Por Altamiro Borges
Em clima de euforia, a TV Globo anunciou ontem (28) a extensão de um “acordo” com a Fifa que garante o direito de transmissão da Copa do Mundo até 2022 – o que inclui os mundiais que serão disputados na Rússia e Catar. Diante do inesperado “golpe”, a TV Record chiou e informou que entrará na Justiça contra a decisão. Em nota oficial, a direção da emissora protestou:
“O acordo com a concorrência foi anunciado sem que qualquer outra empresa de comunicação brasileira tenha sido consultada”. A Record, que já manifestará aos cartolas da Fifa a intenção de disputar o direito de transmissão dos jogos, considerou o anúncio “estranho”. Lembrou que a entidade promove licitações nos outros países, mas não adotou o mesmo procedimento no Brasil.
As históricas negociatas com a Fifa
A nota também fustiga a rival, sem citar seu nome, que “gosta de se auto- intitular como um dos maiores grupos de comunicação do mundo”, mas “não aceita concorrência livre em que a melhor proposta seja a vencedora”. A decisão da TV Record de ingressar na Justiça para atrapalhar as históricas negociatas entre a Fifa e a TV Globo – em que os telespectadores são as maiores vítimas.
Diante das críticas, a TV Globo tratou com o seu habitual desdém as outras emissoras. “Não há qualquer obrigação legal de uma entidade privada como a Fifa fazer concorrência”. Arrogante, disse que “a Fifa destacou que sua decisão foi o reconhecimento do valor da parceria bem sucedida com a Globo, que contribui, com seu alcance, audiência e qualidade, para a grande valorização dos eventos”, segundo relato do portal Terra.
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Leia a íntegra do comunicado oficial da Rede Record
A Rede Record vem a público manifestar absoluta surpresa com a decisão da Fifa de prorrogar o acordo de direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2018 e 2022 para o Brasil com uma outra emissora sem qualquer licitação.
A Record foi informada em 2010, logo após o término da Copa do Mundo, pelo diretor de TV da Fifa, sr. Niclas Ericson, de que haveria uma concorrência pelos direitos de transmissão dos eventos promovidos pela Fifa em 2018 e 2022, conforme provam e-mails trocados entre executivos da Record e a Fifa. No encontro realizado no Hotel Fasano, no Rio de Janeiro, a direção de nossa empresa ouviu garantias de que a licitação seria pública, transparente e aberta em regime semelhante ao que a Fifa realiza em países do mundo inteiro. Na oportunidade, a Record também entregou à Fifa um documento oficial afirmando que concorda com todas as condições para a aquisição dos eventos.
O acordo com a concorrência foi anunciado sem que qualquer outra empresa de comunicação brasileira tenha sido consultada, A informação foi divulgada no mesmo espaço de notícias em que a Fifa anuncia a abertura de licitação dos direitos para centenas de países da Europa, como Alemanha, Itália e Portugal; da Ásia como China e India; da Oceania como Austrália, da África, além de Estados Unidos, Canadá, América Central e da própria América do Sul.
É estranho verificar que para o Brasil o método seja outro. Um contrato sem concorrência decidido “fora do horário comercial”, sem ser à luz do dia e de forma transparente.
Relevante, também, ressaltar que a empresa que teve seu acordo prorrogado com a FIFA gosta de se auto intitular como um dos maiores grupos de comunicação do mundo. Em contrapartida, mostra em seus métodos que não aceita concorrência livre em que a melhor proposta seja a vencedora.
A Record informa que pretende estudar as melhores medidas judiciais cabíveis na Suiça e no Brasil que garantam os direitos internacionais de negociação.
Acreditamos na justiça e nas entidades mundiais de defesa do livre comércio sediadas na Suiça. Organizações que, justamente, combatem práticas de monopólio, protecionismo e corrupção.
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