Por Redação - de Brasília
Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (foto) respondeu, nesta
quarta-feira, às acusações da oposição de que a Polícia Federal tem
atuado de forma seletiva para perseguir adversários e proteger aliados
do governo.
– Toda vez que a PF apura algo, os que querem defender o investigado sempre dizem que é ação orquestrada – disse o ministro.
Ele assegura que a atuação da Polícia Federal é “republicana, autônoma e independente de qualquer interferência política”.
– Já ouvir dizer, às vezes até de pessoas da base aliada, que a PF
estaria atuando contra o governo e que o ministro da Justiça havia
perdido o controle da PF. Mas será que a PF deve ter controle? –
questiona o ministro da Justiça.
Cardozo observa que esse tipo de atuação destinada a proteger amigos e
perseguir inimigos era típica da idade média e não dos dias atuais.
– Agora, é a oposição que acusa – disse.
O ministro acrescentou que, no fundo, o que se critica é a atuação republicana da Polícia Federal.
– Não há cores políticas nem ideológicas nas investigações. O que há é
a apuração de fatos. Portanto, podem ficar absolutamente tranquilos:
aqui não se persegue governador, deputado ou senador por ser do PSDB, do
PT, da base governista ou da oposição. Aqui se apuram fatos – afirma.
De acordo com o ministro, a PF tem se notabilizado por esse tipo de atitude nos últimos tempos.
– Acho a crítica totalmente descabida, talvez vinda de pessoas que
querem fazer defesa política de uma investigação que não tem nada de
política – acrescentou, referindo-se às críticas do governador de Goiás,
o tucano Marconi Perillo, de que a PF age orquestradamente para
prejudicá-lo.
Apoio no PSDB
Emaranhado no processo que o liga ao contraventor Carlos Augusto
Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Perillo recebeu, na véspera, o apoio
público da direção de seu partido, que até aquele momento havia mantido
silêncio diante das últimas notícias que apontavam para o suposto
envolvimento dele com o crime organizado. Líderes tucanos reunidos em
Brasília disseram que o acusado têm total confiança da cúpula
partidária.
O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), no encontro,
acusou a PF de uma “ação orquestrada” da qual fariam parte a presidente
Dilma Rousseff e até “a internet”, a CUT e a UNE, com a ajuda do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; além do ex-ministro José
Dirceu. Eles, juntos, formariam uma cortina de fumaça para proteger os
réus do processo conhecido como ‘mensalão’:
– Jogam o holofote sobre Marconi para apagar o resto do Brasil –
discursou Guerra, sem apresentar uma prova sequer do que havia afirmado.
O discurso foi aplaudido pelo líder tucano no Senado, Alvaro Dias
(PR), que se disse favorável à investigação de Perillo, mas não à
reconvocação para a CPI, na qual seriam feitas “repetições
desnecessárias”. A decisão tucana de sair em defesa de Perillo – mesmo
dizendo que se tratava de uma “defesa da democracia, e não do
governador, que já é grandinho para se defender sozinho” – foi acertada
na segunda-feira, quando Perillo enviou seus representes de Goiás a
Brasília. O deputado petista Odair Cunha (MG), relator da CPI do
Cachoeira, rebateu na hora a acusação e disse que o PSDB está querendo
intimidar a CPI.
– Nós temos uma clareza, precisamos investigar a organização do
senhor Carlos Cachoeira e nenhum tipo de constrangimento ou de
intimidação vai parar o nosso trabalho – disse.
Morte suspeita
Prosseguiam, nesta quarta-feira, ainda sem pistas ou algum suspeito,
as investigações sobre o assassinato de um agente da PF que trabalhou na
Operação Monte Carlo, responsável pela prisão do bicheiro Carlinhos
Cachoeira. Wilton Tapajós Macedo, o “agente Tapajós”, foi assassinado na
tarde desta terça-feira, no cemitério Campo de Esperança, em Brasília,
com dois tiros na cabeça. Ele morreu no local.
Agentes da PF trabalham com a hipótese de Tapajós ter marcado
encontro com um informante dentro do cemitério. Os assassinos fugiram no
carro da vítima, um Volkswagen Gol. Um coveiro presenciou o crime e
avisou a polícia. Wilton foi encontrado próximo ao túmulo de seus pais.
Os policiais que investigam o caso não sabem ainda se ele estava
visitando o túmulo ou se foi morto em uma emboscada, ao ter marcado o
encontro nesse local.
O inquérito é de responsabilidade da Polícia Civil, mas a PF vai
participar de todas as investigações, inclusive com pessoal e
equipamentos de inteligência. Embora a principal linha de investigação
seja queima de arquivo, em razão do perfil de Tapajós, por ora nenhuma
hipótese está descartada, segundo informou o presidente do Sindicato dos
Policiais Federais (Sindipol), Jones Borges Leal.
– Seria irresponsável bancar desde já uma hipótese de autoria – afirmou.
Ele não descarta que possa se tratar também de latrocínio, vingança
ou outra causa. Com 54 anos de idade e 24 de atuação na PF, Tapajós
tinha perfil de policial de ponta. Nos últimos anos, Macedo estava
vinculado à Diretoria de Inteligência. O desmantelamento da organização
criminosa de Cachoeira levou à prisão e indiciamento de dois delegados
da PF em Goiás e um agente da mesma área de inteligência de Tapajós, em
Brasília. As primeiras informações indicam que Tapajós estava armado,
mas não chegou a reagir.
http://correiodobrasil.com.br/cardozo-defende-atuacao-da-pf-nas-investigacoes-ligadas-a-cachoeira/487883/
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