sexta-feira, 22 de abril de 2011

Lula, indo ao ponto pelas beiradas




O ex-presidente Lula está unindo a sua confessada necessidade de sair, por algum tempo, do centro das atenções com uma experiência que, mesmo que não possa ser levada ao extremo, é muito interessante e realizadora: falar à população por veículos alternativos e não pela via dos grandes jornais.


Ele já deu entrevistas pela internet e, ontem, se publicou sua primeira entrevista a um jornal impresso: o ABCD Maior, do seu berço político como sindicalista. Ela pode ser lida na íntegra aqui, e eu reproduzo os trechos onde ele fala da questão nacional.


Fora dos grandes jornais, Lula se livra da pauta imposta por eles, das pressões por intrigas e diz as coisas como quer dizer: fustiga o PSDB e dá apoio a Dilma.


E sabe que a grande mídia, querendo ou não, mesmo que sem destaque, vai ter e republicar o que diz.


ABCD MAIOR – A crise do PSDB em São Paulo poderá ajudar o PT a retomar a Prefeitura de São Paulo e outros municípios?


Lula – O PSDB está em crise de fragilidade ideológica. O PSDB não sabe se é PSDB, se é PMDB ou se é DEM. É um partido com muitas dúvidas e que não tem um perfil ideológico definido. Não acho que devemos julgar a crise do PSDB apenas com a saída dos vereadores da Câmara de São Paulo. A crise do PSDB é mais profunda. Quando Fernando Henrique Cardoso venceu a eleição de 1994, eles projetaram 20 anos de governança contínua do PSDB, o que não aconteceu. Na verdade, quem deverá ter os 20 anos de governança direta é o PT, pois fizemos muitas coisas nos oito anos do meu governo e a Dilma vai fazer muito mais nos próximos oito anos. Eles (tucanos) não se conformam de que é o PT que terá tempo necessário para mudar, para melhor e definitivamente, a cara do Brasil. Estou certo de que a crise do PSDB é uma crise de identidade. Ou seja, primeiro tem uma disputa interna entre Serra (José Serra), Alckmin (governador de São Paulo, Geraldo Alckmin) e Aécio Neves (senador). Eles têm o PT como adversário principal, e o PT tem que juntar todos os diferentes para que possamos vencer os antagônicos.


ABCD MAIOR – A Dilma será a candidata à reeleição em 2014?


Lula – Não tem como esconder, embora ela não pode, e nem deve falar, mas Dilma será a candidata do PT em 2014. Dilma vai mudar a cara do Brasil para muito melhor. Ela vai lançar o programa de combate à miséria absoluta, onde fará um pente-fino para descobrir quais são os pobres que ainda não foram atendidos e apresentará novas propostas para formação e geração de emprego. É importante o pessoal saber que Dilma trabalhou cinco anos na formação e coordenação de todos os programas do nosso governo. Ela sabe tanto, ou até mais que eu, do caminho que deverá trilhar para acabar com a pobreza e miséria absoluta do Brasil.


ABCD MAIOR – O senhor pretende voltar às portas de fábricas do ABCD para fazer campanha sindical?


Lula – Falei com o Sérgio Nobre (presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) que terei um enorme prazer de participar de algumas assembleias. As pessoas têm clareza que os trabalhadores do ABCD, principalmente os metalúrgicos, tiveram muitas conquistas nos últimos oito anos, com aumento salarial acima da inflação e participação nos lucros. Além disso, imprimimos um ritmo de crescimento em que o ganho de produtividade não resultou em aumento da inflação. E neste momento precisamos estar juntos com a nossa presidenta para evitar que volte a inflação. Todos nós, pois combater a inflação não é uma responsabilidade apenas da Dilma ou do Guido Mantega (ministro da Fazenda).



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