter Copa”.
Segundo o estudo, a Copa irá gerar R$ 183 bilhões de faturamento em
um período de dez anos (de 2010 e até 2019) devido a impactos diretos –
investimentos em infraestrutura, turismo, empregos, impostos, consumo – e
indiretos – via circulação de todo esse dinheiro no país.
Somente em obras de infraestrutura, os investimentos deverão alcançar
R$ 33 bilhões, entre estádios, mobilidade urbana, portos, aeroportos,
telecomunicações, energia, segurança, saúde e hotelaria.
No turismo, os números apurados pela consultoria mostram que
circularão 600 mil turistas estrangeiros e 3 milhões de turistas
nacionais, aumentando em cerca de 50% o faturamento do turismo no país –
de cerca de 6 para cerca de 9 bilhões de reais.
Somando empregos para trabalhadores permanentes e temporários, eles devem incrementar o PIB em R$ 47,9 bilhões.
Segundo a consultoria citada, “Os R$ 5 bilhões a serem injetados no
consumo pela renda gerada por esses trabalhadores equivalerá a 1,3 ano
de venda de geladeiras no Brasil ou 7,2 milhões de aparelhos”.
A expectativa é a de que a Copa crie mais de 700 mil empregos entre permanentes e temporários.
FGV e Ernst & Young ainda afirmaram que devem ser arrecadados “R$
17 bilhões em impostos, o que representará mais de 30 vezes os R$ 500
milhões em isenções fiscais que serão concedidas à Federação
Internacional de Futebol (Fifa) e empresas por ela contratadas para a
realização do Mundial”.
Os tributos federais a ser arrecadados com a Copa deverão chegar a R$
11 bilhões, deixando um saldo positivo de R$ 3,5 bilhões em relação aos
investimentos federais na realização do campeonato.
Veja, leitor, o cálculo do faturamento total da Copa, segundo o estudo em tela:
“Os impactos indiretos da Copa na economia do país com a
recirculação do dinheiro são calculados pelo estudo em R$ 136 bilhões,
até 2019, cinco anos depois da Copa. Um impacto pós-Copa, impossível de
dimensionar financeiramente transforma-se em turismo futuro. Além disso,
as obras que modernizarão estádios nas 12 cidades-sedes também geram
riqueza e impacto no PIB. Este valor, somado aos R$ 47 bilhões dos
impactos diretos, leva aos R$ 183 bilhões que o estudo calcula que a
Copa vai gerar para o país”.
Então, diante de gastos de cerca de 30 bilhões de reais para realizar
a Copa de 2014 no Brasil, haverá um faturamento bruto de 183 bilhões de
reais.
A mim parece um belo negócio, mas os militontos dizem que o estudo é
de 2010 e que hoje tudo isso teria mudado. Ah, é? Então pergunte a eles
em que se baseiam para fazer tal afirmação. Algum estudo? Sim, do
“instituto Achismo S/A”.
Há muito mais. Para quem quiser conhecer melhor o trabalho da consultoria, basta clicar aqui.
E, para quem quiser fiscalizar os gastos da Copa, bastará ficar de olho
no Portal da Transparência que o governo federal criou justamente para
esse fim, clicando aqui.
Mas o mote do post é a distorção de um gasto como tantos outros que
são feitos para diversão do povo, sempre sob financiamento do lucro que
esses gastos geram.
Por essa ótica delinquente, não deveríamos gastar dinheiro com a
construção, conservação ou modernização de autódromos para a fórmula 1,
por exemplo. Aliás, há pouco o país gastou 118 milhões de reais com a
visita do Papa, uma conta paga por católicos e não católicos.
Alguém sequer cogitou um movimento “Não vai ter missa”? Claro que
não, pois não dava para culpar o PT e o governo Dilma por o Brasil
gastar essa enormidade para receber o líder da Igreja Católica.
Todavia, Copa do Mundo, Carnaval, Fórmula 1, visita do Papa, tudo
isso dá lucro, inclusive gerando divisas para o país com turismo
internacional. A Copa só é melhor do que os outros itens elencados
porque nos deixará importantes e necessárias obras de infraestrutura em
transporte rodoviário, ferroviário e aeroviário, hotelaria etc.
Apesar de tudo isso, a imprensa oposicionista se esbaldou com recente
declaração do presidente da Fifa, Joseph Blatter, de que o Brasil seria
o país mais atrasado na entrega de obras da Copa. Depois, essa
afirmação caiu por terra. Descobriu-se que a África do Sul sofreu
“atraso” igual.
Mas que atraso é esse? Algumas obras que deveriam ser entregues em
dezembro último serão entregues, na maior parte, em janeiro ou, no
máximo, em março. Trata-se de um detalhe técnico. Nada mais importante.
Até por isso, Blatter recuou e endossou resposta pública e indireta
que recebeu de Dilma Rousseff, de que a Copa do Brasil será a “Copa das
Copas” e de que tudo dará certo.
Enfim, causa tristeza que, nessa guerra que a mídia e certos partidos
travam contra a Copa com fins políticos, esteja sendo praticada a
mesquinharia de praticamente esconder o que deverá ser um momento de
orgulho para o país durante a competição.
A abertura da Copa do Mundo de 2014 inovará em relação às aberturas
de competições em outros países. O primeiro chute na bola será dado por
alguém portador de paralisia da cintura para baixo e que usará, para
esse fim, um exoesqueleto controlado pela mente.
Esse equipamento futurista foi desenvolvido no Brasil pelo Walk Again
Project (projeto andar de novo), liderado pelo cientista brasileiro
Miguel Nicolelis. O aparelho é capaz de interpretar as atividades
cerebrais para mover os membros inferiores.
Será um orgulho nacional. O país deverá se afirmar diante do mundo ao
mostrar capacidade de execução desse projeto intrincado que é a
realização de uma Copa do Mundo, pois os brasileiros não deixarão um
grupelho de aloprados colocar tudo isso a perder.
http://www.blogdacidadania.com.br/2014/01/nao-vai-ter-carnaval/
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