
Essa tem sido a posição do mercado financeiro, que, neste ano, já
derrubou em mais de 35% as ações da maior empresa brasileira, engolindo
quase R$ 40 bilhões do seu valor de mercado; no entanto, a produção
voltou a crescer, a contribuição do pré-sal é cada vez maior e a empresa
fez, recentemente, uma das maiores captações financeiras do mundo; na
visão de longo prazo, quem vencerá a aposta: os que espinafram a
companhia ou os que a acreditam que o Brasil se tornará, em breve, um
dos grandes exportadores mundiais de petróleo e derivados?
247 - A julgar pelo
olhar do mercado financeiro, a Petrobras é hoje uma empresa
tecnicamente quebrada. Em apenas duas semanas, as ações caíram 35% e a
companhia foi uma das que mais perderam valor no mundo em 2014. Em 31 de
dezembro, ela valia R$ 214,6 bilhões. Ontem, após um tombo de 5,7% nas
ações preferenciais, a Petrobras, ação mais negociada da Bovespa, estava
avaliada em R$ 175,6 bilhões.
Em clima de pânico, investidores
destacam o endividamento da companhia, a ausência de uma política clara
de reajustes de preços e uma estagnação da produção. Pinta-se um quadro
tão assustador que o caso da Petrobras tende até a se transformar em
tema de campanha eleitoral em 2014 – na edição de ontem, em longa
reportagem, o Jornal Nacional se dedicou a espinafrar a companhia, com
direito a uma entrevista com David Zylberstajn, ex-genro de FHC e
ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo.
Mas será que há razões reais para
tanto temor? Eis algumas informações reais sobre a companhia. Neste ano,
a Transpetro, subsidiária da companhia, baterá o recorde de recebimento
de novas embarcações. Até 2020, a frota passará de 60 para 110 navios.
No tocante à produção, o volume de dezembro chegou a 2 milhões e 362 mil
barris/dia, com crescimento em relação a novembro, cuja produção também
havia crescido na comparação com outubro. Mais importante ainda, foi a
contribuição do pré-sal, que entregou 371,3 mil barris/dia.
Ou seja: se ainda há os que duvidam
da existência do pré-sal, o fato é que ele já é uma realidade e poderá
fazer com que o Brasil se torne, num espaço relativamente curto de
tempo, um dos grandes produtores e exportadores mundiais de petróleo e
derivados. Além disso, no dia 14 de janeiro deste ano, foi batido o
recorde diário de produção, com 390 mil barris/dia.
Outro aspecto importante é a suposta
fuga de investidores. Em janeiro, a Petrobras realizou a maior captação
de recursos de uma empresa oriunda de um país emergente na Europa em
toda a história, levantando 3,05 bilhões de euros e 600 milhões de
libras esterlinas. Segundo o diretor financeiro Almir Barbassa, o
sucesso da operação "contradiz certo pessimismo em relação à Petrobras".
Ele afirma ainda que o "resultado mostra que o investidor de renda fixa
confia nos projetos da Petrobras, pois entende que estamos captando
para aumentar a capacidade produtiva".
Nesse quadro complexo, há um choque
entre os que enxergam apenas o curto prazo e apontam uma companhia
altamente endividada e com preços defasados, enquanto outros vislumbram
uma empresa que, em poucos anos, poderá produzir mais de 5 milhões de
barris/dia, como prevê a própria Agência Internacional de Energia.
Para dissipar as incertezas,
evidentemente, a Petrobras seria beneficiada se fosse fixada uma
política clara de reajustes, levando em conta fatores como o câmbio e o
preço internacional do petróleo. No
mercado financeiro, no entanto, muitos duvidam que, em ano eleitoral, a
presidente Dilma Rousseff irá autorizar novos aumentos.
Será mesmo? De um lado, o Banco
Central vem tendo autonomia para subir as taxas de juros. De outro, as
expectativas de inflação já vem sendo reduzidas e estão abaixo do teto
da meta. Além disso, o que menos interessa ao governo Dilma é que o tema
"Petrobras quebrada", ainda que falso, se converta em bandeira
eleitoral.
Façam suas apostas.
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/129082/Faz-algum-sentido-tratar-a-Petrobras-como-quebrada.htm
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