“O ‘mensalão’ merece um julgamento severo e técnico. Mas a interferência da mídia no processo ultrapassa o limite de bom senso”.
Saiu no Blog do Nassif:
Depois da operação Gilmar, a Operação Toffoli pelo Globo
Primeiro, a operação que emprenhou Gilmar Mendes pelo ouvido – levando-o à explosão inconsequente e à antecipação do julgamento do “mensalão”. Agora, a Operação Toffolli, visando constranger o Procurador Geral e provocar o impedimento de Tofolli para o julgamento. Em ambos os casos, O Globo.
O “mensalão” merece um julgamento severo e técnico. Mas a interferência da mídia no processo ultrapassa qualquer limite de bom senso. Comporta-se como o poder maior da República, de fato.
A lista em questão é aberta a todos os procuradores e contem todos os tipos de emails e comentários. Alguns deles referem-se diretamente à coluna Radar, da Veja, como veículo de estratégia midiática de Carlinhos Cachoeira, por exemplo. Em outras áreas, espaço para bate papos. Ao todo, mais de 200 emails por dia.
O que o jornal faz é selecionar parte dos comentários – que representa pensamento de ALGUNS procuradores -, e apresentar como se fosse a opinião DOS procuradores. Muito embora haja um sentimento contrário à presença de Toffoli, é evidente uma enorme forçada de barra.
Há motivos para questionar a presença de Tofoli, como motivos mais que evidentes para questionar a isenção de Gilmar Mendes. Mas o viés do noticiário mostra uma compulsão de interferir no julgamento que atropela normas básicas de direito.
O Globo
Mensalão: procuradores querem Toffoli fora do julgamento
Grupo mandou a Gurgel motivos que tornariam ministro impedido de julgar caso
Júnia Gama
BRASÍLIA – Procuradores da República estão pressionando o procurador-geral, Roberto Gurgel, para que peça o impedimento do ministro José Antônio Dias Toffoli no julgamento do mensalão. O grupo já preparou uma sustentação teórica defendendo que Toffoli deve ser declarado impedido e manda recados para que Gurgel interceda. Os procuradores manifestam incômodo com a atitude do procurador-geral no caso, porque avaliam que ele deveria ter atuado nesse sentido, já que a permanência de Toffoli, na avaliação deles, pode prejudicar o julgamento.
O GLOBO teve acesso a e-mails trocados pelos procuradores em um sistema de rede interna do Ministério Público. Nas mensagens, procuradores enumeram fatos jurídicos para sustentar o impedimento de Toffoli.
Para uma procuradora ouvida pelo GLOBO, apesar do que já saiu na imprensa, Toffoli parece não se constranger. Essa integrante do MPF diz que Gurgel tem ciência dessa discussão entre os colegas, porque participa da rede de e-mails que discute os mais variados assuntos.
— Esperamos que ele atenda o nosso pedido de provocar a suspeição do ministro neste julgamento — disse a procuradora da República, que pediu para não ser identificada.
Entre os pontos destacados pelos procuradores está a atuação de Toffoli como advogado do PT à época em que ocorreram os primeiros fatos denunciados — os empréstimos feitos por Marcos Valério para saldar dívidas do PT. Depois de ser advogado do partido, Toffoli foi subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, em uma sala contígua à do então ministro José Dirceu, hoje réu no processo.
O terceiro fator de suspeição seria a atuação da namorada do ministro, a advogada Roberta Rangel, na defesa de réus do processo do mensalão. Os procuradores apontam “vastas provas da ligação visceral de Toffoli com José Dirceu e outros réus também integrantes da cúpula”.
“De todos os ministros indicados por Lula para o Supremo, Toffoli é o que tem mais proximidade política e ideológica com o presidente e o partido. Sua carreira confunde-se com a trajetória de militante petista. Essa simbiose é, ao fundo e ao cabo, a única justificativa para encaminhá-lo ao Supremo”, diz uma das mensagens.
— É preciso uma decisão rápida sobre a participação do ministro Dias Toffoli no julgamento do mensalão, para que sejam afastadas as sombras de especulações de se tratar de um julgamento político. Em prol da boa técnica de um julgamento isento, esse é um tema sobre o qual o Supremo Tribunal Federal precisa ostensivamente decidir — afirma o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho.
Toffoli tem dito que não decidirá agora se vai ou não se declarar impedido. Gurgel não comentou as cobranças dos colegas.
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