sábado, 1 de junho de 2013

Tributo de Veja exalta um Civita que não existiu

 
Edição especial da revista dedicada ao empresário Roberto Civita destaca um editor equilibrado, que "abominava os extremos na política" e pregava a "busca honesta da verdade"; obituário feito pela revista Forbes, no entanto, aponta a Abril como uma das casas editoriais mais odiadas do Brasil, em razão da opção pela direita radical e de sua oposição clara ao Partido dos Trabalhadores

247 - Dificilmente, seria diferente. Mas já que Veja decidiu dedicar uma edição especial ao seu criador Roberto Civita, faltou aplicar critérios jornalísticos à apuração. Das dezenas de páginas escritas sobre ex-presidente da Editora Abril, falecido há uma semana, emerge um editor equilibrado, apaixonado pela verdade e sem inclinações políticas ou partidárias.

Na carta ao leitor, escrita pelo diretor Eurípedes Alcântara, Civita é apontado como um editor que "abominava os extremos da política" e que montou uma equipe empenhada em "publicar na revista o resultado da busca honesta da verdade".

Nada mais falso. O que transformou Civita em uma "referência", como definiu a presidente Dilma Rousseff, foi justamente seu engajamento e sua opção clara contra o PT e qualquer iniciativa de natureza trabalhista ou popular. A diferença de Veja em relação a outras publicações de corte conservador e liberal, como a britânica The Economist, é o fato de que lá – ao contrário daqui – as opções políticas são assumidas abertamente por seus editores.

Sobre a busca honesta pela verdade, também não há amparo na realidade – os dólares de Cuba que o digam! De alguns anos para cá, Veja se destacou justamente pela busca apaixonada dos seus objetivos políticos – como ficou claro, por exemplo, na cobertura da Ação Penal 470, em que ministros do Supremo Tribunal foram vergonhosamente intimidados.

Por isso mesmo, a revista americana Forbes, que também tem inclinações conservadoras, escreveu um obituário mordaz – e mais preciso – sobre Civita. Segundo a revista, a Abril seria uma das "casas editoriais mais odiadas do Brasil", em razão de sua opção pela direita e da oposição clara ao Partido dos Trabalhadores (leia a íntegra em http://www.forbes.com/sites/andersonantunes/2013/05/27/billionaire-roberto-civita-brazilian-media-baron-dies-at-76/).

Ao abraçar o radicalismo, Civita deixa um legado difícil para seus sucessores Giancarlo, Roberta e Victor, que serão tentados a manter a receita editorial do pai, num momento em que os dividendos políticos – e econômicos – desse modelo parecem estar chegando ao fim.


http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/103795/Tributo-de-Veja-exalta-um-Civita-que-n%C3%A3o-existiu.htm

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