sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O escândalo da merenda.


Surgiu um escândalo com potencial para agitar a política nacional no ano que vem. E, por razões que logo ficarão claras, surgiu na imprensa ligada ao governo paulista.

Houve anúncio repentino de reviravolta numa investigação do Ministério Público Estadual que, até aqui, vinha sendo mantida em sigilo por essa imprensa, tendo repercussão apenas na blogosfera e na tevê Record.

Em 5 de fevereiro deste ano, aquela emissora divulgou no Jornal da Record matéria dando conta de ameaça alimentar contra os estudantes do ensino fundamental nas escolas da prefeitura paulista. Segundo aquela notícia, as investigações e as denúncias de país, professores e alunos restringiam-se àquele momento, às duas últimas administrações (Kassab e Serra).

Se você não puder assistir ao vídeo acima (contendo a denúncia do Jornal da Record) será uma pena, mas pode ter algumas informações sobre o caso clicando aqui.

Mas, nesta quarta-feira, na Folha de São Paulo, o assunto tomou outros rumos. Segundo a reportagem, a prefeita Marta Suplicy foi citada na ação do MPE. O esquema de propinas pagas por empresas fornecedoras da merenda de baixa qualidade para as crianças da rede pública paulistana teria começado na gestão da ex-prefeita.

Apesar de fazer denúncias que condenam as gestões de José Serra e de Marta Suplicy (o inquérito cita dois ex-prefeitos que lidaram com a merenda escolar privatizada e só há dois nessa condição – Marta e Serra), o MPE não cita o ex-prefeito tucano.

Some-se a isso que não se sabe de uma só acusação de baixa qualidade da merenda durante a gestão Marta, enquanto que, contra a gestão Kassab, há até reportagem da Record mostrando a baixa qualidade do que estava sendo servido às crianças (assista ao vídeo acima). Além disso, jamais o MPE questionou a merenda durante a gestão Marta, mas questionou várias vezes – antes de abrir a ação – durante a gestão Kassab.

A ação em pauta terá seguimento na Justiça – ao menos é o que aparenta. Parece lógico prever manobras no altamente politizado MP paulista, que jamais incomodou governos tucanos e que é um dos paradigmas da dominação do PSDB sobre as instituições de São Paulo.

Contudo, se o MPE insistir na ação, os fatos falarão por si, pois a situação em São Paulo é escandalosa. Se uma CPI for aberta – a base de Kassab tem bloqueado CPIs sobre o assunto na Câmara Municipal –, o prejuízo ao prefeito não será só para ele, mas, sobretudo, para Serra, que estará em plena campanha presidencial.

Mesmo que Marta fosse envolvida – e acho que a inclusão dela na ação foi apenas uma forma de tornar “palatável” a aceitação da denúncia –, ela não será candidata a nada mais do que deputada federal no ano que vem, se chegar a se candidatar a alguma coisa.

Claro que a mídia tentaria ligar Marta a Dilma e a Lula, mas, em compensação, Serra seria um dos próprios investigados. E, contra ele, há bastante o que investigar, segundo diz a própria denúncia do MP tucano. Deve haver mesmo, portanto.


Do blog do Eduardo Guimarães:http://edu.guim.blog.uol.com.br/

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