RELAÇÕES ESTRANHAS
Empresa investigada por receber R$ 2,5 milhões de Marcos Valério contratou filho de Joaquim Barbosa
por Helena Sthephanowitz
Se Barbosa é relator da ação que envolve Valério, não deveria ter mais atenção a este tema?
O grupo Tom Brasil contratou Felipe Barbosa, filho do presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, para assessor de
Imprensa na casa de shows Vivo Rio, em 2010. Até poucos dias atrás,
antes de ele ir trabalhar na TV Globo com Luciano Huck, Felipe ainda era
funcionário da Tom Brasil.
Nada demais, não fosse um forte inconveniente: a Tom Brasil é
investigada no inquérito 2474/STF, derivado do chamado “mensalão”, e o
relator é seu pai Joaquim Barbosa. Este inquérito, aberto para
investigar fontes de financiamento do chamado “mensalão”, identificou
pagamento da DNA propaganda, de Marcos Valério, para a Casa Tom Brasil,
com recursos da Visanet, no valor de R$ 2,5 milhões. E quem autorizou
este pagamento foi Cláudio de Castro Vasconcelos, gerente-executivo de
Propaganda e Marketing do Banco do Brasil, desde o governo FHC.
Estranhamente não foi denunciado na AP-470 (chamado “mensalão”) junto
com Henrique Pizzolato.
Outra curiosidade é que um dos sócios do grupo Tom Brasil, Gladston
Tedesco, foi indiciado na Operação Satiagraha, sob a acusação de evasão
de divisas como cotista do Opportunity Fund no exterior, situação vedada
a residentes no Brasil. Ele negou ao jornal Folha de S. Paulo que tenha
feito aplicações no referido fundo.
Tedesco foi diretor da Eletropaulo quando era estatal em governos
tucanos, e respondeu (ou responde) a processo por improbidade
administrativa movida pelo Ministério Público.
Pode ser só que o mundo seja pequeno, e tudo não passe de coincidência,
ou seja lobismo de empresários que cortejam o poder, embora o ministro
Joaquim Barbosa deveria ter se atentado para essa coincidência
inconveniente, dada a sua dedicação ao inquérito. Entretanto, não custa
lembrar que se o ministro, em vez de juiz, fosse um quadro de partido
político, o quanto essa relação poderia lhe causar complicações para
provar sua inocência, caso enfrentasse um juiz como ele, que tratou
fatos dúbios como se fossem certezas absolutas na Ação Penal 470. Também
é bom lembrar que o ministro Joaquim Barbosa já declarou que não tem
pressa para julgar o mensalão tucano, no qual Marcos Valério é acusado
de repassar grande somas em dinheiro para a campanha eleitoral dos
tucanos Eduardo Azeredo e Aécio Neves.
PS O Cafezinho: Barbosa manteve-se o inquérito 2424 em sigilo absoluto.
Neste inquérito, constavam documentos que podiam inocentar vários réus
da Ação Penal 470. Os documentos também envolviam, conforme denúncia da
Rede Brasil Atual, o seu próprio filho, que trabalhou numa empresa
investigada por receber R$ 2,5 milhões de Marcos Valério. Tudo muito
estranho. Ainda iremos escrever um bocado sobre isto. Aguardem.
http://saraiva13.blogspot.com.br/2013/07/joaquim-barbosa-escondeu-laudo-que.html
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