Ao fim da noite do último sábado (4/2), este blog divulga notícia da qual tomei conhecimento no meio da tarde do mesmo dia, enquanto investigava, junto a outros dois voluntários da força-tarefa do Condepe (Cido Lima e Meire Cavalcante), denúncia gravíssima que não pode ser divulgada porque está sendo apurada. Ressalto, ainda, que existem 619 denúncias de abusos de todos os tipos, assinadas pelos denunciantes, geradas pela atuação da Polícia Militar durante a desocupação do Bairro Pinheirinho, em São José dos Campos, no dia 22 de janeiro deste ano.
O deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), presidente da comissão de direitos humanos da Assembléia Legislativa de São Paulo, ligou para nós a fim de repercutir dificuldades que ele e membros do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, da Comissão de direitos humanos da OAB-SP e os parlamentares Vereador Tonhão Dutra (PT-SJC), Vereadora Amélia Naomi (PT-SJC) e Vereador Vagner Balieiro (PT-SJC) estavam encontrando para obter informações sobre o idoso Ivo Silva Teles, de 70 anos, que, segundo informações do jornal O Vale veiculadas em 23 de janeiro, fora espancado severamente por policiais militares no dia anterior, durante a operação de reintegração de posse do Pinheirinho. Desde aquele dia, Santos estava desaparecido.
Ainda no sábado (4), membros da força-tarefa do Condepe foram avisados pela ex-esposa de Santos de que ele estaria internado no Hospital Municipal de São José dos Campos, que é administrado pela SPDM – Associação Paulista Para o Desenvolvimento da Medicina, uma OSS (Organização Social de Saúde). O deputado Adriano Diogo e os outros supracitados, então, deslocaram-se rapidamente para aquele hospital para obter maiores informações, pois Santos era dado como uma das possíveis vítimas fatais da desocupação do Pinheirinho.
Ao fim da tarde, a vereadora Amélia Naomi me telefona e pergunta se eu teria interesse em repercutir o caso. Contudo, estava na estrada e só consegui fazer a matéria ao fim da noite de sábado. Quando chego à minha residência, encontro e-mail dela informando que o administrador do Hospital Municipal de São José dos Campos, Marcelo Guerra, recusou-se a entregar à força-tarefa do Condepe o Boletim de Atendimento de Urgência (BAU) referente ao aposentado, que dera entrada no pronto-atendimento daquele hospital no dia 22 de janeiro e que até aquele momento permanecia por lá, na UTI, em estado de coma.
Na manhã deste domingo (5/2), em conversa telefônica com o deputado Adriano Diogo, sou informado de que além de parlamentares, membros do Ministério Público, da Defensoria Pública, da OAB e de jornalistas e ativistas não receberem informações e documentos que são públicos, o administrador do hospital, Marcelo Guerra, chamou a Polícia Militar para PRENDER o deputado Adriano Diogo por estar pedindo informações e documentos. E o que impressiona mais: uma viatura com dois policiais militares se deslocou até o local para atendê-lo.
Segundo o deputado, ele, como parlamentar e presidente da Comissão de Direitos Humanos do Poder Legislativo paulista, esteve para ser preso enquanto cumpria as suas obrigações constitucionais de investigar uma grave violação desses direitos. A ordem só não se cumpriu por interferência do presidente da SPDM, Rubens Belfort, que parece ter mais ascendência sobre a polícia do que um representante do Poder Legislativo. Após a intervenção do presidente da SPDM, o policial militar deixou o hospital por uma porta lateral. Quando três defensores públicos tentaram saber dele o que tinha ido fazer lá, ele saiu correndo e sumiu.
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