A próxima eleição em São Paulo é só mais uma em um país que tem cinco
mil municípios, mas vem sendo discutida de Norte a Sul, de Leste a
Oeste. Isso se deve ao fato de que o segundo colocado na eleição
presidencial de 2010, um político que conta com o apoio desabrido de
toda a grande imprensa, participa da disputa pela prefeitura paulistana.
Ex-deputado, ex-senador, ex-ministro, ex-prefeito, ex-governador, com
uma carreira política que remonta a cerca de meio século, José Serra, a
esta altura, deveria estar prestes a vencer no primeiro turno a eleição
para prefeito de São Paulo. Todavia, é bem provável que chegue em
terceiro lugar.
Serra conta com um apoio da grande mídia que, no
pós-redemocratização, só o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teve
igual. Colunistas de jornais como O Globo, Folha de São Paulo, Estadão e
revista Veja se desmancham em elogios a ele e qualquer denúncia contra
si é sumariamente ocultada do grande público, sobressaindo apenas na
internet.
A explicação para sua fragilidade eleitoral justamente na cidade em
que deveria ser mais forte, no entanto, reside em sua péssima atuação
como governador e prefeito e por ter legado à capital paulista um
prefeito rejeitado pela população paulistana como poucos foram até hoje.
Apesar de São Paulo, sob Gilberto Kassab e Serra, ter piorado em
todos os aspectos, um deles pode ser o fator determinante para sua
débâcle política: o aumento exponencial da população de rua nos últimos
oito anos. Essa gente que parece morta-viva e que vaga pela cidade causa
muita vergonha ao paulistano.
Isso se dá porque Serra, em 2005, iniciou um processo higienista que
visava “limpar” o centro expandido. Abrigos para sem-teto foram fechados
no centro e reabertos nas franjas da cidade, obras públicas foram
executadas por todo o centro visando impedir que a população de rua
dormisse pelas ruas.
A medida teve um efeito contrário. Se até 2004 o problema da
população de rua vinha sendo controlado pela ex-prefeita Marta Suplicy
através de programas sociais que vinham resgatando essas pessoas da
miséria, oferecendo cursos de capacitação, tratamento psiquiátrico e
abrigos dignos, com o abandono do social pela gestão demo-tucana tudo
isso se esboroou.
Drogada, suja, doente, psicótica, essa população abandonada por Deus e
pelo Estado usa as ruas como banheiro, consome drogas, rouba e assalta.
Ou, então, simplesmente vegeta. A São Paulo de hoje, pois, dá vergonha
ao seu povo. E também dá raiva.
A posição cadente de Serra na disputa eleitoral paulistana deriva, em
boa parte, desse fenômeno. E também porque se trata de um político que
utiliza métodos sujos contra os adversários como fabricação de dossiês
em ritmo industrial, invenção de calúnias, tudo com apoio de dois
grandes jornais e de uma revista semanal – Folha, Estadão e Veja.
Além disso, Serra ainda conta com um grande instituto de pesquisas
eleitorais que se recusa a registrar seu terceiro lugar na disputa pela
prefeitura apesar de que todas as outras pesquisas dão conta de que
segue em trajetória cadente.
Seja como for, a política brasileira, em míseros seis dias, pode
receber uma das melhores notícias das últimas décadas. Se de fato Serra
não passar ao segundo turno da eleição paulistana, sua carreira política
estará encerrada – até para evitar novos vexames.
Fernando Haddad e Celso Russomano poderiam perder a eleição que não
significaria nada. Aliás, sairão de 2012 com um gordo cacife eleitoral.
Estarão habilitados a disputar qualquer cargo público nos próximos anos.
Ambos têm carreiras políticas promissoras pela frente.
Já Serra, se não vencer, estará politicamente morto. Sua
aposentadoria seria certeza absoluta. A democracia brasileira, então,
estaria livre do político que mais joga sujo hoje em dia. E, como se não
bastasse, a oposição estará em uma sinuca de bico, pois, ao contrário
do PT, não se renovou.
À exceção de Serra, a oposição não dispõe de nomes promissores. Aécio
Neves, a alternativa que a direita vê ao tucano paulista, tem uma ficha
para lá de complicada, cheia de escândalos, e se porta como um playboy
de 20 anos, metendo-se em bebedeiras e otras cositas más.
Aposentar Serra, portanto, é aposentar uma forma de fazer política
que tem atrapalhado muito o Brasil, pois sua falta de propostas e de
conteúdo o obriga a apelar para denuncismo, o que empobrece a política,
reduzindo-a a um processo policialesco que priva o eleitor de examinar
os projetos administrativos dos partidos.
Sondagens estatísticas do eleitorado dizem que Serra deve terminar a
eleição em terceiro lugar, mas como a diferença para Haddad ainda é
pequena será preciso trabalhar duro até domingo que vem.
A você que não é de São Paulo, portanto, roga-se que colabore para
que dentro de seis dias o país se livre daquele que, de longe, é o pior
político brasileiro da atualidade. Na internet, qualquer um pode atuar
em qualquer parte do país. Manifestando sua opinião sobre essa ameaça à
democracia que é José Serra, você pode livrar o Brasil dele.
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