terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Heraldo aumenta audiência do C Af em 42%




Este post é um reconhecimento sincero ao trabalho de Gilmar Dantas (*), Heraldo Pereira de Carvalho e Ali Kamel.


Reproduzimos e-mail de Mayk Santos, da inter.net, que administra este modesto blog sujo, à nossa Diretora-Executiva, Georgia Pinheiro:


Georgia,
fechei agora os números referentes à publicação do material sobre o acordo do Paulo na Justiça, na semana passada.


Para efeito de comparação peguei dados dos dias 09 e 10, pois o outro fim de semana foi de carnaval, e aí não vale.


09 e 10 42 mil visitantes únicos


23 e 24 60 mil visitantes únicos


42% crescimento. Tem melhor publicidade do que essa?

(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele.


Antártica:a culpa é da Dilma



Antártica: a culpa é da Dilma

O PiG (*) se rejubila com a tragédia na estação da Antártica.Desde o domingo as manchetes – clique aqui para contemplar o entusiasmo da Folha (**) – tinham um viés inequívoco: vejam só como o Brasil (a Dilma e o Lula) é incompetente.


A manchete do Globo desta segunda-feira insiste no espalhafato.


O Bom Dia Brasil foi exemplar.


Nem o depoimento da repórter Cristina Serra, sereno, que acabou de chegar de lá, foi capaz de dissipar a nuvem de generalizada incompetência que se alastra pelo Governo trabalhista.


O Lula já foi culpado de não ligar o transponder do Legacy.


De não puxar o freio do Airbus da Tam.


Agora, a Dilma bota fogo na Antártica.


Cristina Serra assegurou o óbvio.


O que se queimou é apenas uma parte do material científico recolhido há anos e dali retirado.


Não adianta.


A Dilma incendiou a Antártida.


As perguntas a Serra eram insofismáveis: quer dizer que a Dilma não tomou nenhuma precaução ?


Por que o Brasil não copiou o Chile, esse formidável pinochetiano exemplo de eficiência ?


A Agência Brasil mostra que a reconstrução começa hoje.


Mas, valeu a pena assistir ao Bom (?) Dia Brasil, só para ouvir o Renato Machado pronunciar o nome de Margaret Thatcher (só nessa o programa perdeu milhares de espectadores da Classe C.)


E o Bom (?) prestou outro grande serviço público nesta manhã em que o Cerra – felizmente ! – aceitou ter que optar por dois tipos diferentes de enterro. Não deixe de votar em trepidante enquete.


O Bom (?) anunciou estratosférico aumento do preço do feijão, num “ao vivo” de Ribeirão Preto, interior de São Paulo.


O estratosférico aumento não terá qualquer efeito sobre o índice de inflação ou sobre a dieta do brasileiro.


Mas terá um efeito (proposital ?) desastroso: provocar um aumento artificial do preço do feijão em muita feira livre do Brasil.


Olha aí, amigo navegante: mais dezenas de milhares de espectadores da Classe C, que trocaram de canal.


Esse Ali Kamel …Em tempo: é assim: Thááátcher, com um “a” longo, de baixo profundo, levemente anasalado.


Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.


(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

Paim diz que TST foi na "contramão da democracia" ao permitir consulta a cadastro de inadimplentes

Para senador, prática das empresas deveria ser considerada crime hediondo




São Paulo – O senador Paulo Paim (PT-RS) disse nesta segunda-feira (27) que ficou "abismado" com decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) favorável à consulta, por uma empresa, de dados cadastrais de inadimplentes antes de fazer contratações.


O tribunal analisava um apelo do Ministério Público do Trabalho (MPT) de Sergipe, que viu prática discriminatória em uma rede de lojas de Aracaju, por consultar serviços de proteção ao crédito e também orgãos policiais.


A 2ª Turma do TST entendeu que a prática pode ser considerada um critério de seleção de pessoal.

"Discordo radicalmente dos ministros que, por unanimidade, decidiram que os cadastros de pesquisas analisados pelas redes de lojas e bancos são de uso irrestrito e que acessá-los não é violação", disse Paim. Para o parlamentar, a decisão desrespeita o direito do cidadão de ter seus direitos protegidos, além de prejudicar quem está procurando emprego.


Ele acredita que esse tipo de consulta deveria ser considerada crime hediondo, por violar a dignidade humana. Também é contra o Código de Defesa do Consumidor (CDC). E sustentou: o artigo 42 diz que o consumidor inadimplente, na cobrança de débitos, não será exposto a ridículo ou qualquer tipo de constrangimento e ameaça – no caso em questão, a perda do emprego, explicou o senador.


Paim lembrou que apresentou projeto de lei (PLS 465/09) que classifica de discriminatória a consulta a cadastro de inadimplentes. O texto está aguardando análise na Câmara.


"Lamento que o TST tenha andado na contramão da história e da democracia do nosso país", declarou o senador.


Com informações da Agência Senado

Piso nacional do magistério passa para R$ 1.451



Reajuste de 22,22% foi calculado com base no crescimento do valor mínimo por aluno do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica


Por: Amanda Cieglinski, da Agência Brasil



Brasília – O Ministério da Educação definiu em R$ 1.451 o valor do piso nacional do magistério para 2012, um aumento de 22,22% em relação a 2011. Conforme determina a lei que criou o piso, o reajuste foi calculado com base no crescimento do valor mínimo por aluno do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) no mesmo período.

A Lei do Piso determina que nenhum professor pode receber menos do que o valor determinado por uma jornada de 40 horas semanais. Questionada na Justiça por governadores, a legislação foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado.


Entes federados argumentam que não têm recursos para pagar o valor estipulado pela lei. O dispositivo prevê que a União complemente o pagamento nesses casos, mas, desde 2008, nenhum estado ou município recebeu os recursos porque, segundo o MEC, não conseguiu comprovar a falta de verbas para esse fim.


Em 2011, o piso foi R$1.187 e em 2010, R$ 1.024. Em 2009, primeiro ano da vigência da lei, o piso era R$ 950. Alguns governos estaduais e municipais criticam o critério de reajuste e defendem que o valor deveria ser corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), como ocorre com outras carreiras.


Na Câmara dos Deputados, tramita um projeto de lei que pretende alterar o parâmetro de correção do piso para a variação da inflação. A proposta não prosperou no Senado, mas na Câmara recebeu parecer positivo da Comissão de Finanças e Tributação. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) prepara uma paralisação nacional dos professores para os dias 14,15 e 16 de março com o objetivo de cobrar o cumprimento da Lei do Piso.



Serra do bem contra o PT da maldade


Por Renato Rovai, no SpressoSP


O acordo já foi selado no PSDB para que a candidatura de Serra possa vir a ser anunciada mais para frente, entre abril e maio.


O partido realizaria as prévias, mas apenas duas candidaturas teriam chances reais de vitória: a de Bruno Covas, apoiado por Alckmin, e a de Andrea Matarazzo, por Serra. Trípoli e José Aníbal, mesmo com história no partido, não contariam com “aquele apoio” necessário para derrotarem os candidatos dos caciques.


O vencedor poderia sair posando de candidato e, se de repente decolasse, Serra até poderia ficar na sua. E se preservar para 2014.

Principalmente se o vencedor das prévias viesse a ser Matarazzo, seu aliado incondicional.


Sem a tal decolagem (o que é mais provável, até porque não haveria tempo de campanha), o ex-governador diria o “sim” e o vencedor das prévias ficaria com a vaga de vice.

Alckmin quer Covas neste papel.


Serra, Matarazzo.


Os riscos desta operação não são diferentes do que Garrincha vislumbrava no histórico jogo contra a URSS. Depois de ouvir toda a preleção onde tudo dava certo para a Seleção, Mané perguntou ao técnico Feola: “mas o senhor já combinou com os russos”.


