Causa estranheza o
silêncio nas redações da velha imprensa sobre a publicação na
revista CartaCapital desta semana dos documentos que mostram o caixa 2 da
campanha de reeleição do tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas
Gerais em 1998. O pouco que foi
publicado a respeito foi Marcos Valério negando a autoria do
documento (curioso é que quando o mensalão é tucano, a simples
negativa de Valério é aceita sem maiores apurações
jornalísticas).
Também apareceram declarações do ministro do STF Gilmar Mendes, negando ter
recebido R$ 185 mil constantes na listagem, inclusive dizendo que na
época não estava na Advocacia Geral da União (AGU), como sugere a
matéria, e sim servindo na Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso.
Anexo à listagem, tem
cópias de depósitos e transferências bancárias que confirmam
alguns nomes e valores da lista. Não há destes comprovantes para
valores mais altos, que correspondem à maioria de políticos e
autoridades famosas, como Aécio Neves, FHC e o próprio Gilmar
Mendes (o que tem lógica, para não serem captados pelos alertas do
Conselho de Controle de Atividades Financeiras – Coaf, nem deixar
rastros).
O fato é que não dá
para a velha imprensa esconder essa denúncia do noticiário político.
Se for verdadeira é grave e se for falsa também, pois é do
interesse do próprio Gilmar Mendes esclarecer quem estaria
envolvendo seu nome no mensalão tucano.
Afinal a quem
interessaria incluir o nome de Mendes nesta listagem? Ele não é
candidato a cargos políticos para ser abatido por escândalos. E se
o material for parte de um dossiê político falso, forjado por adversários
inescrupulosos, não interessaria colocar um ministro do STF na
confusão, porque dividiria as atenções com o alvo, sob risco de enfraquecer e desviar o foco dos políticos do PSDB.
Assim, o mais lógico é
que, ou o conteúdo da listagem é verdadeiro na íntegra, ou é
parcialmente verdadeiro, e quem estava nela é que se interessou em
incluir nomes do Judiciário para causar confusão e anular provas de
processos.
É assunto para Polícia
Federal esclarecer, mas também para imprensa informar. A CartaCapital publicou na internet a íntegra dos documentos que teve
acesso, mostrando-se sintonizada com o jornalismo deste século. A
imprensa alternativa, blogs e redes sociais também estão tratando
do assunto com a dimensão que merece. O vexame da tentativa de abafar a notícia
fica por conta da velha imprensa corporativa.
http://www.redebrasilatual.com.br/blog/helena/lista-do-mensalao-tucano-e-noticia-menos-para-a-nossa-midia
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