Carolina Pimentel - Repórter da Agência Brasil
Brasília - O colesterol alto na infância e adolescência está relacionado, na maioria dos casos, à má alimentação e ao sedentarismo. Pode ser provocado por uma doença genética ou histórico familiar, como pais e avós que tenham tido infarto ou derrame.
O estudo mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a dieta alimentar do brasileiro mostra que os adolescentes de 14 a 18 anos de idade são os que mais ingerem alimentos com colesterol, aqueles de origem animal, como carnes, leite, queijos, manteiga ou iogurte.
Entre os meninos, a média de consumo foi de 282,1 miligramas por dia e, entre as meninas, de 237,9 miligramas – as maiores médias em comparação às faixas etárias analisadas dos dois sexos. O recomendado é ingerir de 200 a 300 miligramas de colesterol por dia. O consumo exagerado pode elevar o nível de gordura no sangue. O colesterol alto não traz problemas imediatos para as crianças e adolescentes. Mas quando fica sem tratamento, aumenta o risco de doenças cardíacas na fase adulta.
“Se não for tratado na infância ou na adolescência, aumenta o risco de a pessoa sofrer um infarto aos 25 ou 30 anos de idade”, alerta o diretor do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Daniel de Araújo
Como o nível acima do normal não apresenta sintoma ou causa desconforto, a cardiologista Ana Paula Chacra, do Instituto do Coração (Incor) em São Paulo, explica que os pais devem ficar atentos ao sobrepeso nos filhos, um sinal de que a taxa pode estar fora do normal.
“Não dá sintoma. A criança ou o adolescente começa a engordar e é nesse momento que os pais devem agir”, explicou a médica, integrante do setor de dislipidemias, que cuida do aumento do colesterol e dos triglicerídeos no sangue. A taxa elevada é identificada somente por meio de um exame de sangue. A especialista acrescenta que os cuidados devem ser redobrados se a criança tiver parentes próximos com colesterol alto.
Para evitar o distúrbio, os médicos recomendam a prática de exercícios físicos e uma dieta saudável, com verduras, legumes, frutas e carnes magras. Outra indicação é observar o nível de colesterol a partir dos 10 anos de idade. “O adolescente não faz exercício. Essa vida moderna não ajuda”, disse Ana Paula Chacra.
O colesterol é uma substância que ajuda na formação de uma capa protetora nos nervos e na produção da vitamina D, da bile e de hormônios. A maior parte (cerca de 70%) é produzido pelo fígado e o restante vem da ingestão de alimentos. Em excesso, o colesterol contribui para o entupimento das artérias, impedindo a passagem do sangue, e torna-se fator de risco para doenças cardiovasculares.
Existem dois tipos de colesterol. O HDL, chamado colesterol bom, reduz o risco de acúmulo de gordura nas artérias. O LDL, colesterol ruim, deposita gordura nas artérias e dificulta o fluxo sanguíneo.
Edição: Graça Adjuto
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