segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Em Marabá e Santarém, plebiscito mostra sentimento de abandono da população.

Manuel Dutra
Jornalismo, Ciência, Ambiente



Por Danilo Macedo

Agência Brasil


Em 2010, enquanto o governo estadual gastou R$ 1.908,39 para cada habitante nessa região, em Carajás foram R$ 536,62 e no Tapajós, R$ 373,51. Em relação aos investimentos, o valores foram R$ 223,01, R$ 95,96 e R$ 60,20, respectivamente.


Marabá (PA) - O plebiscito realizado nesse domingo (11) no Pará mostrou que 66,6% dos eleitores que foram às urnas são contra a divisão do estado para a criação de dois novos: Carajás e Tapajós. No entanto, nas cidades que deveriam se tornar capitais dessas novas unidades da Federação, Marabá e Santarém, respectivamente, a votação expressiva acima dos 90% a favor da divisão demonstra a insatisfação e o sentimento de abandono da população.


Esse sentimento pode ser justificado pelos baixos investimentos estaduais nos municípios das duas regiões. De acordo com dados do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), os gastos e investimentos estaduais per capita feitos em Carajás e no Tapajós são bem menores do que em municípios que permaneceriam no Pará.


Em 2010, enquanto o governo estadual gastou R$ 1.908,39 para cada habitante nessa região, em Carajás foram R$ 536,62 e no Tapajós, R$ 373,51. Em relação aos investimentos, o valores foram R$ 223,01, R$ 95,96 e R$ 60,20, respectivamente.


Para a pedagoga Magda Alves, que assistiu à apuração no telão colocado em frente ao Tribunal Regional Eleitoral em Marabá, os mais de 90% de votos da cidade a favor da criação do estado de Carajás são o grito de uma região dizendo que precisa de atenção. “Tem que haver mudança na gestão pública, no direcionamento dos recursos, na maneira como nossos políticos eleitos se comportam em relação à nossa região, tudo isso tem que mudar”.


A advogada Cláudia Chini disse, logo após o resultado, que “esse plebiscito demonstrou a indignação de uma população que está há décadas largada pelo descaso dos governantes".


Moradores de Marabá, procedentes em grande parte de outros estados, também mostram insatisfação quando falam da divisão. "Não temos educação, saneamento, segurança, as cidades mais violentas do país nós estamos encampando aqui e, infelizmente, não temos representatividade no Congresso”, disse Cláudia.


O governador do Pará, Simão Jatene, que antes do plebiscito de manifestou publicamente contra a divisão do estado, falou em “pacto pelo Pará” após o resultado e disse que o debate sobre a divisão exige uma rediscussão sobre responsabilidades com a esfera federal.


No site do governo na internet, Jatene diz que o Estado não está conseguindo chegar onde as pessoas estão e que é o momento de todo o país refletir sobre isso. Ele admitiu que o sentimento das pessoas é genuíno porque realmente há distância e ausência, “uma insuficiência do Estado brasileiro” em relação a essas populações. Para o governador, o caminho, no entanto, não é a separação.



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