Não se pode desprezar um acordo de última hora entre Trípoli e Anibal para que um deles fique com a vaga de candidato do PSDB. Se isso vier a ocorrer, a candidatura de Serra sairia só a fórceps.

Outra combinação que ainda não foi feita por completo diz respeito ao apoio de Kassab. Há quem ache que o esperto prefeito estaria querendo colocar seus pés em duas canoas nesta eleição.


Kassab já teria dito a Serra que tudo bem em relação ao PSD não indicar o vice, mas ao mesmo tempo disse que não teria como conseguir levar toda a base que construiu na prefeitura para apoiar a candidatura dele.


Ou seja, algumas pessoas com quem conversei consideram que o PSB, por exemplo, pode vir a se aproximar mais do PT municipal a partir de um movimento combinado entre Lula, Kassab e o governador Eduardo Campos.


Neste caso, Campos seria o operador aparente. E o vice de Haddad sairia do PSB.


A fusão PSD e PSB pode vir a ocorrer muito antes do que os analistas políticos estão prevendo. No carnaval, o prefeito paulistano foi a Recife tratar disso.


Acha que se o acordo vier a sair já em 2013, o novo partido consegue tirar Temer da jogada e indicar Campos como vice da presidenta.


E, na disputa para o governo de São Paulo, Kassab não teria problemas em sair de vice de Marinho, que, caso venha se reeleger prefeito em São Bernardo, deve ser o nome do PT para 2014.
Tem muita água passando por debaixo da ponte, mas uma coisa é quase certa, o vencedor das prévias do PSDB está disputando a candidatura de vice.


Porque dificilmente Serra não será candidato.


Se tem uma coisa que o ex-governador não é, definitivamente, é tonto.


Ele venceu Dilma em São Paulo por 53,5% a 46,5%. Ou seja, se a eleição de 2010 para presidente fosse na capital paulista, seria ele o chefe do Estado.


E fazendo contas já viu que se candidato for, deve disputar o segundo turno contra o PT. Neste caso, construirá um enredo do Serra democrata contra o partido que quer dominar o mundo.



Juíza de Direito é espancada por promotor de Justiça na Bahia




A juíza da comarca de Caravelas, no sul baiano, Nemora de Lima Jannsen dos Santos, de 35 anos, foi espancada na madrugada de sexta-feira (24) pelo promotor da Vara Única Criminal de Porto Seguro, Dioneles Leones Santana Filho, quando participava do Carnaporto, o carnaval indoor do município da Costa do Descobrimento.


Segundo consta no boletim de ocorrência registrado na Delegacia de Proteção ao Turista de Porto Seguro (Deltur), a magistrada estava em companhia do namorado, o advogado Leonardo Wishart, de 27 anos, em um camarote da Arena Axé Moi, quando o agressor se aproximou por trás e deferiu um soco que atingiu a sua nuca. Com o impacto, Nemora caiu no chão, mas a agressão não parou por aí.


Caída, a juíza recebeu diversos chutes na cabeça e em outras partes do corpo. Mais:http://blog.direitodopovo.com.br/?p=3733prblogprog temático


Candidatura Serra revela desdém pela inteligência do paulistano



A recém-anunciada decisão do ex-governador tucano José Serra de disputar mais uma vez a prefeitura de São Paulo revela seu mais completo desprezo pela inteligência da maioria do povo paulistano.


Serra tem lá suas razões para acreditar que a maioria dessa população é incapaz de assoviar e amarrar os sapatos ao mesmo tempo. Até hoje, há muita gente aqui que recita com orgulho o bordão de que “Maluf rouba, mas faz”, apesar de ser um ladrão que não pode nem sair do Brasil por ser procurado pela Interpol.


São Paulo, quase sempre, vota no pior. Em 1985, elegeu Jânio Quadros contra o então progressista Fernando Henrique Cardoso. A prefeitura de Jânio fundou máfias como a dos fiscais e fez a qualidade de vida despencar na cidade.


A devastação nas finanças paulistanas e a paralisação dos serviços públicos foi de tal ordem que, em 1988, ocorreu um fenômeno raro na capital paulista: para consertar o desastre janista, o paulistano elegeu a primeira de duas mulheres petistas, Luiza Erundina.


Por motivos ideológicos, a imprensa paulista fustigou o governo Erundina, que saneara as finanças e implantara programas sociais revolucionários, e trabalhou intensamente pela primeira vitória eleitoral legítima de Paulo Maluf a um cargo no Poder Executivo.


Com a ajuda sobretudo do jornal O Estado de São Paulo, Maluf se elege prefeito em 1992 e consegue eleger o sucessor, Celso Pitta, em 1996. Os dois governos produzem um desastre tão completo que, em 2000, uma cidade novamente falida coloca uma petista de novo no poder para consertar o que direita fizera.


Marta Suplicy saneia novamente as contas da prefeitura, implanta programas sociais revolucionários como Erundina e, apesar de terminar seu mandato bem-avaliada pela maioria dos paulistanos, estes elegem novamente um governo conservador.


Em 2004, o tucano José Serra se elege prometendo que não faria do cargo de prefeito um trampolim para voos políticos mais altos, descumpre a promessa abandonando a prefeitura nas mãos do vice, Gilberto Kassab, e, apesar disso, este se elege prefeito em 2008.


Os paulistanos justificaram o voto no indicado de Serra, apesar de ele ter mentido por escrito ao prometer não deixar o cargo de prefeito caso fosse eleito, com a premissa de que queriam colocar o “competente” tucano em uma posição ainda melhor.


É neste ponto que surge novo teste para a inteligência do povo de São Paulo. Segundo a última pesquisa Datafolha sobre a aprovação do prefeito que Serra vendeu aos paulistanos, sua administração, como a de outros prefeitos conservadores, tem sido um desastre.


A popularidade de Gilberto Kassab chegou ao fundo do poço. A pesquisa foi realizada nos dias 26 e 27 de janeiro último e detectou que só 22% dos eleitores aprovam a atual gestão, enquanto que 37% consideram-na péssima ou ruim.


Para entender por que Kassab é tão mal avaliado, há que olhar para o Índice de Desenvolvimento Humano da capital paulista em comparação com outras capitais do Sul e do Sudeste, com as quais cabe comparação.



Como se vê, a cidade mais rica da América Latina chegou à penúltima colocação entre as capitais do Sul e do Sudeste, acima apenas de Belo Horizonte. A qualidade de vida em São Paulo vem caindo ano a ano devido às loucuras eleitorais que a população praticou com Janio, Maluf, Pitta, Serra e Kassab.


Para todos esses, a prefeitura da capital paulista representou apenas um trampolim político. Atualmente, Kassab cuida muito mais do partido que criou (PSD) do que da administração da cidade.
Ora, pela lógica, se Serra indicou Kassab – assim como Maluf indicou Pitta – e a indicação se revelou desastrosa, a população paulistana deveria fazer com o tucano o que fez com Maluf em 2000, quando lhe negou a eleição por ter indicado um prefeito que fez um mau governo.


Vale lembrar que, naquele ano, a imprensa negou apoio ao candidato da direita. Estadão, Folha e Veja apoiaram Marta em 2000, pois São Paulo estava em verdadeiro estado de calamidade.


Este ano, porém, mais uma vez Estadão, Folha de São Paulo e revista Veja devem trabalhar intensamente pela eleição do candidato da direita, assim como trabalharam pela eleição de Jânio, de Maluf, de Pitta, de Serra e de Kassab.


Por outro lado, a queda progressiva da qualidade de vida pode ocasionar o que ocorreu quando a cidade elegeu Erundina e Marta. Após dois governos desastrosos como o de Maluf e o de Pitta, a população, em tese, poderia optar por eleger um petista de novo para arrumar a casa, ainda que seja para entregá-la de novo à direita na eleição seguinte.


Todavia, há um fenômeno na eleição deste ano que inexistiu quando as duas mulheres petistas se elegeram prefeitas.


