segunda-feira, 10 de novembro de 2008

PAÍS DA PIADA PRONTA: NO BRASIL, INVESTIGADOR INVESTIGAR É CRIME.

O Brasil é um país engraçado.

É o país em que um delegado pode ser preso por "investigar" crimes.
O fato de que agentes da ABIN fizeram uma filmagem é "crime"? Ué, mas eu achei que ABIN fosse Agência Brasileira de Inteligência. E que a ABIN podia colaborar com investigações da Polícia Federal. Se a ABIN pode colaborar com a PF, o que é que vocês brasileiros queriam que os agentes da ABIN fizessem? O cafezinho?

O Brasil, aliás, é o único país do mundo em que o ministro da Defesa vai ao Congresso e revela publicamente todos os equipamentos à disposição dos espiões encarregados de zelar pela segurança nacional. Deu toda a ficha, ao vivo e em cores. Depois dizem que os portugueses é que são portugueses. Os brasileiros somos os "verdadeiros portugueses".

A PF vai indiciar o delegado Protógenes Queiroz por vazar informações da Satiagraha para a Rede Globo. Ué, mas como é que os jornalistas souberam disso? Através de um vazamento. Vai ter inquérito para apurar o vazamento da notícia de que o delegado Protógenes será indiciado? Poderiam aproveitar e abrir um inquérito para apurar o vazamento das fotos do dinheiro pelo delegado Edmilson Bruno na véspera do primeiro turno das eleições presidenciais de 2006. Nem precisa investigar.
É só capturar o áudio, o vídeo e a transcrição, disponíveis aqui, aqui e aqui -- provas irrefutáveis demonstram que o delegado Bruno vazou. E de que, no dia seguinte, mentiu. Por falar nisso, onde é que anda o delegado Bruno? Está cumprindo pena?

Fiquem com o "crime" dos agentes da ABIN: filmaram um deputado. Eu pergunto: se o deputado não tem nada a temer, filmá-lo é crime?
Fausto Macedo, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Arapongas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) filmaram um deputado durante a Operação Satiagraha. O parlamentar foi seguido desde o Aeroporto Santos Dumont, no Rio, até a sede do Grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. A revelação é de José Maurício Michelone, agente de operações da Abin, que foi incumbido pelo delegado Protógenes Queiroz de vigiar os passos de Dantas.

Em depoimento à Polícia Federal, Michelone - lotado na Superintendência Estadual da Abin em Goiânia - disse que também fotografou Dantas, a irmã dele, Verônica, e um personagem identificado por Guga. "Foi possível realizar uma filmagem de um encontro em um aeroporto entre Guga e um deputado, cujo nome não se recorda neste instante, o qual chegou no Aeroporto Santos Dumont, procedente de Brasília, se deslocou até o prédio do Banco Opportunity, tendo permanecido por um período de uma hora ou uma hora e pouco, pegou um táxi e retornou para o aeroporto e seguiu em um vôo para São Paulo.
"As imagens foram anexadas a um relatório reservado da Satiagraha. "O equipamento utilizado no trabalho era máquina fotográfica simples e filmadoras pequenas", informou o agente da Abin. "Também foram fornecidos rádios Nextel para alguns servidores, sendo que tais equipamentos foram provenientes da Polícia Federal."

Os arapongas também monitoraram, até por interceptação telefônica, o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). O grampo o pegou sucessivas vezes em contato com Gilberto Carvalho, chefe de Gabinete do presidente Lula. [GRIFO MEU. QUE EU SAIBA ISSO FOI FEITO COM AUTORIZAÇÃO DA JUSTIÇA. MAS A HORA AGORA NÃO É DE EXPLICAR, É DE CONFUNDIR].Greenhalgh revela empenho em obter informações sobre a investigação contra Dantas.
Ele teria sido contratado pelo banqueiro para fazer lobby no governo com o objetivo de tornar viável a compra da Brasil Telecom pela Oi, segundo suspeita a PF. O ex-deputado já alegou que seu trabalho consistiu em analisar processos envolvendo o Opportunity, nas áreas civil e criminal.
Para a PF, a integração de agentes e oficiais da Abin na Satiagraha caracteriza violação do sigilo funcional. "Conforme se viu, servidores da Abin foram introduzidos clandestinamente nos trabalhos internos da operação, todos levados pelo delegado Queiroz, sem que se observasse qualquer formalidade e, pior, sem a necessária autorização judicial, sendo-lhes permitido conhecimento de dados sigilosos", atesta documento reservado da PF.
O relato de Lívia Leite de Cantuária, assistente do superintendente da Abin, fala da disponibilização de equipamentos e preparação de relatório. Ela confirma o emprego da viatura técnica, veículo da Abin dotado de recursos para filmagens secretas. O carro foi apreendido quarta-feira pela PF.
"A viatura técnica atuou no dia da deflagração da operação, quando ela foi movimentada para a residência do alvo principal, para a realização de filmagens da prisão de Daniel Dantas. Quem dirigiu a viatura naquele dia foi Airton e quem fez as filmagens foi Herbst."

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