Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem defendido que, se for para
Serra optar por outro caminho, que o faça agora; senador Aécio Neves
(PSDB-MG) também afirma que tucanos não devem esperar por definição da
tropa serrista; recado foi transmitido por meio da coluna da jornalista
Sonia Racy, do Estado de S. Paulo; a outra colunista do Estadão, Dora
Kramer, Roberto Freire confirma ter feito um convite a Serra para que
integre as fileiras do PPS; tucanos estão a um passo de uma cisão
histórica
247 - O PSDB está bem perto de uma cisão
histórica, com a saída de um de seus fundadores, José Serra, que foi
prefeito de São Paulo, governador do estado e duas vezes candidato à
presidência da República. Tanto o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso como o senador Aécio Neves (PSDB-MG) sinalizam que não estão
dispostos a ceder às pressões de Serra para ocupar maior espaço no PSDB –
o ex-governador quer a presidência da sigla para só depois disso
hipotecar seu apoio a Aécio.
O recado de que FHC e Aécio não pretendem ceder foi
transmitido na edição desta terça-feira do jornal Estado de S. Paulo, na
coluna da jornalista Sonia Racy. "O ex-presidente tem defendido que, se
for para Serra optar por outro caminho, que o faça agora", diz a nota
Ponte Minas-SP. No mesmo texto, a jornalista prossegue, afirmando que
"Aécio não quer que o partido fique parado à espera de Serra".
Ao 247, um dos mais próximos aliados de Serra, o
ex-governador Alberto Goldman, classificou a eventual saída como uma
"revolução". Goldman afirmou ainda que a permanência de Serra, e com um
bom espaço no PSDB, seria vital não apenas para Aécio, como também para a
candidatura de Geraldo Alckmin à reeleição, em São Paulo.
Por isso mesmo, a saída de Serra pode ser uma aposta de
altíssimo risco para o PSDB. O ex-governador tem convite para se filiar
ao PPS, de Roberto Freire, onde concorreria ao Palácio dos Bandeirantes,
em 2014, e também criaria um palanque para Eduardo Campos, do PSB, em
São Paulo. Ou seja: Serra dividiria o PSDB, colocaria em risco a
principal cidadela do partido e ainda estimularia o projeto presidencial
dos socialistas. Outra possibilidade seria concorrer à presidência.
À jornalista Dora Kramer, também do Estado de S. Paulo,
Roberto Freire confirmou ter convidado José Serra a integrar o PPS. Ao
247, um dos principais aliados de Serra disse que a possibilidade de que
ele deixe o PSDB hoje é bem superior a 50%.
Leia, abaixo, a coluna de Dora Kramer:
Tremor na base
O presidente do PPS, deputado Roberto Freire, realmente
convidou o tucano José Serra a entrar no partido, ainda não obteve
resposta e diz que se encerra por aí a veracidade das versões que correm
sobre o assunto. “O mais é fruto de uma central de invenções sem
compromisso com a realidade”, afirma.
Esse “mais” que Freire qualifica como mero boato seria a
exigência de Serra de que, para entrar no partido, precisaria ter
assegurada a legenda para concorrer à Presidência da República. “Nem
podemos garantir nada, nem ele pediu, nem temos ainda claro como será o
cenário da disputa de 2014.”
De acordo com Roberto Freire, o que há em relação ao
tucano é um desejo de incorporá-lo a um bloco para tentar quebrar o
ciclo de dez anos do PT no poder central e a evidência de que Serra está
desconfortável no PSDB, onde o grupo afinado com o senador Aécio Neves
vem ocupando ativamente todos os espaços desde a derrota de 2010.
O importante nessa história, aponta Roberto Freire, é a
existência de alternativa no horizonte. “Alguém que possa derrotar
eleitoralmente o que está aí, que recupere o respeito pelas instituições
e possa enfrentar a crise econômica.”
Se Eduardo Campos tem origem no campo governista, para o
deputado não é algo que deve ser visto como um fator excludente.
“Inclusive porque não é a oposição que estimula a candidatura dele, mas
sim um evidente processo de reestruturação na base do governo.”
Na visão dele, o que impulsionou essa forte tendência de
Eduardo Campos de se afastar da área de influência do PT e buscar a
articulação de outro polo de perspectiva de poder foi a ruptura com o PT
na eleição para a prefeitura de Recife.”Ele enfrentou Lula e venceu. No
Rio Grande do Sul, também conseguimos romper com a hegemonia do PT na
capital. Esse grupo não é invencível e, para vencê-lo, não é
preponderante que haja a encarnação do oposicionismo, mas capacidade de
vencer mediante um projeto que faça o Brasil avançar.”
O empresariado, notadamente o setor produtivo, tem dado
reiteradas demonstrações de cansaço com o atual modelo, na opinião de
Freire. A busca por uma opção não estaria, portanto, restrita ao mundo
político-partidário.
Freire vê semelhanças com o período pré-edição da Carta
aos Brasileiros, com a qual o PT se comprometeu com o bom senso na área
econômica, quando a sociedade buscou outros nomes antes de se concentrar
em Lula: Roseana Sarney e Ciro Gomes, por exemplo, que chegaram a
liderar as pesquisas no primeiro semestre de 2002.
Se o “alguém” será Pedro, Paulo ou João – ou mesmo todos
os nomes de quem se fala, incluindo Serra e Marina Silva, na percepção
de Roberto Freire não é uma questão para ser resolvida agora nem
administrada pela lógica da disputa no campo que pretende se apresentar
como contraponto ao PT. “Do ponto de vista tático, podem disputar todos
os candidatos. Haverá segundo turno e, nesse grupo, não há a tendência
de repetir o gesto de neutralidade de Marina em 2010.”
Mas Eduardo Campos, sendo oriundo da arena governista,
pode ficar com Dilma, não? Na visão de Freire, ao contrário: “Se ele se
traz como proposta de um projeto alternativo, não poderá retroceder”.
Bom proveito
Seja qual for o caminho dos partidos aliados ao governo em
relação à reeleição de Dilma, uma decisão está se consolidando entre
eles: entrega dos cargos não estará em cogitação tão cedo. Chegaram à
conclusão de que a devolução dos espaços só serve para que sejam
redistribuídos ao PT que, na posse deles, os usa como instrumentos não
apenas contra os que se transformam em adversários, mas também contra os
que continuam aliados no plano federal e optam pelo chamado “palanque
duplo” no âmbito regional.
http://www.brasil247.com/pt/247/minas247/96590/FHC-e-A%C3%A9cio-querem-Serra-fora-do-PSDB.htm
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