Qualquer cidadão respeitável, honesto e interessado no bem comum da sociedade deve se indignar com o que certos veículos de comunicação estão fazendo em favor de legítimos criminosos. A parcela da mídia que age como partido político enquanto jura ao seu público que é “isenta” tenta acobertar políticos envolvidos em corrupção e também transferir a culpa deles para os seus adversários políticos.
Serei mais específico: o colunista de O Globo Merval Pereira – e devem existir outros, desse e de outros veículos – está faltando com a verdade para com o público a fim de blindar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), no âmbito das descobertas da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que prendeu dezenas de membros de uma quadrilha liderada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira que explorava jogatina ilegal naquele Estado.
A mentira vem aparecendo aqui e ali, mas foi mais indignante em texto do supracitado que li no blog de Ricardo Noblat ontem (12 de abril). Ele disse que há mais indícios de envolvimento com Cachoeira pesando contra o governador de Brasília, Agnelo Queiróz (PT), do que contra seu homólogo goiano, Marconi Perillo.
É mentira. Contra o governador tucano pesam escutas da Polícia Federal que revelam que dezenas de indicações para cargos públicos no governo de Goiás foram feitas por Cachoeira e acabaram se materializando. Essas conversas, que no caso de Agnelo Queiróz estão sendo levadas pela mídia ao pé da letra, no caso de Marconi estão sendo tratadas como inexistentes.
Há, também, doações para campanhas eleitorais feitas por sócios de Cachoeira envolvidos nos crimes dos quais ele é acusado que beneficiaram o PSDB de Goiás e que terminaram financiando a campanha de Perillo. E não fica por aí. Ainda há suspeitas de licitações dirigidas, gravações de conversas do próprio governador tucano com o bicheiro e muito mais.
Tudo isso transparecerá na CPI, mas, como está fazendo agora, a mídia tentará esconder ou minimizar, nessa mesma CPI, as denúncias contra Perillo enquanto distorce e maximiza denúncias contra Queiróz e outros petistas e aliados, contra os quais qualquer menção de um peão da quadrilha, mesmo não tendo nenhuma materialização em termos de indicações para cargos públicos ou outros “negócios”, será tratada como prova de culpa.
Isto é, ao menos enquanto a contundência dessas denúncias não chegar ao ponto que chegaram as que foram feitas contra Demóstenes Torres, outro blindado pela mídia que só deixou de sê-lo quando já não havia mais jeito.
O que vazou até agora contra Queiróz é incomparavelmente menos grave do que aquilo que vazou contra Perillo, não passando, até aqui, de menções a pagamento de propina a um assessor e a um negócio de Cachoeira com o governo Distrital de Brasília que, pasme-se, foi feito na gestão anterior.
Contra Queiróz não há doações de campanha, não há indicações confirmadas, não há nada que tenha dito contra ele o membro da quadrilha de Cachoeira sargento Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, que tenha se confirmado. Todavia, muito do que diz essa quadrilha que recebeu de benefícios supostamente por ação de Perillo, concretizou-se.
Tais fatos têm sido fartamente denunciados. A revista Carta Capital publicou matérias que, em grande parte, a mídia escondeu. O repórter investigativo Leandro Fortes, entre outros, vasculhou o caso e deu aqueles fatos à luz. E o colunista de O Globo supracitado, entre outros, sabe disso. O que disse sobre os dois governadores, portanto, não passa de mentira que visa blindar um aliado político dos patrões.
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