Na surdina – mas nem tanto –, o Supremo Tribunal Federal vem sofrendo
pressões da mídia tida e sabida como de oposição ao governo Dilma
Rousseff e adversária política do PT. Tais pressões visam impedir que a
troca de membros daquela Corte (que está em pleno curso) resulte em
reversão de condenações do “núcleo político” do julgamento do mensalão.
Desde o fim do julgamento da Ação Penal 470, abriram-se duas vagas
para novos ministros e uma terceira ainda não foi aberta por razões
eminentemente políticas.
Dos 11 ministros que participaram do julgamento do mensalão e
condenaram os petistas José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha,
dois já deixaram o STF. Cesar Peluso e Carlos Ayres Brito abriram duas
vagas, mas apenas uma foi preenchida. Teori Zavascki, ex-ministro do
STJ, ocupou a vaga de Peluso, mas a de Britto, aberta em novembro, até
agora não foi preenchida.
Além das vagas de Peluso e Britto, em março deveria ter sido aberta
mais uma vaga, a do ministro Celso de Mello, quem, em meados de 2012,
antes do início do julgamento do mensalão, anunciou sua disposição de se
aposentar em março deste ano, o que não aconteceu.
Globo (televisões, rádios, jornais e revistas), Folha de São Paulo, O
Estado de São Paulo, a revista Veja, o PSDB, o DEM, o PPS e, acima de
todos, o ministro do STF Gilmar Mendes vêm pressionando o STF, plantando
“notícias” e fazendo pressão para que o ministro Mello, um dos mais
afoitos em condenar petistas, não se aposente até que o julgamento
termine de fato, com a apreciação de todos os embargos que podem, em
tese, inocentar aqueles condenados.
No fim de 2012, a revista Veja chegou a criar a campanha “Fica, Celso
de Mello”. Fontes no STF relatam que o ministro, que anunciara sua
aposentadoria em julho do ano passado, vem recebendo “incontáveis
apelos” para que postergue sua aposentadoria, pois inimigos do PT
acreditam que tanto o já nomeado Zavascki quanto outros novos ministros
optarão pela linha legalista e rejeitarão as condenações sem provas
feitas por Peluso, Britto e Mello sob pressão da mídia.
No momento, a prioridade da oposição partidária, judiciária e
midiática é impedir a nomeação do advogado tributarista Heleno Torres
para a vaga de Britto.
Torres conta com a simpatia do ministro Ricardo Lewandowski, um dos
poucos que divergiu da maioria que condenou réus do “núcleo político” do
mensalão e denunciou a impropriedade da teoria do “domínio do fato”
para promover tais condenações – o uso da teoria dispensou provas,
baseando-se em “verossimilhança” de culpas.
É voz corrente no STF que não existe o menor sentido em Heleno Torres
divulgar antecipadamente que seria escolhido, pois tal divulgação só
faria “queimá-lo”. No entanto, o jornal O Estado de São Paulo e a
revista Veja, na semana passada, divulgaram que Torres estaria
espalhando que já teria sido escolhido.
Neste fim de semana, a revista Época, da Globo, fez uma “denúncia”
contra o ministro Lewandowski, de que teria “primeiro prendido e depois
mandado soltar” o britânico Michael Misick, quem o Reino Unido acusa de
crimes e tenta fazer o Brasil extraditar.
Segundo a revista, Lewandowski teria agido assim porque o britânico
contratou o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado pelo PT de São
Paulo. A insinuação da matéria da Época é a de que Lewandowski, que diz
ser “ligado ao PT”, mudou de ideia sobre Misick quando ele contratou um
“advogado petista”.
No último sábado, o jornalista Luis Nassif publicou em seu blog a explicação de Lewandowski.
Entre tudo que a assessoria do ministro explicou, o fato principal é o
de que o Reino Unido não apresentou a tempo a fundamentação de seu
pedido para manter Misick preso.
Nos corredores do STF, até os bebedouros sabem que as variadas
pressões da mídia sobre aquela Corte (supra descritas) guardam relação
com o preenchimento das duas vagas de ministro – uma aberta e outra por
se abrir – com a – ainda possível – aposentadoria de Celso de Mello.
Com a tentativa de levarem o ex-presidente Lula ao banco dos réus, a
mídia acredita que o preenchimento por Dilma de uma ou duas vagas de
ministros no STF e da vaga de procurador-geral da República (que se
abrirá em julho) pode anular seus planos de destruir o PT antes da
eleição presidencial do ano que vem.
http://www.blogdacidadania.com.br/2013/04/midia-teme-que-novos-membros-do-stf-absolvam-mensaleiros-2/
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