Ouso dizer que se de repente a Globo simplesmente evaporasse da face
da Terra, nem os outros braços do aparato político-ideológico-midiático
que a organização multimídia da família Marinho lidera iriam chorar por
seu sumiço; comemorariam com fogos de artifício
A parcela da sociedade política e ideologicamente alinhada aos
governos progressistas que há uma década vêm conseguindo manter o poder
contra essa máquina midiática, vem cometendo um erro de avaliação sobre o
que convencionou chamar de “grande mídia”.
Hoje, no Brasil, há um só grupo de mídia que, nadando contra a
corrente que arrasta outros grandes grupos, vem obtendo lucros
estratosféricos, crescendo e se solidificando a cada ano: as
Organizações Globo.
É um fenômeno impressionante. De 2002 a 2012, a Globo perdeu 22% de
sua audiência em rede nacional. Em 2002, no Painel Nacional de Televisão
(PNT), a média diária da emissora, entre 7h à 0h, era de 22,2 pontos.
De janeiro a agosto de 2012, a média diária foi de 17,4 pontos. Cada
ponto equivale a 191 mil domicílios no país.
Em uma década, porém, a participação da Globo nos investimentos
publicitários em TV aberta se manteve em 70%. O faturamento bruto da TV
aberta da Globo com anúncios passou de R$ 5,65 bilhões em 2002 para R$
18 bilhões em 2011.
Mais impressionante ainda: o lucro da Globo, ano passado, subiu 36% e
chegou a R$ 2,9 bilhões – um aumento de 35,9% ante o resultado do ano
anterior –, apesar da queda de audiência.
O paradoxo entre queda de audiência e aumento do faturamento se deve à
estratégia multimídia das Organizações Globo. Além da principal
emissora de TV do país, o grupo também detém jornais e revistas, além de
participação em empresas como a Net e Sky e nos canais pagos da
Globosat, como SporTV, Multishow e Telecine.
Não existe país nenhum no mundo com um império de comunicação como esse.
Isso ocorre enquanto outros grandes grupos de mídia como a Rede
Record, o Grupo Folha, o Grupo Estado e a Editora Abril vêm amargando
seguidos prejuízos.
O mais impressionante é o resultado publicitário da Globo no que
tange a verbas oficiais. Apesar da queda de audiência, as plataformas de
mídia globais açambarcam 64% das verbas de publicidade do governo
federal.
Como resultado dessa ditadura midiática e política, os irmãos João
Roberto, Roberto Irineu e José Roberto Marinho ocupam, respectivamente, o
7º, o 8º e o 9º lugares na lista que a revista Forbes publica dos
homens mais ricos do Brasil.
João Roberto e Roberto Irineu acumulam hoje uma fortuna de 8,7
bilhões de dólares cada um. Já José Roberto tem uma fortuna estimada em
8,6 bilhões de dólares.
Como não existe um marco regulatório que vete a monopolização de
tantas plataformas de mídia – que, em enorme parte, são concessões
públicas entregues aos Marinho pelo governo federal –, enquanto a Globo
lucra como nunca os grupos de mídia que atuam politicamente em
consonância com a ditadura global vão ficando com as gordas migalhas que
caem da mesa, mas que não bastam para impedir-lhes os problemas
financeiros.
Mas por que, então, vemos impérios de comunicação como o Grupo Folha,
o Grupo Estado, a Editora Abril e outros aliarem-se à guerra aberta que
a Globo, de forma aparentemente inexplicável, trava com um governo
federal que se entrega à sua voracidade por dinheiro e concessões
públicas?
A questão parece ser muito mais ideológica do que prática. Apesar de
forrar as Globos com a parte do leão das verbas e das concessões
públicas, os governos do PT são vistos pelo resto da grande mídia como
inimigos do capitalismo.
As famílias Frias, Mesquita, Civita e congêneres acham que um governo
tucano, por exemplo, distribuiria mais benesses ainda e as salvaria de
uma situação que, em verdade, deve-se à voracidade Global.
Assim, os governos do PT tornaram-se o inimigo comum de grupos de
mídia que, por trás da aparente cordialidade, são adversários ferozes na
disputa pelas benesses do Estado.
Mas a Globo não prejudica o resto da comunicação no Brasil apenas
ficando com quase tudo em termos de publicidade oficial e privada. A
hegemonia da organização da família Marinho prejudica o país ao impor
costumes, vetar projetos governamentais, leis, ao difundir ignorância,
preconceito e muito mais.
O padrão “racial” da publicidade e da televisão brasileiras, por
exemplo, que exclui a verdadeira etnia de nosso povo, é oriundo de uma
visão da Globo sobre o país. Novelas, publicidade, tudo o que se vê
retrata um país de aparência europeia porque a Globo criou e mantém esse
padrão.
A ausência de programas que discutam o país, que se aprofundem em
debates importantes, inclusive políticos, é oriunda de uma programação
da Globo feita para emburrecer e alienar o espectador.
Como a Globo é uma receita de sucesso, seu padrão é seguido pela
concorrência na mídia eletrônica, sobretudo na televisão. Haja vista as
cópias de excrescências como o Big Brother em outras emissoras, das
novelas bobinhas com elenco ariano etc.
A teledramaturgia global, em particular, é dramática – para fazer um
trocadilho. Novela após novela é encenada no eixo Rio-São Paulo, com
enredos que se repetem sem parar, com vilões e mocinhos – e mocinhas –
idênticos, sempre exaltando as classes sociais abastadas a que a cúpula
da Globo pertence.
Todo esse poder da Globo se deve à sua capacidade de chantagear a
classe política. Executivo, Legislativo e Judiciário ajoelham-se no
altar Global de Norte a Sul do país. Nem a Presidência da República
escapa.
Apesar de não vir conseguindo eleger o presidente da República desde
2002, a Globo, ao levar escândalos reais e inventados ao Jornal
Nacional, novelas, programas humorísticos etc., selecionando os que quer
expor e os que quer esconder, consegue a subserviência da República aos
seus ditames.
Se até os grandes grupos de mídia além da Globo estão sendo sufocados
por ela, imaginemos o que acontece com a mídia dita “alternativa”, que
deve desaparecer em poucos anos se nada mudar.
Todavia, a própria grande mídia – Globo excluída – não deve resistir
tanto assim. Com o passar do tempo, os Marinho irão adquirindo
participações de tudo até que estabeleçam um imenso monopólio da
comunicação nacional.
Não existe um só país da importância do Brasil e no qual vigore
regime verdadeiramente democrático que tenha praticamente toda a
comunicação nacional sob o tacão de uma única família, de um único
império empresarial de comunicação.
Após uma década de governos progressistas que conseguiram distribuir
renda, diminuir a pobreza e avançar em termos de solidificação da
economia, com aumento exponencial de infraestrutura etc., o Brasil
caminha para a Idade Média nas comunicações.
Como livrar o pais da ditadura da Globo? Boa pergunta. Se nem após
dez anos de governos do PT conseguimos dar um mísero passo para
desconcentrar o poder que a família Marinho começou a acumular graças à
ditadura, parece quase impossível mudar isso agora.
A Globo não tem hoje menos poder, tem mais, muito mais. E esse poder
está crescendo a cada ano. E se em 2013 conseguir colocar um despachante
no lugar de Dilma no Palácio do Planalto, melhor será mudar o nome do
país para República Global do Brasil.
http://www.blogdacidadania.com.br/2013/04/entenda-a-ditadura-da-globo/
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