segunda-feira, 23 de março de 2009

Pra segurar assinante, "Folha" oferece três meses de jornal de graça: ditabranda dói no bolso!

Adiei por algumas semanas o momento de tomar essa decisão: cancelar a assinatura da "Folha". Tentava justificar pra mim mesmo: sou jornalista, preciso saber o que diz a "Folha". Na verdade, era uma desculpa.
Há pelo menos 4 anos, eu já vinha ensaiando o rompimento!
Em 2005 e 2006, durante a cobertura do "mensalão" e da eleição presidencial, havia ficado ressabiado com o jornal. Em 2007, veio a cobertura canhestra do acidente da TAM, quando a "Folha" botou chamada de primeira página pra um artigo absurdo de um tal Daudt, acusando o governo federal de ter matado quase 200 pessoas. Na época, fui convencido por um amigo (que trabalha na "Folha") sobre o caráter dúbio do jornal: "comete esses absurdos, é vberdade; mas ainda mantém colunistas como Janio de Freitas, gente crítica, aposta em boas reportagens; dê um voto de confiança."
Ok, adiei a decisão. Mas, a "ditabranda" foi demais pra mim.
Liguei pro seviço de atendimento ao assinante semana passada. A moça lá parece ter sido treinada para atender leitores chateados com o epsiódio. "É, foi desagradável, mas a "Foilha" admitiu o erro, senhor", ela me disse. E eu: "admitiu, mas seguiu ofendendo os professores que escreveram para protestar, chamando os dois de democratas de fachada".
Ela se engasgou. Fiquei com pena, fraquejei. A moça deve ter farejado que tinha uma chance, e mandou a oferta: "vamos combinar o seguinte, o senhor segue recebendo o jornal - de graça - por três meses; e nos dá mais uma chance, faz uma reavaliação".
Vejam a que ponto a família Frias se curva. Otavinho ficou ofendido quando o jurista Fabío Comparato disse que ele devia ajoelhar e pedir desculpas pelo editorial em que chamou ditadura de "diatabranda". Mas, pra segurar o dinheirinho em caixa, aí ele se ajoelha de bom grado.
Pedi que a moça me envie a oferta por escrito. Quero tudo documentado!
Precedida de intensa mobilização de internautas, e de um abaixo-assinado eletrônico contra o jornal, a manifestação em frente à "Folha de S. Paulo", contra o uso do termo "ditabranda", ocorreu em 7 de março de 2009. No dia seguinte, o Diretor da "Folha" reconheceu - em nota oficial publicada no jornal - que chamar a ditadura de "ditabranda" tinha sido "um erro".
Otavinho provou o poder da guerrilha na rede. Acostumado às estruturas hierarquizadas das velhas redações, achou que podia insultar a memória dos brasileiros e a honra de dois professores, sem provocar qualquer reação.
Arrogância ou ignorância?
Do site do Rodrigo Viana: http://www.rodrigovianna.com.br/

Nenhum comentário: