quinta-feira, 19 de julho de 2012

Cardozo defende atuação da PF nas investigações ligadas a Cachoeira



 Por Redação - de Brasília 

Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (foto) respondeu, nesta quarta-feira, às acusações da oposição de que a Polícia Federal tem atuado de forma seletiva para perseguir adversários e proteger aliados do governo.
– Toda vez que a PF apura algo, os que querem defender o investigado sempre dizem que é ação orquestrada – disse o ministro.
Ele assegura que a atuação da Polícia Federal é “republicana, autônoma e independente de qualquer interferência política”.
– Já ouvir dizer, às vezes até de pessoas da base aliada, que a PF estaria atuando contra o governo e que o ministro da Justiça havia perdido o controle da PF. Mas será que a PF deve ter controle? – questiona o ministro da Justiça.
Cardozo observa que esse tipo de atuação destinada a proteger amigos e perseguir inimigos era típica da idade média e não dos dias atuais.
– Agora, é a oposição que acusa – disse.
O ministro acrescentou que, no fundo, o que se critica é a atuação republicana da Polícia Federal.
– Não há cores políticas nem ideológicas nas investigações. O que há é a apuração de fatos. Portanto, podem ficar absolutamente tranquilos: aqui não se persegue governador, deputado ou senador por ser do PSDB, do PT, da base governista ou da oposição. Aqui se apuram fatos – afirma.
De acordo com o ministro, a PF tem se notabilizado por esse tipo de atitude nos últimos tempos.
– Acho a crítica totalmente descabida, talvez vinda de pessoas que querem fazer defesa política de uma investigação que não tem nada de política – acrescentou, referindo-se às críticas do governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, de que a PF age orquestradamente para prejudicá-lo.
Apoio no PSDB
Emaranhado no processo que o liga ao contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Perillo recebeu, na véspera, o apoio público da direção de seu partido, que até aquele momento havia mantido silêncio diante das últimas notícias que apontavam para o suposto envolvimento dele com o crime organizado. Líderes tucanos reunidos em Brasília disseram que o acusado têm total confiança da cúpula partidária.
O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), no encontro, acusou a PF de uma “ação orquestrada” da qual fariam parte a presidente Dilma Rousseff e até “a internet”, a CUT e a UNE, com a ajuda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; além do ex-ministro José Dirceu. Eles, juntos, formariam uma cortina de fumaça para proteger os réus do processo conhecido como ‘mensalão’:
– Jogam o holofote sobre Marconi para apagar o resto do Brasil – discursou Guerra, sem apresentar uma prova sequer do que havia afirmado.
O discurso foi aplaudido pelo líder tucano no Senado, Alvaro Dias (PR), que se disse favorável à investigação de Perillo, mas não à reconvocação para a CPI, na qual seriam feitas “repetições desnecessárias”. A decisão tucana de sair em defesa de Perillo – mesmo dizendo que se tratava de uma “defesa da democracia, e não do governador, que já é grandinho para se defender sozinho” – foi acertada na segunda-feira, quando Perillo enviou seus representes de Goiás a Brasília. O deputado petista Odair Cunha (MG), relator da CPI do Cachoeira, rebateu na hora a acusação e disse que o PSDB está querendo intimidar a CPI.
– Nós temos uma clareza, precisamos investigar a organização do senhor Carlos Cachoeira e nenhum tipo de constrangimento ou de intimidação vai parar o nosso trabalho – disse.
Morte suspeita
Prosseguiam, nesta quarta-feira, ainda sem pistas ou algum suspeito, as investigações sobre o assassinato de um agente da PF que trabalhou na Operação Monte Carlo, responsável pela prisão do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Wilton Tapajós Macedo, o “agente Tapajós”, foi assassinado na tarde desta terça-feira, no cemitério Campo de Esperança, em Brasília, com dois tiros na cabeça. Ele morreu no local.
Agentes da PF trabalham com a hipótese de Tapajós ter marcado encontro com um informante dentro do cemitério. Os assassinos fugiram no carro da vítima, um Volkswagen Gol. Um coveiro presenciou o crime e avisou a polícia. Wilton foi encontrado próximo ao túmulo de seus pais. Os policiais que investigam o caso não sabem ainda se ele estava visitando o túmulo ou se foi morto em uma emboscada, ao ter marcado o encontro nesse local.
O inquérito é de responsabilidade da Polícia Civil, mas a PF vai participar de todas as investigações, inclusive com pessoal e equipamentos de inteligência. Embora a principal linha de investigação seja queima de arquivo, em razão do perfil de Tapajós, por ora nenhuma hipótese está descartada, segundo informou o presidente do Sindicato dos Policiais Federais (Sindipol), Jones Borges Leal.
– Seria irresponsável bancar desde já uma hipótese de autoria – afirmou.
Ele não descarta que possa se tratar também de latrocínio, vingança ou outra causa. Com 54 anos de idade e 24 de atuação na PF, Tapajós tinha perfil de policial de ponta. Nos últimos anos, Macedo estava vinculado à Diretoria de Inteligência. O desmantelamento da organização criminosa de Cachoeira levou à prisão e indiciamento de dois delegados da PF em Goiás e um agente da mesma área de inteligência de Tapajós, em Brasília. As primeiras informações indicam que Tapajós estava armado, mas não chegou a reagir.

 http://correiodobrasil.com.br/cardozo-defende-atuacao-da-pf-nas-investigacoes-ligadas-a-cachoeira/487883/

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