domingo, 31 de maio de 2009

CPI quer 'colocar a Petrobras no córner', diz José Sergio Gabrielli.

A intenção da CPI é "colocar a Petrobras no córner", e a comissão pode atrapalhar a aprovação do marco regulatório do setor petrolífero pelo Senado e adiar novos leilões de áreas petrolíferas, incluindo do pré-sal, afirmou o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, em entrevista a uma agência inglesa de notícias.

– Quem está fazendo isso está com outros interesses, que não são os interesses de melhorar a gestão da companhia, o objetivo é bater na companhia – criticou Gabrielli, que já teve sua rotina totalmente alterada e prevê muito mais turbulências pela frente.

A partir de terça-feira, quando a CPI será finalmente instalada, Gabrielli se prepara para ficar mais em Brasília do que o habitual e reduzir o foco no trabalho.

– Além dessa lojinha vou ter que tomar conta da lojona, que é a CPI – brincou.
A rotina do presidente da Petrobras foi alterada pela CPI
A própria Petrobras também terá seu trabalho alterado, porque terá que ser mobilizada para responder possíveis acusações que surgirão no decorrer das investigações. Sem nenhum fato concreto até o momento, a CPI da Petrobras, idealizada pela oposição ao governo no Congresso, deve cair em uma generalização, segundo Gabrielli. Para ele, a investigação pode se tornar uma grande dor de cabeça e afetar a imagem da companhia dentro e fora do país.

Perguntado se está tranquilo em relação aos vários temas que poderão vir à tona durante o processo de investigação, o executivo recorreu novamente ao boxe para explicar as consequências.

– Estamos tranquilos se definirem os temas, porque os temas serão investigados, mas ataques generalizados sobre tudo é como na luta de boxe: Bater no fígado não dá nocaute, mas derruba o adversário. Você vai criar uma batalha política onde mais do que os fatos valem as versões, e nesse momento você entrar numa discussão sobre marco regulatório pode virar uma discussão se a Petrobras vai ter vantagem, não vai ter vantagem – analisou.

Ele afirmou que a intenção dos opositores ao governo será colocar a Petrobras como uma empresa incompetente, mal gerida, "uma caixa preta, o que não corresponde à realidade".

Gabrielli lembrou que a empresa é fiscalizada por vários órgãos - TCU, CGU, CVM, ANTT, Ibama, analistas, jornalistas - além de fazer parte do índice de sustentabilidade Dow Jones, no qual ela é benchmark de transparência.

– Somos a empresa que serve para medir as outras todas nesse quesito – informou.

Ele destacou também que os mais de 5 mil projetos em andamento no momento, dos quais 500 ao custo de mais de 25 milhões de dólares, passam por várias fases até serem aprovados, e que a estrutura da companhia é submetida à lei Ousbourne Osley, pela qual as informações passam por uma avaliação piramidal, ou seja, são respaldadas por vários níveis até chegar na presidência.

– Internamente nossos processos decisórios são muito complexos, passam por várias portões – ressaltou.

A preocupação de Gabrielli é de que a reputação da empresa seja afetada, já que nem todos os atores que acompanham as notícias que serão veiculadas conhecem bem a companhia. Esse conhecimento da Petrobras por parte do mercado, segundo Gabrielli, é o motivo das ações da companhia ainda não terem sido afetadas desde que a oposição conseguiu abrir a CPI há duas semanas.

Analistas ouvidos pela agência inglesa de notícias Reuters, autora da entrevista, disseram que a ação não deverá ser afetada, a não ser que denúncias graves sejam comprovadas. Gabrielli vê chances que até mesmo a votação do marco regulatório ficar para o próximo ano.

– É possível que o marco não seja votado esse ano por causa da CPI também...abre-se uma batalha política com a CPI – avaliou, referindo-se ao novo marco regulatório do petróleo previsto para chegar ao Congresso em junho.

Ele destacou no entanto que a falta de um novo marco não altera os planos da estatal de investir US$ 174,4 bilhões até 2009, "só contamos com os blocos que temos no plano de negócios", informou.

Do site do Jornal Correio do Brasil:http://www.correiodobrasil.com.br/noticia.asp?c=153273

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