quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Datafolha pode estar “segurando” Haddad na “margem de erro”

 
 
Engana-se quem pensa que a investigação da Polícia Federal aberta em 2010 por determinação da Procuradoria Geral Eleitoral – e sob demanda da ONG Movimento dos Sem Mídia (MSM) – a fim de investigar possíveis fraudes em pesquisas eleitorais de Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi foi suficiente para pôr fim a manipulações.
Para quem não sabe do que se trata, explico: em 23 de abril de 2010, a ONG supracitada protocolou na Procuradoria Geral Eleitoral, em Brasília, representação contra os institutos de pesquisa em tela porque o Datafolha divergia dos outros institutos, que apontavam empate entre Dilma Rousseff e José Serra, e dava a este até 12 pontos percentuais de vantagem.
O Ibope também não retratava, ainda, o empate entre Dilma e Serra. Contudo, a diferença que dava a favor do tucano era muito menor, quase na margem de erro, retratando tendência que viria a se confirmar meses depois.
Dois anos atrás, quando surgiram divergências entre o Datafolha e outros institutos, a Folha de São Paulo passou a ataca-los dizendo que estariam “manipulando” os questionários de pesquisa de forma a favorecer Dilma. Por outro lado, a blogosfera dizia que o Datafolha era quem manipulava.
 
Diante disso, por iniciativa deste blogueiro – que preside a ONG Movimento dos Sem Mídia – foi protocolada uma representação à Procuradoria Geral Eleitoral pedindo que os quatro institutos fossem investigados, pois se acusavam mutuamente de fraude e, como se sabe, fraude em pesquisa eleitoral é crime e dá até cadeia.
Em 11 de maio de 2010, exatos 18 dias após a ONG MSM protocolar a representação, a Vice-Procuradora Geral Eleitoral do Ministério Publico Eleitoral Federal, Dra. Sandra Cureau, acolheu a representação.
A Procuradoria também determinou, em despacho, que fossem extraídas cópias da Representação Eleitoral do MSM e da lista de adesões dos cidadãos que a apoiaram, pois 1.954 leitores deste blog colocaram comentários no post que reproduziu aquela Representação “assinando-a” virtualmente.
A PGE, então, acolheu a representação e remeteu os documentos à Superintendência da Polícia Federal em Brasília, determinando abertura de Inquérito Policial a fim de “Apurar suposta prática de Crime Eleitoral de Realização e Divulgação de Pesquisa Eleitoral Fraudulenta”.
O processo junto à Procuradoria Geral Eleitoral – DF recebeu o número 4559.2010-33
A notícia, bombástica, chegou a ser veiculada em grandes portais como o IG, mas foi sumariamente escondida pela grande imprensa, sobretudo pela Folha de São Paulo, dona do Datafolha.
Abaixo, a matéria do IG (clique na imagem para ir à página original)

 
Exatos 11 dias depois de a representação ter sido acolhida pela Procuradoria (em 22 de maio de 2010) e de esta ter determinado abertura de inquérito na PF, sai a primeira pesquisa Datafolha feita após a denúncia do MSM. Abaixo, o resultado.
 
Os fatos confirmaram quem dizia a verdade, se o Datafolha ou os outros institutos. O Datafolha, claramente, estava “segurando” a disparada de Dilma que culminaria com sua vitória sobre o mesmo candidato que, como em 2010, na eleição deste ano também está se desidratando rapidamente com o início da campanha eleitoral.
Nesta quarta-feira, a Folha de São Paulo divulga uma pesquisa que aponta um cenário menos divergente do que outras sondagens vêm mostrando e, sobretudo, das pesquisas “tracking”, que monitoram para as campanhas dos candidatos, diariamente, as intenções de voto deles na corrida eleitoral.
Na nova sondagem do Datafolha, Russomanno aparece na liderança isolada da disputa, com 35% das intenções de voto. O tucano José Serra continua em trajetória de queda, que começou no fim de junho, cai mais um ponto e agora tem 21%. Fernando Haddad sobe mais dois pontos e está com 16%.
Todavia, em outras sondagens Haddad subiu mais e já ultrapassou Serra numericamente. Nos trackings do PSDB e do PT Haddad aparece com 18% contra 16% de Serra e Russomano ainda tem 31%.
Claro que a pesquisa aprofundada de um grande instituto é mais confiável que o tracking, mas este vem detectando uma tendência forte e antecipando os resultados desses grandes institutos.
Apesar de os números do Datafolha serem bons para Haddad, a metodologia que este blog usou para detectar a aparente fraude em 2010 – que ainda está sendo investigada pela PF, ao menos oficialmente – insinua que esse instituto pode estar, mais uma vez, manipulando os números, agora se valendo da maior “margem de erro”, que é de 3% – em 2010, era de 2%.
A utilidade de o Datafolha “segurar” Haddad dentro da “margem de erro” é a de impedir que se crie em relação a ele o clima de “já ganhou” que se criou em torno de Russomano, mas que já amainou por conta do crescimento do candidato do PT.
Por ser prematuro falar em nova representação à Justiça Eleitoral ou em juntada de nova denúncia à investigação da PF oriunda de 2010, este blog recomenda ao PT – o único partido que pode estar sendo prejudicado, pois interessa à mídia tucana que, se Serra não ganhar, que ganhe Russomano – que encomende pesquisas a outros institutos urgentemente.
As pesquisas, neste momento da campanha eleitoral, influem fortemente na tendência do eleitorado. Sobretudo na percepção sobre quem vai ganhar. “Segurar” Haddad pode impedir ou retardar percepção do eleitor que o favoreça. E como falta só um mês para o primeiro turno, tempo vale ouro para os candidatos.
 

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