segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Coimbra: quem nasceu para FHC não chega a Lula




Saiu na Carta Capital, pág 15, excelente artigo de Marcos Coimbra sobre o elogio fúnebre de Fernando Henrique para o Padim Pade Cerra, na revista Economist.


Foi quando o Farol de Alexandria detonou o Cerra: por causa da Privataria, nem ele aguenta mais o Cerra.


(Dizem que, neste domingo, num artigo obscuro, FHC voltou a trás, mais ou menos, não é bem assim, esqueçam o que eu escrevi, disse ou pensei, mudei de ideias, por enquanto, assinei sem ler etc e tal.)


Coimbra faz uma preciosa comparação entre o papel que o Farol e o Nunca Dantes ocuparão na História:


O fascinante na formulação é que ele (FHC) nunca se considera responsável pelo que faz o partido que preside. O presidente da República era ele em 2002, mas, como estava “cansado de exercer a liderança política” – e “não apenas por generosidade”-, resolveu lavar as mãos. Em 2010, achava que Serra não era a melhor opção, mas ficou quieto (ou não conseguiu fazer nada para impedi-lo de, outra vez, se arrogar o direito de ser candidato).


Essa liderança que não lidera conflita com a autoimagem que tem. Sem qualquer modéstia – e pouca visão da realidade-, FHC acha que ele e Lula são “os dois únicos líderes” brasileiros dos “últimos 20 anos” (o que entende ser pouco para “um país tão grande’).


Como se houvesse qualquer semelhança entre as trajetórias de ambos: sem três ou quatro acidentes (a morte de Tancredo, o fracasso de Sarney, o impeachment de Collor, o desaparecimento de Covas), FHC não existiria (ou seria muito menor do que é), enquanto Lula continuaria a ser Lula, pois não precisou do acaso – e nem de um Plano Real – para chegar aonde chegou. Fernando Henrique diz que o PSDB tem de “reorganizar a hierarquia da liderança” (o que, em tucanês, quer dizer definir quem manda no partido), pois ninguém surgiu para ocupar o lugar que tinha. Quanto a si mesmo, explica que “tomou a decisão (…) de abrir espaço”, pois, na altura da vida em que está, “perdeu a vontade” de liderar.


A entrevista reflete o clima em que vive o PSDB. Seu presidente de honra divide, em vez de somar. É magnânimo na repartição das responsabilidades pelas derrotas, mas avaro na reivindicação dos sucessos. Acredita que cabem (somente) a Serra as culpas pelas decepções recentes.




Não fosse o PiG (*), esses tucanos de São Paulo não passavam


de Pinheirinho, na via Dutra.

Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.









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