Ainda que pareça impossível devido ao acirramento de ânimos, a greve da Polícia Militar baiana e os fatos recentes que a envolveram precisam ser analisados com serenidade. Infelizmente, a política, que deveria ser meio de solucionar conflitos pacificamente, vem bloqueando qualquer resquício de bom senso.
Em um primeiro momento não se entendia a razão de só a Polícia Militar baiana ter se levantado por aumento de salários. Afinal, os soldos, naquele Estado, estão longe de ser os piores do país, ficando pouco abaixo dos de São Paulo e quilometricamente acima dos soldos no Rio de Janeiro, os piores do país.
Uma observação: os soldos da PM no Rio explicam muita coisa sobre a corrupção policial naquele Estado.
Enfim, após matéria do Jornal Nacional que trouxe à tona gravações de conversas entre lideranças do movimento grevista em que se percebe planejamento do que, pura e simplesmente, pode ser qualificado como terrorismo, percebeu-se também que há uma orquestração nacional do movimento paredista da qual ainda não se enxerga bem a origem.
Como o movimento dos policiais militares baianos está sendo desfechado contra um governo petista, quem logo vem à mente são tucanos e demos. Todavia, as gravações do JN mostraram que há planos de lideranças grevistas de estender esse movimento a São Paulo ou Paraná, o que dispensa explicações sobre por que tucanos e demos não devem estar envolvidos.
Se os partidos que polarizam a disputa política nacional estiverem descartados como insufladores da greve, então, as atenções se voltam aos partidos mais à esquerda. Entre esses, o que está apoiando mais abertamente os grevistas é o PSOL.
O deputado do PSOL carioca Jean Wyllys é um político moderado – dentro do quanto se pode ter esse perfil em um partido como PSOL, o qual não faz questão nenhuma de ser visto como moderado. Por exemplo: enquanto seus correligionários apoiaram entusiasticamente as marchas contra a corrupção, ano passado, Wyllys não hesitou em enxergar o que eram: uma impostura tucana.
Por isso entrei em contato com ele, para ver o que uma pessoa que respeito tinha a dizer sobre posição do PSOL nesse processo que me parece injustificável, sobretudo à luz das revelações do Jornal Nacional, que mostrou uma gravação em que o líder grevista Marco Prisco e um interlocutor decidem promover atos para aterrorizar a população a fim de pressionar o governo do Estado, e outra em que liderança do movimento prega que não se faça acordo com o governo visando levantar outra greve, agora no Rio de Janeiro.
Wyllys faz duras críticas ao PT e acusa-o de, quando na oposição, ter feito o mesmo que o PSOL faz hoje em apoio a greves;
Julga o movimento justo e repudia a sua sufocação inspirado pelo instituto do direito de greve e pelas aspirações legítimas que todos os policiais brasileiros têm;
Duvida de que a população baiana esteja acuada como dizem;
Entende que o aumento da criminalidade e até das mortes são responsabilidade do governo baiano e não dos grevistas;
E nega, terminantemente, que o PSOL esteja fazendo mais do que apoiar um movimento que julga legítimo, pois rejeita que confundam os que agem criminosamente com milhares de outros grevistas que não agem assim.
Particularmente, devo dizer que acredito na honestidade de intenções do deputado.
Se o PSOL, então, não insufla o movimento, como me parece ser, a insuflação pode provir de um movimento nacional em que lideranças equivocadas e até mal-intencionadas estariam manipulando milhares de trabalhadores para que pratiquem atos que poderão lhes causar danos irreparáveis sem lhes propiciar vitória alguma.
Os excessos na Bahia acabaram com o movimento, a meu ver. O governo baiano não tem como negociar diante do que foi praticado. Poucos grevistas prejudicaram a todos. Todo o povo baiano está acuado, sim. É absurdo que uma categoria imponha tal situação a toda uma sociedade.
O caso, aliás, já saiu da esfera estadual porque o governo federal, através de suas tropas, assumiu as funções de uma polícia que o governador Jacques Wagner já não controla.
E o mais trágico é que, até o momento, os governos (federal e estaduais) não disseram um A sobre desmilitarização e unificação das policias civil e militar, medida que nove entre dez especialistas consideram vital para impedir que prossiga esse caos na Segurança Pública, seja em São Paulo, no Rio ou na Bahia.
