Ainda não está sendo bem mensurado fato político que, após o
Carnaval, deve convulsionar o país: com a postura do Congresso de
enfrentar a tentativa de setor do Supremo Tribunal Federal de querer
usurpar a competência constitucional da Câmara dos Deputados para
deliberar sobre perda de mandato de membros da Casa, a crise
institucional deve se instalar.
A possibilidade de os Poderes Legislativo e Judiciário chegarem a um
acordo se torna menor devido a um terceiro jogador que entrará em campo:
a imprensa partidarizada do eixo São Paulo – Rio, que deve pôr lenha na
fogueira por não estar se conformando em não ter conseguido impedir o
Legislativo de eleger os presidentes da Câmara e do Senado que quis.
Com efeito, esse setor da imprensa nacional sofreu uma derrota
homérica. As votações acachapantes com que se sagraram Renan Calheiros e
Henrique Alves constituíram-se em uma verdadeira bofetada em barões da
mídia que acham normal que a imprensa determine quem deve ou não
comandar um dos três Poderes da República.
A ousadia midiática, porém, não é gratuita, pois esses impérios de
comunicação já mostraram que têm verdadeiros despachantes instalados em
postos-chave do Ministério Público e do Judiciário, tais como o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e, além do presidente do
STF, vários membros daquela Corte que ainda são maioria – e digo “ainda”
porque essa situação pode mudar…
Os presidentes das duas Casas do Congresso, pelo lado deles, tampouco
devem ceder – e, para tanto, como demonstraram as votações acachapantes
com que se elegeram, contam com o apoio de expressiva maioria do Poder
Legislativo.
Um passarinho, no entanto, cantou-me ao telefone que o novo
presidente do STF – que, por seu comportamento radical durante o
julgamento da Ação Penal 470, vulgo “julgamento do mensalão”, deixou ver
que está disposto a qualquer coisa para se manter em evidência e sob as
graças midiáticas – pode desencadear uma crise muito maior do que se
imagina.
O ministro Joaquim Barbosa anda “confidenciando” – de forma bem pouco
discreta – que, para afirmar o poder discricionário de que se crê
detentor, pode impor “conseqüências” à “desobediência” do Legislativo
particularizando a questão na pessoa do deputado Henrique Alves, novo
presidente da Câmara.
Para ser mais objetivo: Barbosa pode indiciar Alves por desobedecer a determinação do STF.
Enquanto isso, caberá ao braço midiático do conclave institucional de
oposição ao governo Dilma Rousseff, ao partido do governo e aos
partidos aliados fustigar, além do próprio Alves e de Renan Calheiros, a
mesa diretora da Câmara – serão feitas seguidas denúncias, como em
recente matéria do Jornal gaúcho Zero Hora que acusa membros da nova Mesa Diretora da Câmara de estarem sofrendo investigações.
Se esse script for encenado, pelo lado do Congresso poderão ser
postas em votação medidas de retaliação ao STF, como pedido de
impeachment de ministros daquela Corte, o que é competência do Senado.
Resta saber até onde haveria união parlamentar no sentido de defender a
independência do Legislativo em relação a outros Poderes.
Se for realmente procedente a informação que o Blog recebeu, os
brasileiros só terão a lamentar que a mais alta Corte de Justiça do país
esteja infestada por despachantes de grupos políticos e econômicos e, o
que é pior, sendo presidida por um homem que parece cada vez mais
incansável em sua busca por uma “popularidade” de viés nitidamente
político.
http://www.blogdacidadania.com.br/2013/02/barbosa-cogita-processar-o-novo-presidente-da-camara/
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