A POLÍTICA PASSADA A LIMPO...
Os deputados federais mineiros Margarida Salomão (PT) e
Padre João (PT) avaliaram positivamente nesta quarta-feira (5) a decisão do
Ministério Público Estadual (MPE) de Minas Gerais de instaurar inquérito civil para
apurar fatos envolvendo repasses de verbas publicitárias do governo do estado
para a Rádio Arco-Íris (Jovem Pan BH).
A empresa de comunicação tem como sócios o senador Aécio
Neves (PSDB-MG) e sua irmã Andrea Neves. O período investigado pelo MPE é de
2003 a 2010, período em que o senador ocupou o cargo de governador.
A Rádio São João Del Rei S/A e a Editora Gazeta de São João
Del Rei Ltda, que também receberam recursos públicos durante a gestão de Aécio
Neves no governo de Minas, serão investigadas. Essas empresas pertencem a Andrea
Neves, atualmente presidente do Serviço Voluntário de Assistência Social
(Servas).
“As forças democráticas do Estado comemoram essa ação do MPE
como uma vitória. Embora o Ministério Público esteja cumprindo o seu dever,
esse ato constitui uma quebra, uma ruptura da blindagem, que tanto Aécio como
sua irmã Andrea têm desfrutado”, disse a deputada Margarida Salomão. De acordo
com Margarida, do ponto de vista institucional, ocorre um “eco” que reflete as
preocupações do povo mineiro. “Estamos convencidos de que a Justiça mineira vai
cumprir o seu dever”, enfatizou Margarida Salomão.
Ainda segundo a deputada, a movimentação do Ministério
Público cria expectativa na sociedade de elucidação dos fatos que envolvem a
figura de um ex-governador, hoje senador, e da irmã dele, então gestora de
Comunicação Social do Governo. “Ela (Andrea) é quem definia para onde iam as
verbas publicitárias. Aqui nós temos uma relação incestuosa do público com o
privado. A rádio recebeu recursos públicos (alega o senador que de forma legal)
e os destinou para, entre outras coisas, comprar um Land Rover que o
ex-governador fazia uso privado. Essas coisas têm causado indignação na opinião
pública mineira”, salientou a petista.
Para o deputado Padre João, a Justiça mineira começa a
acordar diante de tantas denúncias que envolvem Aécio Neves e membros da
família dele. “O Ministério Público tem um papel importante, no entanto, eles
ficaram indiferentes durante quase 10 anos em relação ao desvio do dinheiro
público praticado na gestão tucana. Nós acreditamos nesse despertar do MP.
Espero que ele cumpra, de fato, o papel a ele delegado. O povo não pode ser
punido com a má destinação ou desvio de recursos público”, observou .
O parlamentar petista relatou que, à época, a Assembleia
Legislativa de Minas Gerais tentou instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) para investigar o caso, mas, segundo ele, foi barrada pelos defensores do
governo tucano de Aécio Neves. “Minas é um estado governado por Lei Delegada,
aniquilando o Poder Legislativo. Houve tentativa de CPI que foi impedida. Cabe
ao MP e ao Judiciário ir a fundo na investigação, levantar todos os valores e
punir, não só o senador, mas os responsáveis que ilegalmente receberam dinheiro
público”, defendeu o deputado Padre João.
Os fatos
A parceria comercial entre Aécio e a Rádio Arco-Íris só foi
descoberta porque o senador foi parado em operação policial na cidade do Rio de Janeiro, em abril do
ano passado, e teve a carteira de habilitação (vencida) apreendida ao recusar o
teste do bafômetro. O senador era o condutor de um veículo Land Rover, de
propriedade da Rádio Arco-Íris (Jovem Pan FM-BH), emissora que recebe
regularmente recursos públicos do Estado de Minas Gerais.
Benildes Rodrigues
No PT na Câmara
No PT na Câmara
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