Em um primeiro momento não se entendia a razão de só a Polícia Militar baiana ter se levantado por aumento de salários. Afinal, os soldos, naquele Estado, estão longe de ser os piores do país, ficando pouco abaixo dos de São Paulo e quilometricamente acima dos soldos no Rio de Janeiro, os piores do país.
Uma observação: os soldos da PM no Rio explicam muita coisa sobre a corrupção policial naquele Estado.
Enfim, após matéria do Jornal Nacional que trouxe à tona gravações de conversas entre lideranças do movimento grevista em que se percebe planejamento do que, pura e simplesmente, pode ser qualificado como terrorismo, percebeu-se também que há uma orquestração nacional do movimento paredista da qual ainda não se enxerga bem a origem.
Como o movimento dos policiais militares baianos está sendo desfechado contra um governo petista, quem logo vem à mente são tucanos e demos. Todavia, as gravações do JN mostraram que há planos de lideranças grevistas de estender esse movimento a São Paulo ou Paraná, o que dispensa explicações sobre por que tucanos e demos não devem estar envolvidos.
Se os partidos que polarizam a disputa política nacional estiverem descartados como insufladores da greve, então, as atenções se voltam aos partidos mais à esquerda. Entre esses, o que está apoiando mais abertamente os grevistas é o PSOL.
O deputado do PSOL carioca Jean Wyllys é um político moderado – dentro do quanto se pode ter esse perfil em um partido como PSOL, o qual não faz questão nenhuma de ser visto como moderado. Por exemplo: enquanto seus correligionários apoiaram entusiasticamente as marchas contra a corrupção, ano passado, Wyllys não hesitou em enxergar o que eram: uma impostura tucana.
Por isso entrei em contato com ele, para ver o que uma pessoa que respeito tinha a dizer sobre posição do PSOL nesse processo que me parece injustificável, sobretudo à luz das revelações do Jornal Nacional, que mostrou uma gravação em que o líder grevista Marco Prisco e um interlocutor decidem promover atos para aterrorizar a população a fim de pressionar o governo do Estado, e outra em que liderança do movimento prega que não se faça acordo com o governo visando levantar outra greve, agora no Rio de Janeiro.
Wyllys faz duras críticas ao PT e acusa-o de, quando na oposição, ter feito o mesmo que o PSOL faz hoje em apoio a greves;
Julga o movimento justo e repudia a sua sufocação inspirado pelo instituto do direito de greve e pelas aspirações legítimas que todos os policiais brasileiros têm;
Duvida de que a população baiana esteja acuada como dizem;
Entende que o aumento da criminalidade e até das mortes são responsabilidade do governo baiano e não dos grevistas;
E nega, terminantemente, que o PSOL esteja fazendo mais do que apoiar um movimento que julga legítimo, pois rejeita que confundam os que agem criminosamente com milhares de outros grevistas que não agem assim.
Particularmente, devo dizer que acredito na honestidade de intenções do deputado.
Se o PSOL, então, não insufla o movimento, como me parece ser, a insuflação pode provir de um movimento nacional em que lideranças equivocadas e até mal-intencionadas estariam manipulando milhares de trabalhadores para que pratiquem atos que poderão lhes causar danos irreparáveis sem lhes propiciar vitória alguma.
Os excessos na Bahia acabaram com o movimento, a meu ver. O governo baiano não tem como negociar diante do que foi praticado. Poucos grevistas prejudicaram a todos. Todo o povo baiano está acuado, sim. É absurdo que uma categoria imponha tal situação a toda uma sociedade.
O caso, aliás, já saiu da esfera estadual porque o governo federal, através de suas tropas, assumiu as funções de uma polícia que o governador Jacques Wagner já não controla.
E o mais trágico é que, até o momento, os governos (federal e estaduais) não disseram um A sobre desmilitarização e unificação das policias civil e militar, medida que nove entre dez especialistas consideram vital para impedir que prossiga esse caos na Segurança Pública, seja em São Paulo, no Rio ou na Bahia.
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Confira, abaixo, reportagem do Jornal Nacional de quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
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Gravação revela que PMs grevistas da BA teriam planejado vandalismo
Jornal Nacional teve acesso a gravações feitas com autorização da Justiça.