O engajamento da imprensa na candidatura tucana deve ser muito maior do que foi na de Maluf em 1992 e na de Pitta em 1996. Será como na de Serra, em 2004, e na de Kassab em 2008.


O ponto fora da curva, porém, é a rejeição a Serra, que explodiu nos últimos anos concomitantemente à degradação da qualidade de vida gerada pela eleição de um prefeito como Kassab, que governa nas horas vagas, entre uma articulação política e outra.


E ainda restam as implicações do livro da Privataria tucana no processo eleitoral paulistano, mas esse assunto merece um post só para si…



Análise econômica ou mau-agouro?




“Houve pressões explícitas, e o Banco Central cedeu. Tentou convencer que a decisão (de baixar os juros) foi tomada de forma técnica. Não convenceu. A deterioração do quadro externo justificaria manter os juros para esperar para ver. Até porque, mesmo reduzindo o ritmo de crescimento do mundo, a inflação não está cedendo.”


O comentário aí, da simpática Miriam Leitão, tem apenas seis meses.


É só olhar o gráfico aí de cima e se verá que não somente a inflação cedeu como, naquele início de setembro, logo após a decisão do BC de começar a reduzir os juros, já vinha cedendo.


Hoje, se algum exagero houve, certamente não foi o de baixar os juros, mas o ter exagerado na alta que vinha desde o final de 2010.


A inflação acumulada no primeiro bimestre do ano (0,19%) – 0,25% em janeiro e – 0,06% em fevereiro – só perde, em toda a história brasileira, para a de janeiro/fevereiro de 2009, quando o Brasil vivia a ressaca da crise do final de 2008 e nossa economia, ao contrário de agora, encolhia.

As previsões de estagnação feitas para a economia brasileira este ano têm o mesmo valor que tinham as de explosão inflacionária naquele momento de 2011. Podem ser mau-agouro, análise da economia é que não são.


Mas essa gente continua pontificando, proferindo suas verdades como se não tivessem de dar conta de seus erros crassos em fazer previsões.


Hoje, em seu comentário na CBN, a mesma analista fecha seu texto com a seguinte observação:

“Será que o BC aceitará mais inflação? Isso vai bater mais no nosso bolso? É isso que nos interessa. O BC, hoje, parece mais tolerante. O IPCA em 12 meses está caindo, o que é bom. Não podemos nos preocupar com a inflação, porque esse desafio foi vencido. Temos de enfrentar os demais que existem em outras áreas.”

domingo, 26 de fevereiro de 2012

É Serra, de novo, contra o “poste”




Ao que parece, termina, no dia 4, mais uma pantomima das que costumam marcar a política brasileira.
Serra, dizem os jornais, assumirá amanhã sua candidatura, ainda que com o pró-forma de submeter-se a uma prévia no PSDB que só existe porque ele, durante todo o tempo, negaceou – mais do que negociou – com este o seu fado político de só ter, afinal, este caminho político.
Negaceou porque sabe que a posição de prefeito de São Paulo, depois de eleger-se para o cargo, e para o Governo do Estado, que poderia ser “quase uma “nomeação” para Serra, não será fácil de alcançar.
Serra tem vivos na memória os resultados da eleição presidencial de 2010, onde teve apenas escassos 7,3% de vantagem sobre Dilma Rousseff, no segundo turno, e apenas 2,2% a mais no primeiro – quando teve votação 10 pontos abaixo da de Geraldo Alckmin.
Muito pouco para quem se considera “a mais perfeita tradução” da elite paulista, e concorrendo contra aquela a quem chamavam de um “poste” político, Dilma Rousseff.
Quando Lula optou – e levou o PT a ceder – por Fernando Haddad, não estava seguindo um mero capricho político.
Jogou com o fato de que ele é um fato novo no quadro político, como Dilma o foi.
Abriu caminho para fraturar a unidade – já quebrada desde a derrota de Alckmin para Kassab, nas eleições municipais passadas – a aliança entre os tucanos e o DEM – que em SP é, hoje, o PSD.
Por mais que o nome de Serra cole os cacos dessa aliança, por ser irrefutável a sua condição de spimbolo – e já não chefe – da direita, é improvável que a máquina municipal trabalhe furiosamente por ele.
Afinal, se Haddad se abria a uma composição antes com os de Kassab, porque não comporia depois. E Serra? Bem, já se tornou lugar comum dizer que Serra não tem amigos ou aliados…
E, terceiro, Haddad, justamente por não ter ainda uma impressão prévia sobre seu nome no povão, será aquilo que Lula sabe ser imensamente poderoso: a sua projeção.
E Serra morre de medo de enfrentar Lula.
Mesmo que seja uma imagem projetada no que, pejorativamente, chamam de um “poste” político.
Convenhamos: para quem uma simples bolinha de papel já causa traumatismo, bater de frente em outro “poste” é algo que explica bem o temor de Serra.

Bóris Casoy acusa Lula pela morte de ex-dona da Daslu






Ao comentar o passamento da antiga dona da mega boutique de luxo Daslu, Eliana Tranchesi, na madrugada da última sexta-feira (24.02), o apresentador do “Jornal da Noite” (TV Bandeirantes), Bóris Casoy, lançou uma teoria no mínimo inédita: ela teria falecido por culpa do governo Lula, que, em 2005, teria engendrado a Operação Narciso, da Polícia Federal, apenas para desviar o foco do escândalo do mensalão.


Veja, abaixo, o vídeo enviado pelo leitor Evandro. Em seguida, continuo comentando.















Agentes da Polícia Federal (PF), do Ministério Público Federal e da Receita Federal fizeram uma busca na sede da Daslu, naquele ano, para coleta de provas de que a empresa estava envolvida em crimes de sonegação fiscal e contrabando, os quais acabaram sendo comprovados, gerando a Tranchesi pena de prisão de 94 anos, pena que ela jamais sequer começou a cumprir devido à Justiça ter ficado tocada pelo seu estado de saúde.


A tese de Casoy é bastante curiosa. Apesar de a Operação Narciso ter sido levada a cabo, simultaneamente, em São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo, de a Justiça ter autorizado a operação, de o ministério Público ter descoberto o esquema e de a Polícia Federal ter feito mais de mil operações durante o governo Lula, a pobre Tranchesi – que, após seu falecimento, vem sendo tratada pela mídia como uma espécie de Che Guevara capitalista – teria sido vítima de uma armação do governo Lula.


Não se sabe se Casoy considera que Tranchesi faleceu pelo processo criminal todo que enfrentou e não apenas pela operação de 17 de julho de 2005, mas está claro que acha que não deveria nem ter sido processada criminalmente pelos crimes que cometeu simplesmente por estar doente.


O âncora do telejornal da TV Bandeirantes, assim como quase todos os outros colunistas, articulistas e editorialistas da grande imprensa, sempre disse “exagerada” a operação que envolveu 250 policiais federais, apesar de a sede da Daslu, então, ser um prédio de quatro andares e 17 mil metros quadrados, que, pelo tamanho, permitiria que provas fossem tiradas de lá se não tivesse sido cercado e ocupado de surpresa.


Aliás, vale um registro: o uso de 250 policiais na Operação Narciso e a prisão, por alguns dias, da dona da mega boutique de luxo foram considerados “truculência” pelos mesmos colunistas, articulistas e editorialistas – entre os quais o próprio Casoy – que consideraram absolutamente normal o uso de 2 mil policiais militares para desocupar o bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos, e que, ali, não enxergaram truculência.


O tratamento VIP dado pela mídia tucana à dona da Daslu pode ser compreendido através da foto abaixo.


A Operação Narciso, naquele 2005, gerou indignação na imprensa e não foi devido à fartura de provas que condenou Eliana Tranchesi a quase cem anos de prisão, com localização de notas de entrada de mercadorias importadas nas quais vestidos de 10 mil reais haviam sido registrados pelo valor singelo de 100 reais.


