Segundo o economista, há uma diferença cognitiva entre os trabalhadores,
satisfeitos e confiantes em relação ao futuro, e os empresários, que
deveriam investir; "Sem a redução dessa divergência, o atual estado de
graça da sociedade caminhará para dificuldades crescentes devido à
impossibilidade de violar uma lei física: só se pode distribuir o que já
foi produzido", diz; a boa notícia, segundo ele, é que o governo está
atento
247 – O economista Antonio Defim Netto vê na
sociedade uma profunda divergência cognitiva entre os beneficiados pela
inclusão social no governo Dilma e os agentes do investimento. Para ele,
essa noção orienta o governo, pois sabe que só se pode distribuir o que
já foi produzido. Leia o artigo publicado na Folha:
Empregabilidade
Nos dias 20 e 21 de março deste ano, o Datafolha ouviu 2.653 pessoas
escolhidas dentro do seu conjunto amostral. A margem de erro é de mais
ou menos 2%. Os resultados sugerem uma profunda divergência cognitiva
entre os beneficiados pela inclusão social no governo Dilma e os agentes
do investimento, que devem produzir o aumento da oferta para atender
àquela inclusão.
Sem a redução dessa divergência, o atual estado de graça da sociedade
caminhará para dificuldades crescentes devido à impossibilidade de
violar uma lei física: só se pode distribuir o que já foi produzido! No
fundo, é o atendimento da demanda de bens e serviços sociais, gerada
pelo aumento da renda do trabalho e pelas transferências de renda, que
garante a aprovação de 65% ao governo Dilma. Mas ele só pode ser feito
permanentemente pela resposta positiva dos 7% que o condenam como ruim
ou péssimo. Em outros termos, pelos investidores privados que aumentam a
oferta.
A boa notícia é que a compreensão dessas limitações parece orientar o
governo. Suas intervenções (que, no curto prazo, parecem hiperativismo
tumultuado) vão maturar no médio prazo. Vão destravar os investimentos e
produzir um aumento da produtividade total dos fatores.
O Datafolha revela outros aspectos da dissonância nas interpretações
da situação econômica nos boletins das instituições financeiras. Estes
sugerem que o país está à beira da estagflação, enquanto 76% dos
entrevistados achavam, na terceira semana de março, que ele é ótimo ou
bom para se viver; 85% acreditavam que a situação econômica do Brasil
vai ficar como está ou melhorar; 77% que o poder de compra dos salários
vai permanecer ou melhorar; e 64% responderam que o nível de desemprego
ficará o mesmo ou diminuirá.
Onde a dissonância parece diminuir é no resultado do Datafolha sobre o
que esperam da taxa de inflação: apenas 49% creem que ela vai ficar
onde está ou vai diminuir.
Aqui, seguramente, o governo tem um problema complexo que muitos
economistas creem ter solução simples: "aumentar a taxa de juros real e
gerar desemprego!". Mas, como afirmaram Mauro Paulino e Alessandro
Janoni, do Datafolha ("Poder", 24/3), "a base da sensação de bem-estar
não se resume à perspectiva de mobilidade social, inclusão no mercado
consumidor ou acesso a políticas sociais", mas à mudança contundente do
"sentimento de empregabilidade do brasileiro".
A pesquisa mostrou que 75% dos entrevistados não sentem que correm
risco de demissão e 59% não creem que tenham a possibilidade de ficar
sem emprego. A solução do problema inflacionário é mais trabalhosa:
exige mais inteligência, mais paciência e o ataque com vigor das
ineficiências do mercado de trabalho.
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/97275/Delfim-povo-confia-mais-do-que-os-empres%C3%A1rios.htm
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