domingo, 3 de abril de 2011

Um relatório policial com cara de romance policial



Li, muito intrigado, esta matéria da Época sobre possíveis provas que ligariam a campanha de Lula, em 2006, aos pagamentos irregulares e ficticios feitos por e ao publicitário Marcos Valério.

Primeiro, porque a entrega de uma cópia de um relatório feito a pedido do Judiciário – e do STF, sua mais alta corte – a um veículo de imprensa é algo tão estranho que, de tão estranho, não parece ser estranho.

Depois, porque tudo repousa no que diz – e no que nega – o senhor Daniel Dantas, um homem que perdeu qualquer tipo de credibilidade. Não me parece que o sr. Dantas seja alguém que fosse recusar, como diz, uma troca de favores políticos por ajuda financeira. E menos ainda isso é coerente com a suposta ajuda que deu.

Dantas, porém, é apresentado como um coitado, vítima de extorsão e achaques, um empresário honesto que tinha de pagar propinas para poder tocar seus negócios.

Pela segunda vez hoje, francamente…

Claro que não se vai negar o óbvio, que teve gente ligada ao PT se lambuzando nas porcarias de um esquema – e o relatório não nega – criado no período tucano. Mas a história tem um furo insanável: o de que Dantas pagou mas não levou. Ora, Dantas é um homem que leva sem pagar, não o contrário.

Parece romance de Aghata Christie, onde a autora começa a trama sabendo aquele que elegeu para culpado do crime e tece, em voltas e voltas contraditórias, a teia que vai convencer a todos de sua culpa.

Com a diferença que os Hercule Poirot destes romances não têm escrúpulos de consciência nem fazem concessões à dúvida.

O alvo a ser atingido, a qualquer custo, custe o que custar, é Lula.

Por último, o “vazamento” do relatório para uma revista da Globo, pelas mãos de um repórter recém saído da Veja, já nos deixa imaginar o que possa ter se passado.

Destruir a sólida imagem que Lula construiu nos oito anos de mandato, porém, é algo que não se fará com pequenas manobras. E se alguns, por oportunismo e medo da mídia se encolhem, vão acabar por levar ele prório à polêmica.

E aí, saiam de baixo.


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