quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A PF do governo Lula elucida a quebra de sigilo e a Folha ainda quer colocar a culpa em Dilma.


A Folha de José Serra (Jornal Folha de São Paulo), traz uma manchete simplesmente absurda. Diz que "PF liga quebra de sigilo à pré-campanha de Dilma". A fonte da notícia parece ser a advogada de Eduardo Jorge Caldas Pereira, com acesso aos depoimentos do inquérito.
O próprio texto desmente o título e, pelo contrário, reforça a ideia de que a quebra de sigilo tem a ver com a disputa tucana no final do ano passado (época da quebra de sigilo), já que a reportagem confirma que foi feita através do jornal "O Estado de Minas", ligado a tucanos mineiros.
Considerando que os fatos (não a interpretação que a Folha faz deles) sejam verdadeiros:
1) Segundo a Folha, a PF atribui ao jornalista Amaury Ribeiro Jr. a encomenda, para um despachante, das quebras de sigilos fiscais nas agências da Receita Federal em Mauá (SP) no ano passado;
2) O despachante é Dirceu Rodrigues Garcia, e apareceram telefonemas dele com o jornalista nos dias em que o sigilo foi violado. Segundo a PF, Amaury ia a São Paulo buscar os documentos, em viagens pagas pelo jornal "O Estado de Minas".
Ora, então fica cristalino que ele estava fazendo ou reportagem para o jornal, ou se agiu politicamente, estava a serviço do grupo político ligado ao PSDB mineiro, influente no jornal.
3) Após a quebra do sigilo telefônico, o despachante Garcia depôs na PF dizendo que Amaury pagou R$ 12 mil pelos dados da filha e do genro de Serra, Verônica e Alexandre Bourgeois, do dirigente tucano Eduardo Jorge Caldas Pereira e de outros integrantes do PSDB.
4) Garcia fazia contato com o office-boy de São Paulo Ademir Cabral. Este acionava um outro despachante, Antonio Carlos Atella, que conseguia as cópias das declarações por meio da solicitação falsificada de cópia de documentos da Receita. Outro caminho de conseguir as declarações na receita era através do despachante Fernando Araújo Lopes, que pagava Adeildda dos Santos, funcionária lotada na agência da Receita em Mauá (SP), que acessou os dados.
A Folha narra estes fatos acima que, se forem verdadeiros, apenas comprova que a quebra de sigilo fiscal nada teve a ver com a pré-campanha de Dilma, e sim com o jornal "O Estado de Minas". Tirar conclusões além disso foi especulação da Folha. Só Amaury e o "O Estado de Minas" podem explicar o que houve por trás disso.
Além disso, é absurdo querer especular vínculos desta quebra com a pré-campanha de Dilma, porque o governo tem o controle da Receita Federal em Brasília. Se fosse fazer uma bandalheira destas, faria dentro da cúpula da Receita sem envolver terceiros. Seria dar muita volta à toa e correr riscos demais desnecessários, fazendo esse caminho todo através de São Paulo, envolvendo tantos despachantes e funcionários, para servirem de testemunhas.
Por fim foi o próprio PT quem pediu a abertura de inquérito da Polícia Federal, e é a Polícia Federal quem está desvendando os envolvidos, com independência para investigar tudo, sem abafar nada.
É preciso lembrar também que quem descobriu que os sigilos fiscais da filha de José Serra foram vazados foi a própria Receita, em auditoria. Até então só se falava de quebra de sigilo de Eduardo Jorge.
A Folha força a barra quando deseja vincular a quebra de sigilo à campanha de Dilma, por contatos de Amaury Ribeiro Junior com Luiz Lanzetta, meses depois, em abril deste ano.
Lanzetta não é petista. É jornalista, empresário, já trabalhou em campanhas tucanas, e sua empresa fornecia os contratos dos jornalistas para a campanha de Dilma que fazem a assessoria de imprensa dela até hoje.
Lanzetta, como jornalista e empresário, nunca negou que manteve contatos com Amaury, mas todos negam que Amaury chegou a trabalhar para a campanha de Dilma. A imprensa apelidou estes contatos de "grupo de inteligência" que estaria fazendo "dossiê". Tal "grupo de inteligência" parece jamais ter se constituído. E o que chamam de "dossiê" seriam arquivos de seu computador pessoal, para um livro que ele irá lançar sobre a privataria. Amaury acusa de terem sido roubados e foram parar na revista Veja (que não publicou o conteúdo), num episódio mal explicado até hoje.
Dilma deu declarações públicas desautorizando qualquer baixaria, dossiês e coisas do gênero, partindo de sua campanha.
Lanzetta, ao tornar-se alvo da imprensa, se demitiu da campanha.
Os fatos são estes. Foi a Receita Federal e a Polícia Federal que estão elucidando o caso. E os órgão foram acionados pelo próprio PT e pelo Governo Lula.
E a Folha ainda quer colocar a culpa em Dilma.


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