sábado, 19 de fevereiro de 2011

Da Teologia da Libertação ao novo ópio das multidões

Manuel Dutra
Jornalismo, Ciência, Ambiente
A enorme proliferação de “igrejas” por todo o Brasil é um dos fenômenos do nosso tempo. Andar pelo interior do País e também nas cidades grandes, como Belém, significa deparar-se com tantos templos, de todos os tamanhos, de todos os tipos de construção, dos mais toscos aos mais sofisticadas. Nos frontais, nomes os mais variados.(Fotos: MD)
Foto 1 - No interior: A placa anuncia a construção de mais um tempo: lugar de oração e reflexão ou lugar de alienação e distanciamento dos problemas sociais e políticos?

Pastores, obreiros, apóstolos estão por todo canto – nas estações rodoviárias, nos mercados, nas ruas comerciais chamando fiéis para o seu rebanho ou, para ou muitos espertalhões, para a sua conta bancária.
É a vitória das poderosas investidas do mundo capitalista contra a Teologia da Libertação dos anos 70.
Contra um modo de ver Deus e o mundo, o governo dos Estados Unidos à frente, uma autêntica guerra em todas as frentes foi desfechada contra a visão religiosa que vê os pobres não como produtos do acaso ou da vontade de Deus, mas que vê os pobres como fruto da injustiça e dos sistemas de poder dominantes.
Foto 2 - Em Belém, na zona comercial, esquina das ruas General Gurjão e Frutuoso Guimarães: Na tosca construção, o apelo multinacional tão comum no frontispício desses templos.

Há 30 anos, sob o governo Reagan, reuniu-se na cidade de Santa Fé (nome escolhido a dedo) no Estado do Novo México, um grupo bem “religioso”, incluindo aí agentes da CIA. Objetivo: planejar o desmantelamento da Teologia da Libertação na América Latina.
Mas o objetivo maior era, e é, manter a multidão latino-americana alheia às raízes de seus problemas sociais e políticos. A idéia era manter e fomentar uma multidão de cordeiros que não reage aos ataques dos lobos. Parece que o grupo de Santa Fé levou a melhor, ao menos por enquanto.
Teólogos como Leonardo Boff e outros foram expulsos da Igreja Católica. Os dois últimos papas colocaram no esquecimento bispos da estatura de dom Paulo Evaristo Arns, de São Paulo, e todos os outros que incentivavam a Teologia da Libertação.
A alienação maciça das multidões pobres do Brasil e da América Latina, programada, financiada e executada a partir de Washington, com a ajuda do capital de lá e de cá, está aí, na forma de proliferação de “igrejas” umas tacanhas, na beira das estradas, e outras transformadas em empresas multinacionais, donas de parte da mídia hegemônica, invadindo inúmeros países.
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Imagine a seguinte conjuntura política: ditaduras militares apoiadas pelos Estados Unidos em inúmeros países da América Latina. O período? Fins da Guerra Fria, década de 1980. Os potenciais “inimigos” do Tio Sam? Grupos guerrilheiros e partidos de esquerda. Certo? Errado. Para a CIA, “a Teologia da Libertação e as suas células conhecidas por CEBs (Comunidades Eclesiais de Base)” eram, há 30 anos, os reais agentes capazes de “desestabilizar” a região.Assim começa artigo Os Filhos da Teologia da Libertação, de Marcelo Netto Rodrigues, no Jornal Brasil de Fato. Leia Aqui:


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