A explicação para a indignação midiática, pois, reside no fato de que a filha do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin – que, à época, também era governador –, trabalhava na Daslu quando suas operações criminosas foram descobertas. Ela iniciara no trabalho havia pouco tempo como uma das vendedoras da empresa que ficaram conhecidas como “dasluzetes” e pouco depois foi promovida a “diretora de novos negócios”.


Estranhamente, a Secretaria da Fazenda de São Paulo não notou nada de estranho nas operações da Daslu, apesar de que suas operações eram tão escandalosas, com suas notas de entrada com preços populares, que a Polícia Federal chegara à empresa, em 2005, sabendo exatamente o que procurar, o que a obrigou a montar uma operação ampla para evitar que sumissem com as provas.
Segundo o âncora da Band, “Eliana Tranchesi foi exposta à execração pública e humilhada”. Veja só, leitor, que esse sujeito parece entender que tudo aconteceu só por ela ter sonegado algumas centenas de milhões de reais em um esquema que o Ministério Público chamou de “organização criminosa” e que gerou multa de um bilhão de reais, além da ação penal. Chega a parecer que, pelos crimes cometidos, deveriam ter feito uma estátua para Tranchesi.


O comentário de Casoy não contém indignação com a ilegalidade, à diferença da indignação contra as famílias do Pinheirinho. No caso da ricaça, o jornalista mostrou compaixão e indignação por ela ter falecido por desgostos que a descoberta de suas operações ilegais lhe causou, o que, no limite, talvez possa ser verdade, mas não muda o fato de que a culpa foi de quem montou o esquema criminoso, e de mais ninguém.


http://www.blogcidadania.com.br/2012/02/boris-casoy-acusa-lula-pela-morte-de-ex-dona-da-daslu-2/

O que a Opus Dei, o PSDB e a Jovem Pan estão tramando agora?

BLOG DO SARAIVA


Mauricio Calábria


A trilha invisível das radiofrequências não é de propriedade particular. Por isso, uma emissora de rádio ou TV somente pode operar se for agraciada com uma concessão do poder público.


Para isso, as empresas de radiodifusão devem, segundo a lei, prestar serviços de comunicação social, visando sempre ao bem coletivo.


Portanto, é comum e justo que se reserve um período da programação a conteúdo de interesse do povo, verdadeiro proprietário do território em que se propagam as ondas de informação codificada.


A rádio Jovem Pan não reconhece esse direito. Por isso, move uma campanha destinada a suprimir a "Voz do Brasil".


O interesse nessa censura é antigo. Tem origem na insubordinação do baronato paulista, historicamente resistente à lei e ao pacto federativo.


A atual campanha alega que o governo federal utiliza o espaço para fins de propaganda.


Incomoda demais a esse grupo neoconservador, firmemente atrelado ao PSDB, que o público seja informado sobre o crescimento econômico brasileiro e sobre o processo de universalização de direitos.


Parte da mídia, tenta, de todas as formas, eliminar os últimos redutos de dissonância informativa.


Procura-se, a todo custo, instituir um espaço 100% dedicado a insultar, desqualificar e criminalizar o governo federal e as forças populares.


Nesse padrão, impera o radicalismo religioso, o culto ao egoísmo, o repúdio à inclusão econômica e a consolidação de mitos de intolerância que constituem obstáculos à plena integração social de negros, mulheres, homossexuais, migrantes e imigrantes.


Em São Paulo, esse trabalho de lavagem neuronal é executado dia e noite, de forma a se manter a hegemonia política neoconservadora do PSDB e de seus aliados nos setores mais atrasados da sociedade.


Para isso, a rádio tem levado ao ar depoimentos de "celebridades" como José Serra, cacique do conservadorismo ressentido; Roberto Romano, "intelectual" orgânico da neodireita; e Ives Gandra, membro da Opus Dei e aguerrido inimigo de qualquer causa popular ou progressista.


Ainda que num formato arcaico, a "Voz do Brasil" representa o outro lado, a ponta de contato que sobrou com a informação divergente. Constitui-se, portanto, na lasca da democracia que se perdeu com o atual padrão centralizado de concessões no campo midiático.


O objetivo da campanha da Jovem Pan é construir um modelo autoritário de informação dirigida, em que o interesse do baronato paulista prospera acima do direito dos brasileiros.


Diz quem fala por ti e te direi quem és!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Paulo Henrique Amorim NÃO foi condenado por racismo



Uma infinidade de sites e blogs está publicando notícia inverídica sobre o jornalista Paulo Henrique Amorim, de que ele teria sido condenado por racismo por ter usado a expressão “negro de alma branca” em texto em que criticou a capacidade profissional do jornalista da Rede Globo Heraldo Pereira.

Paulo Henrique é um amigo e um homem contra o qual a acusação de qualquer tipo de preconceito é um verdadeiro absurdo. Por incontáveis vezes ouvi da boca do próprio seu inconformismo com preconceito contra negros, homossexuais etc.


O que aconteceu foi que PH fez um texto em que afirmou que o jornalista da Globo em questão seria submisso ao ministro do STF Gilmar Mendes e que a Globo – que acusou de racista –consideraria Pereira um “negro de alma branca”.

Pereira processa PH e este, em audiência de conciliação, opta por fazer um acordo com o autor do processo em que se compromete a desdizer publicamente as críticas que fizera.


A primeira mentira contra PH que está se espalhando até pelos grandes portais de internet, portanto, é a de que ele teria sido condenado. Não foi.


Segundo o próprio PH me disse ao telefone, ele apenas optou por não se defender e ofereceu retratação ao ofendido de forma a extinguir o processo por reconhecer que se excedeu, mas faria isso contanto que quem o processou reconhecesse, no acordo, que não houve ofensa racista.

Repito: Heraldo Pereira assinou um acordo em que reconhece que não houve intenção racista nas críticas que Paulo Henrique Amorim lhe fez. Isso consta do documento que um e outro assinaram diante de um juiz de Direito e de seus respectivos advogados. É, portanto, uma mentira quando dizem que foi “condenado por racismo”.


Abaixo, nota do advogado do PH em que explica o caso em termos técnicos.


Do blog Conversa Afiada



Paulo Henrique Amorim não foi condenado pelo crime de racismo ou dano moral como pleiteado por Heraldo Pereira de Carvalho no montante de R$ 300.000,00. Na ação promovida por Heraldo Pereira de Carvalho, as partes em audiência designada para 15 de fevereiro de 2012, conciliaram perante o Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 12ª Vara Cível da Circunscrição Especial de Brasília – DF, Daniel Felipe Machado, constando da sentença que homologou o acordo que o jornalista Paulo Henrique Amorim não ofendeu a moral do autor da ação ou atingiu a sua honra com conotação racista, fatos esses reconhecidos por Heraldo Pereira de Carvalho, tanto assim que concordou e assinou o termo de audiência. Em razão da conciliação levada a efeito, Paulo Henrique Amorim fará doação a instituição de caridade correspondente a 10% do montante pedido pelo jornalista Heraldo Pereira de Carvalho.
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Leia também, do jornalista Leandro Fortes



Paulo Henrique Amorim, assim como eu e muitos blogueiros e jornalistas brasileiros, nos empenhamos há muito tempo numa guerra sem trégua a combater o racismo, a homofobia e a injustiça social no Brasil. Fazemos isso com as poderosas armas que nos couberam, a internet, a blogosfera, as redes sociais. Foi por meio de pessoas como PHA, lá no início desse processo de abertura da internet, que o brasileiro descobriu que poderia, finalmente, quebrar o monopólio da informação mantido, por décadas a fio, pelos poderosos grupos de comunicação que ainda tanto fazem políticos e autoridades do governo se urinar nas calças. PHA consolidou o termo PIG (Partido da Imprensa Golpista) e muitos outros com humor, inteligência e sarcasmo, características cada vez mais raras entre os jornalistas brasileiros. Tem sido ele que, diuturnamente, denuncia essa farsa que é a democracia racial no Brasil, farsa burlesca exposta em obras como o livro “Não somos racistas”, do jornalista Ali Kamel, da TV Globo.


Por isso, classificar Paulo Henrique Amorim de racista vai além de qualquer piada de mau gosto. É, por assim dizer, a inversão absoluta de valores e opiniões que tem como base a interpretação rasa de um acordo judicial, e não uma condenação. Como se fosse possível condenar PHA por racismo a partir de outra acusação, esta, feita por ele, e coberta de fel: a de que Heraldo Pereira, repórter da TV Globo, é um “negro de alma branca”.


O termo é pejorativo, disso não há dúvida. Mas nada tem a ver com racismo. A expressão “negro de alma branca”, por mais cruel que possa ser, é a expressão, justamente, do anti-racismo, é a expressão angustiada de muitos que militam nos movimentos negros contra aqueles pares que, ao longo dos séculos, têm abaixado a cabeça aos desmandos das elites brancas que os espancaram, violentaram e humilharam. O “negro de alma branca” é o negro que renega sua cor, sua raça, em nome dessa falsa democracia racial tão cara a quem dela usufrui. É o negro que se finge de branco para branco ser, mas que nunca será, não neste Brasil de agora, não nesta nação ainda dominada por essa elite abominável, iletrada e predatória – e branca. O “negro de alma branca” é o negro que foge de si mesmo na esperança de ser aceito onde jamais será. Quem finge não saber disso, finge também que não há racismo no Brasil.


Recentemente, fui chamado de racista por um idiota do PCdoB, partido do qual sou, eventualmente, eleitor, e onde tenho muitos amigos. Meu crime foi lembrar ao mundo que o vereador Netinho de Paula, pagodeiro recentemente convertido ao marxismo, havia espancado a esposa, em tempos recentes. E que havia dado um soco na cara do repórter Vesgo, do Pânico na TV. Assim como PHA agora, fui vítima de uma tentativa primária de psicologia reversa cujo objetivo era o de anular a questão essencial da discussão: a de que Netinho de Paula era um espancador, não um negro, informação esta que sequer citei no meu texto, por absolutamente irrelevante. Da mesma forma, Paulo Henrique Amorim se referiu a Heraldo Pereira como negro não para desmerecer-lhe a cor e a raça, mas para opinar sobre aquilo que lhe pareceu um defeito: o de que o repórter da TV Globo tinha “a alma branca”, ou seja, vivia alheio às necessidades e lutas dos demais negros do país, como se da elite branca fosse.


Não concordo com a expressão usada por PHA. Mas não posso deixar de me posicionar nesse momento em que um jornalista militante contra o racismo é acusado, levianamente, de ser racista, apenas porque se viu na obrigação de fazer um acordo judicial ruim. Não houve crime, sequer insinuação, de racismo nessa pendenga. Porque se pode falar muita coisa sobre Paulo Henrique Amorim, menos, definitivamente, que ele é racista. Qualquer outra interpretação é falsa ou movida por ma fé e vingança pessoal de quem passou a ser obrigado, desde o surgimento do blog “Conversa Afiada”, a conviver com a crítica e os textos adoravelmente sacanas desse grande jornalista brasileiro.


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Portal Terra publica retratação por notícia inverídica sobre Paulo Henrique Amorim

http://www.blogcidadania.com.br/2012/02/paulo-henrique-amorim-nao-foi-condenado-por-racismo/

Pinheirinho: Indignado, Suplicy reage a intenção de senador de oposição - Assista vídeo



Suplicy e Aloysio Nunes duelam sobre Pinheirinho


O clima esquentou na Comissão de Direitos Humanos do Senado; petista criticou excessos da polícia na desocupação em São José dos Campos, enquanto tucano acusou PT de se valer da discussão apenas para desgastar o governo de São Paulo; debate eleitoral começa quente no Estado



VÍDEO










http://dilma13.blogspot.com/2012/02/pinheirinho-indignado-suplicy-reage.html

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

TV Globo dançou no Carnaval




Por Altamiro Borges


Apesar de toda a parafernália, a audiência da TV Globo despencou no Carnaval. Segundo o Ibope, a emissora registrou uma das piores quedas dos últimos anos.


Na primeira noite do desfile das escolas de samba no Rio de Janeiro, no domingo (19), ela perdeu 20% da audiência, na comparação com 2011. Na média, ela marcou 8,3 pontos no Ibope da Grande São Paulo.


A queda da audiência da emissora na transmissão do Carnaval vem se acentuando a cada ano.


Em 2011, ela registrou 10,4 ponto; em 2010, a média foi de 10,9; já em 2009, ela atingiu 12,5 pontos no Ibope.


A decadência tem várias causas.


A principal parece ser a do aumento da concorrência. O programa Domingo Espetacular, comandado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim na TV Record, marcou 15 pontos no Ibope das 21h às 23h32 do dia 19.


Outra explicação é a da perda de criatividade da TV Globo.


Todo ano é a mesma batida, numa mesmice que incomoda os telespectadores. Há também o fator internet, com milhões de pessoas fugindo da chatice da televisão. Lógico que nada disse deve incomodar muito o império global. Afinal, ele continua ganhando fortunas com a publicidade aberta e o merchandising enrustido nos desfiles. Mas um dia a casa pode cair!

Globo manipula até no Carnaval






Por Altamiro BorgesMuita gente achou estranha a baixa pontuação que a TV Globo deu para a escola de samba Gaviões da Fiel durante seu desfile no sambódromo de São Paulo. Para o blogueiro Eduardo Guimarães, a “enquete dos telespectadores”, que deixou a escola no sétimo lugar, foi manipulada e visou puni-la por sua homenagem ao ex-presidente Lula. Há quem desconfie desta avaliação.



O que dizer, então, da matéria da jornalista Keila Jimenez, do blog Outro Canal, hospedado na insuspeita Folha, sócia das Organizações Globo em outros empreendimentos da comunicação. Para ela, a emissora manipulou também o desfile do Rio de Janeiro:



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Globo foge do enredo sobre Olimpíada de Londres


Por Keila Jimenez


Pouca gente reparou, mas a Globo fez um grande esforço durante a transmissão do desfile da escola de samba carioca União da Ilha, na segunda-feira (20).



A agremiação, que levou a história da Inglaterra para a Sapucaí, caiu em um assunto ingrato para a emissora: a Olimpíada de Londres, este ano, que a líder de audiência não irá exibir. Os direitos da competição são exclusividade da Record.



Durante todo o desfile, repleto de referências da cultura inglesa e da próxima Olimpíada, Glenda Kozlowski e Luis Roberto, que comandaram a transmissão da Globo, se apoiaram no final do enredo, que encerrava a passagem da escola falando da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.



Diferentemente de Londres, os jogos do Rio serão transmitidos pela Globo. Diante da saia-justa, os narradores evitaram ao máximo falar da competição na Inglaterra, que será em julho.



Mesmo vendo foliões com bandeiras de “Londres 2012″, Glenda falava: “Olha aí os anfitriões de 2016!”.



Procurada, a Globo não comentou o assunto.



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Ainda existe muita gente que acredita na isenção e neutralidade da Rede Globo. Mas, por interesses políticos ou comerciais, a poderosa emissora não dá ponto sem nó.



Mesmo com a queda acentuada de audiência nas transmissões do Carnaval, o império da famiglia Marinho não muda a sua postura manipuladora.



O uso do cachimbo entortou a boca de vez.


Carnaval de 2012 em SP tem cara e cheiro de armação




Sempre digo que o primeiro passo de uma conspiração é tentar caracterizar como “teoria conspiratória” qualquer suspeita de que aquela conspiração existe. Se alguma coisa tem cara e cheiro de conspiração ela pode até não ser, mas descartar indícios de que é e se recusar a discuti-los é apenas outro indício de que a conspiração existe, pois quem não deve não teme.

