
Em uníssono, Folha, Estado e Globo voltam a prever apagões e disseminam a
informação de que o Brasil opera no limite; no passado recente, houve
alarmes falsos; desta vez, colunistas, como Merval Pereira, destacam até
que "os deuses estão do lado de Eduardo Campos", ao comentar que a luz
acabou enquanto o socialista criticava o governo; será que desta vez a
análise será novamente contaminada pela política?
247 – Nesta quarta-feira 5, os principais jornais do
País, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo, dedicam suas
manchetes à falha de energia ocorrida ontem em várias cidades do País.
Com tom pessimista, a mídia retoma as previsões de apagão e dissemina a
informação de que o Brasil opera no limite de sua capacidade de energia.
Num passado recente, colunistas da grande imprensa previram um apagão
na virada de 2012 para 2013, o que não aconteceu. Depois, mesmo
desmentida pelas termelétricas e pelas chuvas, a mídia anteviu, há um
ano, que haveria corte de energia também em 2014. A mesma torcida parece
agora ter voltado.
Colunistas como Merval Pereira, do Globo, ressaltam até que "os
deuses estão do lado do [pré-candidato à presidência] Eduardo Campos",
ao comentar que a luz acabou enquanto o socialista criticava o governo
(leia aqui).
Com a declaração, Merval leva um debate que é técnico para o campo
político e sugere que o candidato teve sorte ao poder comprovar seus
ataques, apesar do prejuízo à população.
O presidenciável do PSDB, senador Aécio Neves, foi um dos primeiros
políticos a responsabilizar a gestão petista pela falha de energia.
"Estamos agora colhendo, infelizmente, os frutos da má-gestão do governo
federal na área de energia. O governo federal afugentou os
investimentos", atacou o tucano.
O governo esclareceu, no entanto, que a interrupção ocorrida nesta
terça "não tem a ver com estresse do sistema". A afirmação foi do
secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio
Zimmermann. O sistema interligado brasileiro de distribuição de energia,
segundo ele, "trabalha com tranquilidade, dentro do equilíbrio
estrutural normal entre oferta e demanda".
Zimmermann afirmou que não há perigo de falta de energia do ponto de
vista estrutural. "O sistema elétrico brasileiro tem capacidade
instalada de cerca de 127 mil megawatts (MW) e o recorde da demanda de
energia ontem (segunda-feira) foi de cerca de 84 mil MW", disse
Zimmermann, descartando a possibilidade de racionamento de energia.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o apagão foi
originado por curto-circuitos em linhas de transmissão no Tocantins, uma
da Intesa e outra da Taesa. Após a configuração da perda dupla na
transmissão entre Miracema e Colinas, foi determinado o desligamento do
circuito remanescente, da Eletronorte, resultando na separação física
dos sistemas de transmissão Norte e Nordeste do restante do sistema
elétrico nacional.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício
Tolmasquim, também presente à coletiva de imprensa convocada pelo MME,
ressaltou que "riscos dessa natureza existem", como aconteceu no
Nordeste no ano passado. No último caso, os representantes do governo
esclareceram que "as causas ainda estão sob análise".
O risco é de que a análise sobre o assunto seja novamente contaminada
pela política, principalmente em ano de eleição. A manchete do portal
da Folha nesta manhã, por exemplo, já deu uma indicação do que virá:
"Preocupada com eleição, Dilma cria força-tarefa para o setor elétrico".
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/129216/Apag%C3%A3o-e-a-m%C3%ADdia-o-que-%C3%A9-fato-e-o-que-%C3%A9-torcida.htm
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