Áudio mostra articulações para que a paralisação se estenda ao RJ e a SP.
Conversas gravadas entre os chefes dos PMs grevistas na Bahia mostram acertos para realização de ações de vandalismo na cidade. As gravações mostram também articulações para que a paralisação se estenda ao Rio de Janeiro, a São Paulo e outros estados. Os PMs envolvidos negam participação em ações violentas.
O Jornal Nacional teve acesso a gravações feitas com autorização da Justiça de conversas de líderes dos movimentos grevistas da Bahia e do Rio de Janeiro.
No primeiro trecho, o presidente de uma associação que reúne bombeiros e policiais baianos, Marco Prisco, combina uma ação de vandalismo com um de seus liderados. Prisco nega ter participado de atos de violência.
Leia abaixo um dos trechos de conversa:
- Prisco: Alô, oi. Desce toda a tropa pra cá meu amigo. Caesg e você. Desce todo mundo para Salvador, meu irmão… Tou lhe pedindo pelo Amor de Deus, desce todo mundo para cá…
- David Salomão: Agora?
- Prisco: Agora, agora. Embarque…
- David Salomão: Eu vou queimar viatura… Eu vou queimar duas carretas agora na Rio/Bahia que não vai dar tempo…
- Prisco: fecha a BR aí meu irmão. Fecha a BR.
Em outra gravação, quem aparece falando é o cabo bombeiro do Rio de Janeiro, Benevuto Daciolo. Ele já foi candidato a deputado estadual no Rio e foi um dos líderes do movimento grevista da corporação no ano passado.
Daciolo conversa com um homem a quem ele classifica de “importantíssimo” a respeito de uma possível votação da PEC 300, a emenda constitucional que garantiria um piso salarial único para bombeiros e policiais de todo o Brasil. Nesta conversa fica claro que o objetivo é estender a greve de policiais e bombeiros a Rio de Janeiro, São Paulo e outros estados com o objetivo de prejudicar o carnaval.
Dacilolo: Pergunta ao senhor que é pessoa importantíssima a respeito da nossa PEC…pergunto: qual é a verdadeira possibilidade de nós conseguirmos passarmos em segundo turno na semana que vem? Não sei se o senhor sabe. Eu estou com uma assembleia Geral amanhã no Rio de Janeiro, com a abertura de uma greve geral no Rio também, com probabilidade de não ter carnaval nem na Bahia nem no Rio esse ano. E São Paulo acho que está para dar uma resposta agora e os outros estados também. Nós acreditamos que, se tivesse uma resposta do governo, assinalando numa possibilidade de votação no segundo turno da PEC, acalmaria muito, muito o que está acontecendo na Federação.
Em outro trecho, o cabo Daciolo, que estava em Salvador, ouve de uma mulher uma recomendação para que tente influenciar o movimento dos grevistas baianos a não fechar um acordo com o governo. Segundo esta mulher, isto enfraqueceria uma possível greve no Rio.
Mulher: Daciolo, Daciolo, presta atenção. Está errado fechar a negociação antes da greve do Rio…
Daciolo: Tudo bem, tudo bem… sabe o que vou fazer agora??? Ligue para ele que eu vou embora daqui, não vou ficar mais aqui.
Mulher: Eles não querendo que você avalize um acordo antes da greve do Rio. Depois da greve do Rio, muda tudo. Sabe como você vai ajudar eles? Voltando para o Rio, garantindo aqui. O governo vai fazer uma propostinha rebaixada para vocês, vai melhorar um pouquinho esse negócio que eles colocaram. E acho…se vocês garantirem a greve aqui, a mobilização aqui, vocês vão ajudar eles a liberar o Prisco, a ter uma negociação…
Outro lado
Ouvido pela equipe do Jornal Nacional por telefone, o cabo Daciolo disse não se recordar da conversa gravada e alegou estar participando de um movimento pacífico na Bahia.
Rio de Janeiro
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, disse que as gravações comprovam que o movimento tem como objetivo gerar insegurança na população e provocar distúrbios que ameaçam a lei e a ordem. Para o governador, essas pessoas não representam o sentimento da maioria dos profissionais de segurança do estado.
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