quinta-feira, 5 de março de 2009

Vitória da blogosfera.

E um Agregador
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Quero lembrar uma verdade inescapável: colocar gente na rua sem ser por meio de movimentos sociais ou de sindicatos hoje, no Brasil, não é fácil. E isso acontece justamente porque o país perdeu boa parte de sua memória sobre por que a sociedade deve se engajar, fundar ONGs, participar de atos públicos, cobrar governantes, fiscalizar a imprensa – atualmente, talvez até mais do que o governo –, enfim, exercer a cidadania.

Supondo-se que você consiga achar um jeito de instigar as pessoas a tomarem posições verdadeiras – e isso na era da internet, que permite protestar confortavelmente sentado diante de maravilhas tecnológicas que nos dão a impressão de existência de um mundo virtual –, depois de tal feito será preciso enfrentar pressões.

Estamos falando de política, pessoal. Não se trata de disputa de times de futebol, mas pelo poder do Estado. E isso num país onde o controle do Estado permitiu a pequenos grupos de interesse enriquecerem desavergonhadamente durante 500 anos.

A ditadura militar brasileira foi um período de trevas no qual a renda se concentrou, a escola pública começou a ser o que é hoje, a saúde se degradou ainda mais, a favelização abraçou as urbes de uma maneira sufocante, o êxodo rural se acentuou devido ao exponencial crescimento do latifúndio daquele período – que, aliás, foi um dos motivos que levou ao golpe militar.

Todos esses interesses se concentram de uma maneira avassaladora. Não é para qualquer um enfrentar as pressões que se levantam quando a elite fomentadora da ditadura brasileira se sente ameaçada por este ou por aquele.

Vocês notem que a mídia só se mobiliza para atacar quem a incomoda. Enquanto estamos enviando e-mails malcriados ou publicando posts em blogs, a tática é não te dar visibilidade, ignorando-te. Quando você sai do virtual ou nele adquire visibilidade, daí é que te atacam.

O que é preciso fazer, então, é entender que, se você se encolher, se todos se encolherem por medo, daí é que este país volta de uma vez para as mãos desse exíguo grupo social rico, influente e disposto a defender seus privilégios a qualquer custo.

Sei que haverá aqueles que se sentem exatamente como eu sobre essas questões de interesse público. E não me importa quantos serão. Se forem um ou mil, para mim seremos muitos, seremos todos aqueles que delegaram a outros o que também era sua missão.

É lógico que jogos só terminam no último minuto, e o jogo do poder não é diferente. Não dá, portanto, para cantar vitória antes do tempo, a menos que ela já tenha ocorrido. E a boa notícia é a de que alguém já venceu.

O nome desse vitorioso é... blogosfera. Nos últimos dias, provamos que ela pode se transformar num instrumento poderosíssimo de mobilização da sociedade, se soubermos usá-la. E em processos políticos como esse, com todas as suas “conseqüências” para os que os desencadeiam, saber usar o que se tem na mão, não é fácil.

Mas penso que temos sabido lidar com isso. Aliás, nasceu hoje (quarta-feira) uma iniciativa que me encheu de ânimo.

O Emerson Luis, do blog Nas Retinas, teve uma idéia fantástica. Ele tem colaborado muito com a organização do ato do dia 7. Agora, bolou uma matriz para congregar todos os blogs que já divulgaram a manifestação do próximo sábado.

Emerson desenvolveu uma página em que todos os blogs que publicarem alguma coisa sobre a manifestação do próximo sábado serão linkados automaticamente nela.

Clicando na imagem acima, você terá acesso a uma página a partir da qual poderá se informar amplamente sobre a manifestação diante da Folha. Imagens serão geradas, informações serão repassadas a uma rede de blogs que deverá ter um alcance bem acima do que já ocorreu em outros atos públicos dos quais participei.

Acredito, pois, que a manifestação do próximo sábado é o ponto de partida para uma nova etapa da comunicação no Brasil. Já se vê, no fim do túnel, a decadência inexorável do monopólio hegemônico da comunicação neste país. Antes tarde do que nunca.

Hoje, eles gritam, mas sábado será a nossa vez.

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