Sob esse prisma, os eventos imediatamente anteriores e posteriores ao desfile de escolas de samba de São Paulo no último fim de semana sugerem uma baita conspiração que tem até motivo bem claro para ter existido.


Os ataques da Globo a uma escola de samba que ousou homenagear seu inimigo número 1 começaram no dia 21 de janeiro, quando a revista semanal Época publicou matéria que criticava a escolha do tema deste ano da Gaviões da Fiel.


Segundo a matéria, além de mestre-sala, porta-bandeira e baianas, a escola deveria levar “mensaleiros” para a avenida ao homenagear o ex-presidente Lula. Aliás, há denúncia de que o diretor de redação da revista, Hélio Gurovitz, teria interrompido as suas férias para alterar a reportagem da repórter Mariana Sanches, transformando seu trabalho em uma pesada diatribe contra a Gaviões e seu homenageado.


Em nota divulgada no dia seguinte, a escola de samba usou termos duros para se referir à matéria da edição de nº 714 da revista, cujo título foi “Cadê a Ala dos Mensaleiros?”. Usando frases como “má fé característica dos maus profissionais”, a Gaviões acusou a revista de “dar um tom tendencioso e de especulação” à matéria sobre seu enredo deste ano.


Estava comprada a briga com as Organizações Globo. Além de ousar homenagear aquele que o império dos Marinho trata como um criminoso – apesar de ser o político mais popular e mais respeitado da história brasileira sob qualquer critério –, a Gaviões ainda ousou responder aos insultos que sofreu.


Se para caracterizar uma conspiração se requer um motivo, ei-lo.


A partir daí, começam a se amontoar indícios de que a Globo pode ter usado a sua indiscutível influência e ascendência sobre os desfiles de Carnaval de São Paulo ou do Rio de Janeiro – que deriva de ser detentora dos direitos de veiculação desses desfiles – para punir a escola de samba insolente que ousou desafiá-la.


Não sei se todos sabem, mas o processo de escolha do júri que julga o desempenho das escolas de samba paulistas foi mudado em 2012. A partir deste ano, A Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo abriu concurso público para seleção de jurados, o que desencadeou suspeitas de várias escolas.


Mas não fica por aí. O vice-presidente da Vai-Vai, Renato Maluf, contou que a Liga das Escolas de Samba de São Paulo enviou um e-mail às agremiações na quinta-feira passada avisando que dois jurados (de samba-enredo e evolução) seriam mudados, o que gerou discussão acalorada entre os presidentes das escolas. Além disso, Maluf também falou sobre a suspeita de que a Mocidade Alegre entrou na avenida com menos de dois mil componentes (contrariando regulamento), mas isso não foi considerado na ata.


Então chegamos a mais um indício para lá de estranho. Assisti a todos os desfiles paulistas. Mesmo não sendo especialista, percebi que o ponto alto do desfile da Gaviões foi justamente a parte em que dezenas de integrantes fantasiados como Lulas operários despiram os macacões e passaram a desfilar de terno e gravata, caracterizados, agora, como presidentes da República.


A evolução da Gaviões não se deixou atrapalhar pela complicada troca de roupa dos “Lulas”. A escola cumpriu rigorosamente o tempo, evoluiu sem qualquer problema, mas recebeu uma nota baixíssima da jurada substituta, incumbida justamente de avaliar a… Evolução das escolas (!).

Segundo a Gaviões, a nota 8,9 que recebeu da jurada Mary Dana só seria possível se a escola estivesse “se arrastando” na avenida. E o que é mais intrigante: a jurada substituta deu à mesma Gaviões a nota mais baixa de todas, apesar de não haver qualquer explicação para tanto. O vídeo abaixo comprova isso.











Por fim, uma explicação sobre por que não é digerível uma sétima colocação para uma apresentação como a da Gaviões da Fiel, pois a escola foi agraciada, neste ano, com o prêmio “Troféu Nota 10” pelo melhor Enredo.


Esse prêmio foi criado pelo jornal Diário de S. Paulo para os grandes destaques dos desfiles das escolas de samba do carnaval paulista. O troféu é subdivido em várias categorias, que representam diversos setores de uma escola de samba. A escolha é feita por jurados escolhidos pelo jornal. O prêmio em tela está em sua décima edição.

Ou seja: no mínimo, a Gaviões não foi tão mal assim…

Aí chegamos ao ponto da baderna promovida por alguns torcedores de várias escolas, mas que acabou recaindo exclusivamente sobre a Gaviões justamente por ação do noticiário da mesma Globo que publicou, na sua revista Época, a tal diatribe contra a agremiação pela ousadia de homenagear seu maior desafeto.


Era tão óbvio que estava armado o cenário para acontecer aquele bafafá que este blog chegou a publicar, dias antes da conturbada apuração, post que avisava que as injunções políticas que a Globo havia fomentado contra a Gaviões poderiam gerar o que de fato acabou ocorrendo.

Abaixo, o profético parágrafo final do post Desfile de escolas de samba de SP pode sofrer interferência política, publicado no último sábado (19).
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A cada Carnaval, surgem acusações de que a Globo interfere no resultado das disputas de escolas de samba. A pontuação pífia da Gaviões que a emissora atribui ao público, é estranha. A escolha da vencedora em S. Paulo pode virar uma guerra, este ano.

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Era óbvio que os torcedores da Gaviões já chegariam ao Carnaval deste ano sob o clima que a Globo impôs através da sua revista. Era óbvio que qualquer estranheza que o processo de apuração gerasse desencadearia o que acabou sendo desencadeado.


Vale dizer que ninguém se incomodaria se a Gaviões não fosse a vencedora do desfile. O que se questiona é o péssimo desempenho que a escola teve entre os jurados e que contrastou fortemente com o seu exuberante desempenho na avenida.


Agora, para a Globo dizer que venceu, que acabou com o carnaval da ousada Gaviões, falta muito. Apesar de esse aparato midiático ter criminalizado a escola em sua programação, apesar de ter produzido mais uma associação entre Lula e a ilegalidade, penso que comprou briga com uma torcida imensa.


Será que a Globo venceu mesmo?



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Cadê o dinheiro da Fundação Roberto Marinho?




Reportagem de Marcelo Auler na página 28 da Carta Capital informa que “a Procuradoria da República investiga um convênio da Fundação Roberto Marinho com o Ministério do Turismo criticado pelo Tribunal de Contas e pela Controladoeia Geral da União”


A Reportagem mostra que a Globo fatura mais de 10 bilhões de reais por ano e recebeu a micharia de 17 milhões através da fundação.


O Objetivo era treinar 80 mil profissionais em curso de inglês on-line para a Copa do Mundo. Aparentemente foram formados 14 mil estudantes ao custo de 1.200,00 reais por estudante.


O Ministério suspendeu o pagamento da última parcela da desastrada operação.


Viva o Brasil!


Folha usa Corinthians para ofender Lula



Engraçado, por que Cerra e FHC não são tema de escola?



O amigo navegante deve ler o notável esforço de reportagem – clique aqui para ler “J Lo ensina a dar entrevista à Folha” – de uma briosa equipe da Folha (*) para constranger D. Marisa e desmerecer o Presidente Lula.


Tratava-se do desfile da escola paulista Gaviões da Fiel, cujo enredo homenageou o Nunca Dantes.


(Quem assistisse à Globo – e foram poucos, segundo o IBOPE – não perceberia que se tratava de uma louvação ao Nunca Dantes .)


O amigo navegante percebrá que a Folha usou o grande estadista Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, para atingir seu objetivo.


Tira as crianças da sala, porque, como se sabe, a Folha pública palavrões.


(Sobre o que Sanchez diz do destino de Ricardo Teixeira tem a relevância do que Silvio Santos disse à mesma Folha sobre seu papel na quebra do Panamericano: nenhuma !)


