Neste ano, de janeiro até o último dia 22, foram em média 107 voos por mês, quase o dobro de 2010.
Os helicópteros estão pousando e decolando do terraço do Edifício Matarazzo, sede da Prefeitura de São Paulo, em ritmo jamais visto. Neste ano, de janeiro até o último dia 22, foram em média 107 voos por mês, quase o dobro de 2010. O objetivo oficial é monitorar os 1,5 mil quilômetros quadrados da cidade. Na prática, o que também se vê é uma farra dos voos - os passeios chegam a virar presente de aniversário para servidores municipais.
Em uma análise dos ocupantes desses voos, a reportagem do Estado encontrou pelo menos 25 pessoas que acompanharam técnicos da Prefeitura sem nada ter a ver com o propósito das viagens. O serviço de monitoramento por helicópteros, que já custou R$ 1,5 milhão à administração municipal em 2011, começou em fevereiro do ano passado com o objetivo de fiscalizar obras, serviços, parques, áreas de risco e invasões de terreno.
Os "caronas" dos voos oficiais são faxineiros, motoristas, técnico de informática, de recursos humanos, auxiliar de compras, secretária e estagiários. Como quase todas as viagens ocorrem em horário comercial, há indício de que eles abandonaram as atividades nesses dias.
"Os voos precisam ter um responsável, que pode ser o secretário, subprefeito, o chefe de gabinete ou um coordenador", diz Ronaldo Camargo, secretário de Coordenação das Subprefeituras, pasta que mais usa o serviço. Ele acrescenta que os demais ocupantes devem ser técnicos ligados aos objetivos dos voos, como das áreas de obras e desenvolvimento urbano, integrantes da Defesa Civil e da Guarda Civil Metropolitana.
Na Subprefeitura da Vila Prudente, duas pessoas confirmaram que o sobrevoo com os técnicos já virou presente de aniversário para servidor. O ajudante-geral Boaventura Alves de Mello, mais conhecido como Bahia, foi agraciado. A rotina de retirar o lixo, varrer o pátio e cuidar do jardim na subprefeitura foi quebrada no voo de 29 de junho...... "Fazia aniversário naquele dia. Então, foi um presente que me deram", disse Mello, sem ter noção da irregularidade. Pela mesma subprefeitura também voaram um auxiliar de compras, dois funcionários do RH e um motorista. O subprefeito Roberto Alves dos Santos nega a prática. "Se fosse dar voo para cada aniversariante, precisaria de uma frota de helicópteros."
Motorista.
Um motorista da Subprefeitura de Pirituba também pegou a carona de helicóptero. José Messias Pereira disse que foi convidado a voar pelo chefe de gabinete. "Primeiro fiquei com medo, mas depois foi legal. Achei muito gostoso", diz, revelando uma promessa não cumprida. "Disseram que iam me colocar de novo, mas não colocaram." Na Subprefeitura da Vila Maria, uma encarregada de serviços gerais também ganhou a oportunidade de viajar. O Estado de S. Paulo.
Lista de passageiros inclui irmão de servidor
Segundo funcionário, sobrou vaga no voo, mas versão contraria normas de segurança Os voos de helicóptero não levam apenas funcionários da Prefeitura de São Paulo - estejam eles trabalhando ou apenas passeando.
A lista com o registro dos passageiros da empresa de táxi aéreo contratada,a Helimarte, mostra que até um parente de servidor aproveitou o serviço, mesmo sem ter nenhuma ligação com a gestão municipal.
Marcos Nunes Ferreira dos Santos Costa, assistente de gabinete da Subprefeitura de Guaianases, na zona leste, levou seu irmão, Ilson, para um voo no dia 6 de junho. Os dois acompanharam um inspetor da Guarda Civil Metropolitana(GCM)eu majornalista durante a viagem, que levou uma hora.
Ilson não é funcionário nem da subprefeitura nem de outra área do poder público.
"Mas eu não chamei meu irmão para fazer nenhum voo panorâmico, de passeio. Uma das pessoas que estariam no helicóptero não apareceu e aí convidaram ele. Não fui eu que chamei", diz Ferreira.
Ele explica que estava sem sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e, por isso, seu irmão o levou até o prédio da Prefeitura, quando teria surgido a oportunidade de fazer o voo.
A versão do servidor de que houve troca de passageiros na última hora contrasta com as normas de segurança de voo estabelecidas pela Prefeitura. O chefe da assessoria militar da gestão Kassab, coronel Carlos Carvalho Júnior, que faz o controle dos voos, afirma que a lista dos ocupantes do helicóptero precisa ser repassada pelas secretarias ou subprefeituras pelo menos 24 horas antes da viagem e não há a possibilidade de trocar nomes em cima da hora.
"De forma alguma uma pessoa chega e embarca se não estiver com o nome na lista que me é passada. Se vierem quatro pessoas e a lista dizia três, a que sobrou fica de fora", explica o coronel Carvalho Júnior.
Ele acrescenta que os documentos de identidade também são conferidos antes do acesso ao heliponto da Prefeitura. "Nós checamos até se uma pessoa está embarcando com boné, porque pode ser perigoso se voar e entrarem uma das turbinas", completa ele.
Mudanças de última hora. Mas até mesmo integrantes da gestão Gilberto Kassab (sem partido) afirmam que pode haver mudanças de última hora - o que indica que o controle não é assim tão rigoroso.
O chefe de gabinete da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, Carlos Roberto Fortner, conta que levou em um sobrevoo seu motorista como auxiliar porque o técnico programado para acompanhá-lo no helicóptero faltou.
O voo serviria para fazer o controle por imagens de áreas como de bacias e serra.
"Eu estou fazendo o sobrevoo com a aporta aberta, é preciso alguém para segurar a máquina, a lente, o GPS." Questionado se seria irregular a entrada de funcionários não programados nos voos, foi categórico: "Que eu saiba, pode ser mudado no último momento, sim, não há problema." A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente é uma das pastas que mais requisitam sobrevoos para fiscalização e monitoramento de obras e serviços.
A pasta também usa helicópteros para fazer fotografias da cidade.
Segundo o chefe de gabinete, 250milimagensjácompõemparte do acervo da Prefeitura. Ele garante que o número de voos caiu pela metade em comparação como ano passado porque, à medida que a cidade ficou mais conhecida pelos técnicos, as viagens setor naram mais eficientes e, portanto, mais curtas. /
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