quinta-feira, 11 de novembro de 2010

PanAmericano do Silvio não é crise. “Mercado” deu a solução


Ir ao Planalto não adiantou nada

Primeiro, foi a “crise” do rompimento do PMDB com a Dilma.
Depois, foi a do ENEM, já devidamente reduzida à sua mais simples proporção: menos de mil provas precisarão ser refeitas. Agora, o PiG (*) tentará fazer do Banco PanAmericano uma nova crise.Botará a culpa no Lula, que recebeu uma visita do Silvio Santos.
Botará a culpa no Banco Central, que demorou a ver o tamanho do problema.
E, sobretudo, tentará enforcar a Caixa, que se tornou sócia com 37% das ações do PanAmericano, aproximadamente um ano antes de o banco implodir. Vamos ver, antes, o que saiu no Globo online, com trechos de uma reportagem do Valor:
Valor Online

SÃO PAULO – O presidente do conselho de administração do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), Gabriel Jorge Ferreira, disse nesta quarta-feira que uma quebra do PanAmericano poderia desestabilizar o sistema financeiro.

“O fundo concordou em dar esse suporte financeiro para, primeiro, (garantir) a estabilidade do sistema financeiro, porque as consequências são sempre muito ruins quando quebra uma instituição financeira. Além disso, coloca em dúvida a solidez do sistema financeiro”, disse Ferreira, ao justificar o socorro de R$ 2,5 bilhões prestado pela entidade ao banco.

Segundo ele, a operação com o PanAmericano é resultado de uma evolução da atuação do fundo, constituído em 1995 com a finalidade única de garantir empréstimos e aplicações no caso de liquidação ou intervenção do Banco Central (BC) em instituições financeiras.

Durante entrevista coletiva à imprensa, Ferreira comentou que, não fosse o apoio do fundo, o BC não teria alternativa que não fosse decretar a intervenção ou a liquidação do PanAmericano – dada a descoberta de um rombo bilionário no banco.

Segundo ele, as duas situações (intervenção ou liquidação), além de gerarem incertezas e insegurança no mercado, causariam uma depreciação no valor e resultados do banco, que teria que administrar despesas, e não mais receitas.

Também haveria um prejuízo ao próprio fundo, que seria obrigado a cobrir aproximadamente R$ 2,2 bilhões em depósitos no PanAmericano, disse Ferreira, acrescentando que a experiência mostra que a restituição de recursos no caso de quebra de bancos é “muito remota e difícil”. “Foi uma proteção patrimonial também para o fundo.”

(Eduardo Laguna Valor)






Vamos começar pela Caixa.

Quem bradou “fogo” foi, logo de manhã, no Bom (?) Dia Brasil, a urubóloga Miriam Leitão.
Como é que a Caixa sai por aí a comprar banco ?, ela perguntou.
A Miriam já tinha se aborrecido lá atrás, quando a Caixa emprestou dinheiro à, Petrobrás.
E este Conversa Afiada chegou à conclusão de que o único banco do mundo que não emprestaria à Petrobrás seria o banco do Miriam.

Agora, se pergunta a Miriam: como é que a Caixa se meteu num banco que tem esse rombo ?
Boa pergunta a fazer à KPMG, ao Banco Fator e à BL, instituições financeiras que, por um ano, entraram nas contas do PanAmericano antes de recomendar a operação à Caixa.

E os grandes bancos privados brasileiros que micaram com os fundos fictícios do PanAmericano ?

Eles também foram negligentes, ou segundo a urobóloga, só a Caixa foi ?

O que dizer da empresa americana que avalia riscos, a Fitch, que, depois da operação da Caixa, aumentou a nota do banco ?

E o Banco Central, que deixou passar as fraudes no balanço do PanAmericano, da mesma forma que o Banco Central do Governo Fernando Henrique se surpreendeu quando abriu a caixa preta do Nacional e do Bamerindus.

O fundamental nessa história toda é que existe essa instituição criada no Governo Fernando Henrique, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que tem dinheiro dos bancos.

Dinheiro privado.

Ali não tem um tusta do Erário ou da Viúva.

O FGC é uma “reserva técnica” dos próprios bancos para segurar o sistema, em caso de solavanco.

São mais de 20 bilhões de reais para não deixar a peteca cair.

O Silvio Santos deve a esses bancos privados, quem emprestaram a ele R$ 2,5 bilhões.

O PanAmericano vai continuar a operar.
O Silvio tem dez anos mais três de carência para pagar o que deve aos bancos privados.
Até lá, os bens ficam proporcionalmente penhorados.

(Ele não pode penhorar o SBT, porque a lei não deixa concessão de serviço público ser penhorada.)

O mais provável é que Silvio, aos 80 anos, venda o banco e, com o tempo, o SBT.
A Caixa vai receber o dela de volta, e usufruir do cadastro do PanAmericano para o financiamento de veículos, o principal motivo para a Caixa entrar no banco.

O FGC, ou seja, os bancos vão receber do Silvio o dinheiro de volta.

Ele empenhou quase toda a fortuna pessoal na oração.

O que é muito melhor do que se o Banco Central tivesse decretado a falência ou a intervenção.
Em resumo, trata-se de uma solução “de mercado”.

O que revela maturidade das instituições.

E o que resulta em credibilidade.

O mercado jogou dinheiro na fogueira para não se chamuscar.

O dinheiro do Erário não entrou na roda.

Os que eventualmente tiverem sumido com a grana do Silvio mais cedo ou mais tarde vão ter uma conversinha com a Polícia Federal.

E o Silvio vai cuidar da vida, provavelmente em Miami, onde adora assistir a televisão.

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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