Eis a Folha na sua integra:

A METRALHADORA DO TIMÃO E O SILÊNCIO DE RITA


“Caaalma, gente! Caalma!”, pedia o ex-presidente do Corinthians, Andres Sanchez, à pequena multidão de jornalistas e seguranças que prensavam ele e a ex-primeira-dama Marisa Letícia contra o carro alegórico em que ela desfilaria na escola de samba Gaviões da Fiel, na madrugada de domingo.
“Dona Marisa! Dona Marisa! Dona Marisa!”, gritavam os jornalistas, sem fazer qualquer pergunta. Ela sobe no carro e, do alto, tenta prestar atenção nos berros. Até que alguém faz a primeira pergunta: “O Lula deu alguma recomendação à senhora?”. “Recomendação? Não, nenhuma.” Andres Sanchez atravessa: “Ele mandou ela cuidar de mim, e eu cuido dela. Que é, tão com inveja?”.
“Dona Marisa, a senhora está com o samba na ponta da língua?”, grita um repórter. “Na ponta da boca!”, “corrige” Andres. “Não tive tempo de decorar. Estou com o meu marido doente, né, gente? É muito trabalho”, diz ela. Outra pergunta: “Quem fez o cabelo e a maquiagem da senhora? O [cabeleireiro] Wanderley?”. “É, o Wanderley.”
“Se o Lula melhorar, ele vem para o Desfile das Campeãs, na sexta?” “Claro, claro. Estamos torcendo. Se estiver bom, ele vem.” “Não enche o saco, porra! Isso é pergunta?”, gritava o ex-presidente do Corinthians. “O Lula não teve vontade de desobedecer os médicos e vir para a avenida, dona Marisa?” Andres responde no lugar dela: “Porra, ele está cheio de problema!”.
Diante da vontade do corintiano de participar da entrevista, a coluna perguntou então a ele quando, e se, o cartola Ricardo Teixeira deixará a presidência da CBF. “Quando? Quando o sargento Garcia prender o Zorro”, afirmou.

Em tempo: liga o Vasco, navegante de longo curso, ao cruzar o Cabo de Santo Agostinho, a caminho de Carneiros: como o FHC se diz corintiano, a intrépida reporter submeteria D Ruth ao mesmo constrangimento ?


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

A Selvagem de Santarém e os estereótipos mal aproveitados

Manuel Dutra
Jornalismo, Ciência, Ambiente


São variadas as opiniões sobre a produção da Globo, A Selvagem de Santarém, muitas delas girando em torno dos eternos estereótipos através dos quais o Brasil e o mundo vêem a Amazônia. Os estereótipos, ou as visões pré-concebidas, existem desde que a humanidade existe. A questão é quando eles realçam as negatividades de um povo ou de uma nação, como se ali nada de positivo houvesse.


Os estereótipos são, digamos, administráveis quando tendem ao negativo. Ao que se saiba, os australianos não se queixam das brincadeiras que os dão como habitantes de uma terra de cangurus, por exemplo. Ao mesmo tempo, os amazônidas ainda se ressentem quando nos perguntam se há jacarés andando nas ruas das nossas cidades.


Os australianos desenvolveram o seu país e hoje sentem orgulho dos seus cangurus. Esse é o caminho: devemos, na Amazônia, chegar rapidamente ao dia em que responderemos: sim, temos jacarés nas calçadas das nossas cidades, eles não mordem, nós também já acabamos com o analfabetismo e a pobreza, temos podução de ciência, temos indústrias. Enfim, somos um povo civilizado que convive com os jacrés, com todas as etnias indígenas, com a floresta e os nossos rios limpos. Assim, o estereótipo negativo perde a alma, se torna familiar e até motivo de orgulho.


Quanto ao programa da Globo, parte de uma série intitulada As Brasileiras, temos que convir que foi uma produção muito pobre em que o autor do texto sequer soube explorar o estereótipos amazônicos. Uma peça sem pé nem cabeça, com cenas como aquela do cara que sai remando numa igara pelo igapó e, ato contínuo, já está todo bem vestido entrando num hotel de Santarém. Pareceu trabalho de alunos iniciantes de televisão dos cursos de jornalismo.


A Selvagem de Santarém foi pobre porque:

1) Não é jornalismo, porque não apresenta os elementos que constituem uma reportagem;

2) Não é documentário, porque bateu em cima do já-visto, não apresenta nada de novo nem busca explicações científicas;

3) Não é novela porque é só um programa parte de uma série. É o que? A que gênero pertence?


Na verdade, é um agrupamento de imagens e sons desconexos; realça a cor ambiente e descarcateriza a visão do índio (índia) e inventa coisas inexistentes na história dos índios amazônicos, como aquele bobagem do caldeirão esperando branco para cozinhar. Uma colagem grosseira das invenções de Indiana Jones. Uma pena, porque poderia ser uma bela apresentação, com o aproveitamento inteligente das imagens e dos sons amazônicos. Bem que os estereótipos poderiam estar melhor na telinha global. Da próxima vez, que sabe...


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Se você desejar aprofundar a reflexão, vai a seguir um breve trecho do meu livro "A natureza da mídia", tratando de índios e estereótipos:


A captura de fragmentos ideológicos do discurso colonial:


Os textos de televisão constroem a imagem do índio e de todos aqueles a quem chamam de povos da floresta como se eles fossem, em vez de sujeitos, objetos da natureza. As matrizes dessas formas de midiatização estão nas produções hollywoodianas que, primeiramente no cinema e depois da televisão, têm, talvez como seu melhor emblema, as cenas dos índios guerreiros galopando seus pôneis, indo à luta contra tropas dos Estados Unidos. Era preciso fazer guerra aos índios, entraves ao progresso, pois são gente para a qual não existe um antes nem existirá um depois: povos sem história, já que os índios hollywoodianos não têm nenhuma história que preceda à chegada dos euro-americanos, conforme se lê em Churchill (1998, p. 168).


Esses relatos cinematográficos e televisivos têm matrizes sabidamente bem recuadas na história da conquista do continente. Os relatos de cronistas e historiadores nem sempre verbalizam essa inexistência de história, porém há momentos em que isso é explícito, no Brasil do século XVII:

...O certo é que essa gente veio de outra parte, porém donde não se sabe, porque nem entre eles há escrituras, nem houve algum autor antigo que deles escrevesse. O que de presente vemos é que são todos de cor castanha e sem barba, e só se distinguem em serem uns mais bárbaros que outros (posto que todos o são assaz) (SALVADOR, [1627] 1965, p. 84).


Sem passado, iguais pela cor castanha e por não terem os homens barba, são bárbaros inclusive porque, nessa forma de relato, são eles que chegaram “de outra parte”, e não os europeus. Mais de 200 anos mais tarde, no processo da expansão colonialista interna dos Estados Unidos, somente era bom índio morto: “Os únicos índios bons que vi, estavam mortos”, disse o general Phil Sheridan, em 1869 (ap. CHURCHILL, idem, p. 178).


Eles inexistem igualmente no cinema, onde são mostrados como grupos sem cultura, sem que suas vidas sejam mostradas tais quais o são, o dia-a-dia de suas famílias é desfocado ou simplesmente omitido. Assim, criado esse vácuo – não têm história, nem cultura, nem vida presente – a cultura dos índios é, no cinema e na TV, construída pelo produtor de filmes e programas segundo suas próprias convicções, pré-concepções ou senso de conveniência (idem, p. 175). Ou seja, o índio que vemos nos filmes de viés hollywoodiano e também os povos da floresta a que assistimos nas emissões de TV, são criaturas midiáticas, laboratoriais, sem relação como o mundo real, concreto, no qual vivem.


