A situação do deputado Marcos Feliciano (PSC) fica insustentável a
cada dia que passa. Na semana passada, o presidente da Câmara dos
Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), deu um prazo para que o PSC
colocasse fim à crise instalada pela indicação do deputado, que é
pastor evangélico, para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e
Minorias. O prazo termina hoje (26). Mas Feliciano parece estar gostando
da confusão. Ontem, o deputado anunciou que pretende de ir à Bolívia
para conhecer a situação dos torcedores corintianos que estão presos na
cidade.
O PSC já tem os nomes para ocupar a presidência da comissão, caso o
deputado deixe o cargo. Um deles é o da deputada Antônia Lúcia (do
Acre), vice-presidente da comissão. A parlamentar é processada pelo
Ministério Público Federal (MPF) do seu estado , que pediu a cassação do
seu mandato. O caso será decidido pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). Antônia Lúcia também é acusada de compra de votos e de
improbidade administrativa. A parlamentar nega as acusações.
O outro nome é Zequinha Marinho (PSC-PA), que poderia enfrentar a
resistência de militantes, já que também é visto como radicalmente
contrário aos direitos dos homossexuais.
Muitos estão vendo a viagem do deputado como uma manobra para
fugir da crise e não deixar o cargo que ocupa. A direção do partido
ainda não decidiu como acabar com o problema e os integrantes da bancada
do PSC tentam definir o posicionamento oficial da legenda sobre o caso.
Ontem, a Anistia Internacional divulgou nota considerando "inaceitável"
a permanência do deputado no cargo.
E parece que a troca de acusações e bate boca não para por
aí... Dessa vez sobrou para o partido de Eduardo Campos. Manifestantes
que ocupavam a Câmara e alguns deputados contrários à permanência de
Feliciano na comissão acusaram o PSB de ter dado uma mãozinha para
instalar o deputado na direção da comissão dos Direitos Humanos.
Eles acusam o PSB de ter escalado o deputado pernambucano Pastor
Eurico para titular da Comissão, para deixar a deputada Luiza Erundina
(PSB-SP) como suplente. Mas o Pastor Eurico deu seu voto para eleger
Feliciano presidente.
Nada contra um parlamentar ser pastor, mas uma Comissão de Direitos
Humanos precisa de membros comprometidos com a causa, como era o caso de
Lysâneas Maciel, que tinha forte engajamento evangélico e era
incansável defensor dos Direitos Humanos, mesmo nos momentos mais
difíceis da ditadura.
Um deputado nessa comissão deve ter ampla compreensão do respeito às
minorias, da diversidade humana, sem trazer um contencioso de
preconceitos e pregação discriminatória.
A escolha do PSB chama mais atenção porque Eurico é
conterrâneo do presidente do partido e governador, Eduardo Campos, já em
pré-campanha presidencial para 2014. O gesto leva a perguntar se Campos
não estaria buscando utilizar-se de religiões, não dentro do interesse
público, mas de forma oportunista, apenas para colher votos, semelhante
ao que ocorreu na campanha das trevas com a candidatura de José Serra
(PSDB-SP) nas eleições de 2010.
http://www.redebrasilatual.com.br/blog/helena/o-que-pode-estar-por-tras-de-feliciano-nos-direitos-humanos
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