Por Altamiro Borges
O requerimento de convocação de Policarpo Júnior, editor-chefe da revista
Veja, nem sequer foi votado na reunião da CPI do Cachoeira na manhã de hoje. Ele
ficou para ser analisado na próxima semana e garantiu mais alguns dias de
tranquilidade para a famiglia Civita, acusada de envolvimento com o crime
organizado. A proposta de convocação foi apresentada pelo líder do PT na Câmara
Federal, deputado Jilmar Tatto.
O parlamentar acusou Policarpo de ser "um pseudo
jornalista, que envergonha a profissão". Apesar de não ter sido votada, o
deputado ainda não desistiu da convocação. "Espero que isso aconteça no tempo
certo". O senador Fernando Collor de Mello também não desistiu da iniciativa.
Ele declarou aos integrantes da CPI que considera Policarpo "um bandido" e
lamentou que o requerimento não tenha sido aprovado de imediato.
Fortes indícios e pressão crescente
A proposta de convocação do editor-chefe da Veja ganhou impulso com a
edição da revista CartaCapital desta semana. A reportagem de Leandro Fortes
comprova as relações íntimas entre Policarpo e Cachoeira, com a publicação de
várias escutas telefônicas. Numa delas, o "jornalista" pede ao mafioso que
grampeie ilegalmente um parlamentar de Goiás. Noutra, Cachoeira festeja o
arquivamento de uma matéria na Veja. As gravações explicitam as relações da Veja
com o crime organizado por motivos políticos e econômicos.
Apesar das inúmeras evidências, muitos parlamentares ainda temem enfrentar
a "poderosa" publicação. Eles querem garantir algum espaço na revista e ficam
apavorados com os seus "jagunços de reputações". Alguns utilizam o falso
argumento da "liberdade de expressão", que confundem com liberdade do monopólio,
para aliviar a barra da famiglia Civita - nem mesmo Rupert Murdoch, o chefão do
maior império midiático do planeta, foi salvo por esta desculpa
esfarrapada.
Com o desenvolvimento das investigações da CPI do Cachoeira, porém,
torna-se quase inevitável a convocação de Policarpo e o seu chefão, Bob
Civita.
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