Desde fins do século XIX e começos do século XX, nos momentos de afirmação do cinema como mídia autônoma, os primeiros filmes que se podem classificar como cinedocumentários já traziam a nítida marca da relação colonial. Os principais produtores desse período localizavam-se nos países que possuíam impérios coloniais, não surpreendendo, assim, que as primeiras produções refletissem atitudes próprias daquela forma de relação. As filmagens geralmente mostravam os nativos como seres encantadores, primorosos, às vezes misteriosos, pessoas leais e agradecidas pela proteção dos europeus (BARNOWN, 1996, p. 27).Os espectadores metropolitanos “se interessavam com certa benevolência pelos coloridos rituais nativos, pelos costumes, danças e procissões. Os figurantes eram estimulados a exibir estes fatos diante das câmeras”, e, como efeito de sentido, a maior parte deste tipo de filmes deixava nas platéias ocidentais uma sensação tranquilizadora a respeito do sistema colonial. Porém houve exceções (idem, p. 27).

Uma delas foi a exibição, em 1903, da película intitulada “Mujeres nativas abastecen de carbón un bugue y disputan por el dinero”[1], feito nas Indias Ocidentais por um cinegrafista inglês, despertando “sensações perturbadoras” nos espectadores que antes se enterneciam diante de cenas que apagavam a verdadeira face do colonialismo em terras distantes da metrópole. O filme “apresentava um quadro de degradação como poucos alcançaram na tela” (idem). Era o cinema, com sua mobilidade e sedução imagética denunciando práticas rotineiramente apagadas pelo discurso colonial.


Nos séculos precedentes, e mesmo em tempos mais recentes, alguns textos de suporte escritural também haviam, embora marginalmente, focalizado aqueles cujos discursos eram silenciados pela crônica metropolitana (LAS CASAS, 1991), (DANIEL, 1976), (AZEVEDO (1999). Dessa forma, a benevolência e a sensação tranquilizadora de leitores e espectadores de relatos provindos da distância colonial têm uma história de tensionamento, produto de autores que viram a realidade do mundo colonial e, a seu tempo e com as possibilidades que se lhes apresentavam, produziram textos nem sempre coincidentes naquilo que essencializa o discurso do colonialismo.


A essência dessa forma de relato se estabelece na dicotomia civilização/barbárie, que leva os europeus ao esforço para “cristianizar” um conjunto de nações, instituindo a relação eles/nós. Assim, donos da palavra, “é esta [a palavra] a única expressão possível de ordem. Qualquer outra expressão resultará bárbara, isto é, balbuciante, mal dita, mal expressada; e, por isso mesmo, fora do logos que lhe dá sentido" (ZEA, 1990, p. 16-17). No discurso colonial não há, pois, lugar para expressões balbuciantes, porque este discurso se constrói de certezas. Falar de um discurso colonial exige certos cuidados do ponto de vista teórico, já que a era de controle colonialista estrito terminou, ao menos enquanto se entende esse período como a era dos grandes impérios europeus de além-mar, entendida também a colonização como processo que envolve apropriação e controle territorial estrito de uma por outra entidade político-geográfica, combinados com a franca exploração de seus recursos e trabalho, e interferência sistemática na potencialidade da cultura apropriada, não necessariamente homogênea, para a implementação do poder do colonizador (McCLINTOCK, 1994, p. 295). A despeito, obviamente, dos efeitos e das implicações que restam como herança funesta desse processo.


As menções a um outro tipo de colonialismo, o interno, são também recorrentes, processo que ocorre quando a parte dominante de um país trata um grupo ou uma região como se tais entidades fossem colônias estrangeiras.No caso particular da Amazônia brasileira não será apropriado classificá-la como objeto de um processo formal de colonialismo interno, no entanto, como se verá na própria superfície dos discursos aqui analisados, os relatos hodiernos sobre essa parte do Brasil se estruturam a partir elementos que colocam a Amazônia como espaço que se destaca por suas possibilidades de resolução de problemas que lhe são externos. E é justamente essa a essência da ideologia colonialista. Mires (1990, p. 113) considera o Brasil como um dos Estados que cooptam o território amazônico como se essa região fosse um ente formalmente não participante da geografia e da política brasileiras:


La Amazonia es un territorio cooptado por el mercado mundial a través de los estados nacionales – principalmente el brasileño – controlados por grupos políticos y/o militares que constituyen la ‘vanguardia modernista’ del continente latinoamericano. A “colonização dos interiores”, diz Mires (idem) completa-se, nesse caso, com um “colonialismo externo” que tem, como um de seus objetivos, impor a lógica dos ganhos e da acumulação aos consumidores imediatos da natureza, isto é, àqueles a quem a mídia costuma chamar de povos da floresta. Não se trata mais de apropriação de território e exploração direta do trabalho, mas de imposição de uma lógica àqueles considerados como consumidores primários dos recursos naturais.


Estes – os índios e, hoje, os demais povos da floresta – sem que lhes fosse feita nenhuma consulta, passaram a ser “defensores da natureza”, uma aparente inversão discursiva das noções de estorvos à civilização, como foram os índios desenhados desde os primeiros momentos da conquista. Essa aparente transformação se explica: a campanha internacional pela defesa da Amazônia não teve origens puramente éticas, porém mais ecológicas. Afirma Mires (idem, p. 115) que “muitos ecólogos, em diferentes países, advertiram que, com a devastação da Amazônia, se estava destruindo o último pulmão do planeta, cujos efeitos ... poderiam ser catastróficos para outras regiões do mundo”. Foi, então, a partir dessa preocupação que ecólogos (e ecologistas) descobriram os índios aos quais delegaram, sem consultá-los, a responsabilidade de “defensores da natureza”.


O que só na aparência os transforma em sujeitos, no entanto pelas motivações desta delegação, continuam objeto de interesses externos. O exemplo do presidente da França recebendo o cacique Raoni no palácio do Eliseu é emblemático dessa postura, como veremos no prosseguimento deste trabalho. A noção de catástrofe presente nos discursos sobre a Amazônia configura o cerne daquele aspecto de indispensabilidade, ou seja, a região passa a ser objeto central para a sobrevivência do Planeta. A inclusão da noção biológica de pulmão, nessas formulações, dá a medida da catástrofe para um organismo sob risco de parar de respirar, portanto sujeito a morrer. Esse tipo de discurso hipócrita se confronta com a realidade, inclusive do ponto de vista legal,


segundo o qual uma “doutrina da descoberta e seu discurso de conquista” nega aos indígenas os direitos humanos fundamentais. Para povos nativos dos Estados Unidos, América Latina, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, o final de sua história de colonização começa com a recusa, a esses povos, de legitimidade e respeito perante as leis, mantidos pelo discurso racista de conquista. “A doutrina da descoberta e seu discurso de conquista asseguram ao poder legal ocidental a imposição de sua visão de verdade aos povos não-ocidentais por meio de uma legislação racista e de viés colonizador” (WILLIAMS, JR., 1992, p. 325).


Embora de modo aparentemente paradoxal, a negação histórica dos direitos dos índios está presente no texto da Constituição brasileira de 1988, quando seu Capítulo VIII afirma que “os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses...”. A questão que se coloca é o porquê da inclusão, no texto constitucional, de um direito que lhes foi recusado historicamente. Como nada está por acaso no discurso, será que aí nesse preceito legal não se acha embutida a exclusão de facto dos índios? Certamente continuam, como grupo, tão diferentes e não-ocidentais que o legislador sente a necessidade de afirmar algo que historicamente lhes é negado. Tentativa de, legalmente, restituir ao índio seu papel de sujeito, transformado em objeto pela empresa colonial, situação que perdura por longo tempo após o encerramento da colonização formal?


Ao mesmo tempo, essa inclusão dos índios no discurso legal, distintamente do período em que eles eram classificados por seus senhores como “peças”, objetos de mando e negócio, seria a sua transformação em sujeitos cidadãos. Uma transformação que é produto e produtora de um discurso próprio dos índios, mesmo que ainda incipiente, mas indício do fim da primazia do discurso do branco sobre o índio. É, seguramente, essa capacidade renascente de discursivizar as suas existências e assim inserir-se, afinal, na história séculos após a sua negação, que lhes dá presença no texto maior das leis brasileiras. Não é concessão, mas conquista de direitos tão longamente pisados.