segunda-feira, 1 de junho de 2009

Crise acaba por fortalecer a imagem de Lula.



Na pesquisa que o instituto Datafolha publicou, na edição deste domingo do diário paulistano Folha de S. Paulo, o índice de aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é classificado como ótimo/bom para 69% dos entrevistados. Mesmo com os efeitos aparentes no país da crise econômica mundial, a avaliação positiva do presidente Lula voltou ao patamar de novembro passado, quando a taxa de aprovação do governo bateu 70%, em franca recuperação desde março, no pico do declínio causado pela recessão na maioria dos países do mundo, quando o índice atingiu 65%.

Na entrevista à Folha, o diretor geral do instituto, Mauro Paulino, atribuiu os últimos declínios à crise, mas a recuperação da nota média de 7,6, atingida em novembro do ano passado, a maior desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2003 deve-se ao fato de a população estar "mais confiante quanto ao desempenho do governo frente à crise, o governo recuperou o nível de aprovação", afirmou o executivo.

No vácuo

Embalado pelos excelentes níveis de popularidade no país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou, neste domingo, uma viagem de quatro dias pela América Central, na expectativa de conquistar mais espaço em uma região que vem sendo deixada de lado pelos norte-americanos. Tradicional área de influência dos Estados Unidos e do México, a América Central saiu do radar de prioridades dos dois países - o que, segundo o Itamaraty, abre novas possibilidades para a diplomacia brasileira.

– Sem dúvida esse será o tom da mensagem do presidente Lula nessas visitas – diz um diplomata brasileiro.

Durante o mandato do presidente George W. Bush, a América Central recebeu menos atenção dos americanos. O distanciamento aumentou com a crise financeira, que fez minguar os investimentos e as remessas para a região. Historicamente bastante ligado aos países da América Central, o México também vem se distanciando nos últimos anos.

– A prioridade dos mexicanos passou a ser os países mais desenvolvidos. Além disso, o governo tem grandes problemas internos para resolver, como a violência – diz o diretor da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Autônoma de Guadalajara, Ricardo Flores Cantú.

Hugo Chávez

O vácuo deixado pela diplomacia norte-americana e mexicana, nos últimos anos, tem sido preenchido por outro líder na região: O presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O caso mais simbólico é o de Honduras. Tradicional aliado dos Estados Unidos, o país passou por uma inversão política e é, hoje, um dos principais seguidores da política chavista. O diplomata do Itamaraty diz, no entanto, que o avanço de Chávez na região não é "fluido" e que, por isso, não preocupa.

– Muitos desses países veem no Brasil e não na Venezuela uma possibilidade de contraponto – disse o diplomata.

Segundo ele, muitos líderes da região "se espelham" na figura do presidente Lula, com quem criaram uma "forte relação". Ele cita o exemplo da Guatemala, cujo governo vem adotando políticas públicas "inspiradas" na experiência brasileira, como o "Mi Familia Progeso", espécie de Bolsa Família local.

Agenda

A agenda oficial começa nesta segunda-feira, em El Salvador. De lá o presidente parte para a Guatemala e, em seguida, para a Costa Rica. O presidente Lula quer aproveitar a visita para avançar nas conversas sobre um acordo entre o Mercosul e o Sistema de Integração Centro-Americana (Sica), grupo que inclui diversos países da região.

Além disso, há uma série propostas sobre a mesa que poderão resultar em financiamentos brasileiros à América Central. Apesar da proximidade e do desejo brasileiro por maior integração regional, o BNDES não tem linhas de crédito a nenhum país da região.

– Há muitos pedidos de crédito em andamento, mas nada foi efetivamente fechado até hoje – diz o diplomata.

Entre as propostas em fase avançada está uma linha de crédito ao governo da Guatemala para a compra de aviões da Embraer, no valor de US$ 99 milhões. O governo da Guatemala estuda ainda um crédito junto ao BNDES para a compra de 3 mil ônibus fabricados no Brasil. Em El Salvador, Lula participa da posse do presidente eleito, Mauricio Funes - um jornalista de centro-esquerda, casado com a representante do Partido dos Trabalhadores (PT) na América Central, Vanda Pignato.

Terceiro mandato

Em outra recente pesquisa do Datafolha, semana passada, revela que uma emenda constitucional para permitir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concorresse a um terceiro mandato receberia hoje o apoio de 47% dos brasileiros e seria reprovada por 49% (disponível para assinantes do jornal e do UOL).

Em novembro de 2007, a mesma proposta era rejeitada por 63% dos entrevistados e tinha o apoio de apenas 34%. A pesquisa mostra ainda que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), possível candidata do PT à Presidência, reduziu em oito pontos a distância de José Serra (PSDB). No principal cenário, ela subiu cinco pontos e foi a 16%; o governador de SP perdeu três pontos e ficou com 38%.
Do site do Jornal do Correio do Brasil:
http://www.correiodobrasil.com.br/noticia.asp?c=153283

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