Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
classifica como "assunto privado" o escândalo da mala de R$ 100 mil que
um de seus assessores levava ao deputado João Maia (PR-RN) quando foi
assaltado; Alves diz que tomou um empréstimo no Banco do Brasil e que
resolveu pagar a suposta compra de um apartamento em dinheiro vivo, e
não por meio de uma simples transferência bancária ou com um cheque
porque este seria um "direito seu"; tudo muito estranho
247 - Imagine você, caro leitor, que estivesse
comprando um apartamento. E o que o fizesse por meio de recursos legais,
obtidos por meio de um empréstimo tomado junto ao Banco do Brasil. De
que maneira realizaria o pagamento? Com um cheque ou com uma
transferência bancária. Apenas aqueles que gostam de viver perigosamente
ou não podem justificar a origem dos seus recursos decidiram
transportar os recursos em espécie. Afinal, por que correr o risco de
ser assaltado e ainda ter que pagar o empréstimo?
O deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara dos
Deputados, está nesta situação. Perdeu R$ 100 mil e, se o empréstimo for
verdadeiro, terá que pagá-lo.
Neste fim de semana, ao comentar o caso, ele foi, mais uma vez, evasivo.
"É um assunto privado, particular, um dinheiro que era meu, tenho como
provar. Fiz um empréstimo de 100 000 reais. Dinheiro meu, que estava
sendo conduzido", disse Alves. E por que não a transferência bancária, e
sim a transferência em espécie? "É um direito que é meu. É um pouco de
invasão de privacidade”, respondeu o deputado.
Segundo reportagem anterior do 247, o dinheiro era destinado ao deputado potiguar João Maia (PMDB-RN). Leia abaixo:
Exclusivo: mala de Alves ia para o deputado João Maia
É o que consta no depoimento à polícia do DF do secretário
parlamentar Wellington Ferreira da Costa, que teve R$ 100 mil levados em
assalto na via L4 Norte, próximo ao campus da Universidade de Brasília
(UnB), no último dia 13 de junho; o assessor do presidente da Câmara,
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), se recusou a dizer qual era o motivo
do pagamento; polícia investiga uma série de fatos incomuns relacionados
ao suposto roubo
Realle Palazzo-Martini _247 - O secretário parlamentar
Wellington Ferreira da Costa, que há 20 anos trabalha para o presidente
da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse em
depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal que R$ 90 mil dos R$ 100
mil que lhe foram roubados no último dia 13 de junho no Setor de Clubes
Sul, em Brasília, eram destinados ao deputado federal João Maia (PR-RN),
conterrâneo de Alves. Costa recusou-se a dizer qual era o motivo do
repasse ao deputado potiguar e assegurou que os R$ 10 mil restantes
pertenciam a ele. O peemedebista confirmou que o dinheiro lhe pertencia.
Segundo apurou o 247 com exclusividade, o assessor foi
inquirido e reinquirido por policiais civis de Brasília na tentativa de
elucidar o suposto roubo. Segundo o relato de Costa, um Fiat Strada
branco teria freado bruscamente à frente do Chevrolet Ômega que
conduzia, provocando a colisão traseira. Da picape teriam saído dois
homens armados que se apresentaram como policiais civis da 2ª Delegacia
de Polícia, na Asa Norte. Eles levaram uma maleta com o dinheiro, um
iPad e um IPhone.
A informação prestada em depoimento pelo assessor do presidente da
Câmara veio a público depois que o caso foi transferido para a Delegacia
de Repressão a Furtos (DRF). Alguns dias depois, Alves teve atuação
decisiva para derrubar a PEC 37, que restringia os poderes de
investigação do Ministério Público e reforçava o papel da polícia
judiciária (civil e Federal). A polícia do DF não descarta pedir
informações ao Banco do Brasil para confirmar se o volume do saque
informado pelo assessor, os exatos R$ 100 mil, é verdadeira ou se o
montante pode ter sido maior.
Na quinta-feira (18), Alves afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo
que o dinheiro roubado era mesmo seu, fruto de um empréstimo
(consignado) tomado junto à agência do Banco do Brasil na Câmara. O
destino seria um pagamento particular. O presidente da Câmara não quis
revelar o recebedor (João Maia) e cobrou apuração do roubo pela polícia
do DF.
Inconsistências
Durante as investigações, a Polícia Civil de Brasília deparou-se com uma
série de pontos obscuros relacionados ao roubo. Entre eles está a
perícia da colisão dos veículos. As duas lanternas dianteiras do carro
do assessor estavam quebradas e os estilhaços, no chão da avenida, mas
não havia danos na grade dianteira do Ômega. Nesses casos, normalmente
há danos em toda a região frontal do veículo.
A denúncia do ocorrido chegou à 2ª DP na Asa Norte através de um homem
que logo foi embora sem sequer se identificar. Antes mesmo de a equipe
de investigadores chegar à Via L4 Norte, local do episódio, distante
poucos metros da DP, uma equipe da TV Globo e outros dois policiais
civis já estavam lá. Os policiais se limitaram a dizer que eram amigos
de Cunha, ignoraram a jurisdição dos colegas, colocaram o assessor em
seu veículo e deixaram a cena do crime.
Outro ponto a levantar suspeitas na investigação foi a subtração dos
aparelhos eletrônicos. No que parece ter sido um roubo planejado com
minúcias, os supostos assaltantes acabaram se expondo desnecessariamente
ao levar o IPhone e o IPad, aparelhos que podem ser facilmente
rastreados. O telefone foi abandonado em um estacionamento da
Universidade de Brasília (UnB). Já o tablet foi jogado em uma área na QL
10 do Lago Sul.
A polícia também achou curioso o fato de o assessor ter feito o saque
dos R$ 100 mil em 12 de junho e planejado entregar a João Maia apenas no
dia seguinte. O polícia ainda questiona o fato de Cunha circular com os
R$ 10 mil em espécie que garantiu ser de sua propriedade.
Denúncias
Em seu segundo mandato consecutivo, o deputado João Maia já foi alvo de
denúncias de formação de caixa 2 e de omissão de bens à Justiça
Eleitoral. Em 2009, ele teria omitido possuir uma casa em Brasília no
valor de R$ 5 milhões, além de um avião avaliado em R$ 500 mil. No final
de 2010, Maia foi denunciado pelo Ministério Público Federal por
supostos recursos não contabilizados na campanha. Foi absolvido pelo
Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte.
Em dezembro de 2010, a Polícia Federal prendeu um sobrinho de João Maia
por supostas práticas ilícitas. Gledson Maia, também parente do
ex-diretor do Senado Agaciel Maia, foi acusado de participar de um
esquema de fraude em obras da duplicação da BR-101 no Rio Grande do
Norte. A operação estava inserida no que foi denunciado pela Revista
Veja como o "mensalão do PR" no Ministério dos Transportes.
Devido às "férias" parlamentares, João Maia e Henrique Eduardo Alves não foram encontrados para comentar o depoimento.
http://saraiva13.blogspot.com.br/2013/07/henrique-alves-se-enrola-mais-com-mala.html
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