segunda-feira, 21 de maio de 2012

Cutrale é processada. Cadê a mídia?






Por Altamiro Borges


Na semana passada, o Ministério Público do Trabalho (MPT) protocolou na Justiça de Araraquara, no interior de São Paulo, uma ação contra a empresa Cutrale - uma das maiores produtoras de suco de laranja do mundo - por cometer vários abusos contra os seus funcionários, desrespeitando a legislação trabalhista. Entre outros crimes, a empresa efetua descontos salariais abusivos e não garante estabilidade às gestantes.

A Procuradoria do Trabalho solicitou da Cutrale o pagamento de R$ 1 milhão por danos morais coletivos. A ação teve início a partir da demissão de uma trabalhadora durante a gravidez. A Justiça do Trabalho enviou uma sentença ao MPT sobre o caso. Na decisão, o juiz considerou que houve discriminação da funcionária gestante, condenando a empresa ao pagamento de indenização por dano moral.

Mídia protege a empresa

Esta não é a primeira vez que a poderosa empresa é condenada na Justiça. Ela é conhecida por desrespeitar a legislação trabalhista, por cometer inúmeros crimes ambientais e por estrangular financeiramente os pequenos produtores de laranja. Além disso, a empresa já foi denunciada por invadir terras devolutas do Estado. Apesar deste histórico tenebroso, a mídia comercial evita dar destaque para os seus crimes. Afinal, a Cutrale gasta fortunas com publicidade nos jornalões, revistonas e emissoras de rádio e televisão.

Bem diferente é a atitude da mídia venal quando os trabalhadores lutam contra os abusos desta empresa. A recente decisão do MPT de processar a Cutrale não foi destaque em nenhuma TV. Já quando os sem-terra ocuparam uma terra grilada pela empresa no interior de São Paulo, o assunto foi manchete nos jornalões e a cena dos tratores destruindo alguns pés de laranja foi repetida dezenas de vezes pelas emissoras, principalmente pela TV Globo. Só mesmo os laranjas acreditam em neutralidade da mídia!
 

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