Por LEM [Editor do Terra Brasilis - RJ]
Deu na coluna Zapping do site de entretenimento F5 da Folha: O instituto IBOPE registrou que a média de audiência do telejornal JN, da Rede Globo de Televisão, ficou em 24,5 pontos no mês que terminou, sendo o pior janeiro de sua história.
O
resultado é uma redução de quase 7 pontos em relação a janeiro de 2012,
quando registrou média de 31,3 pontos, ou seja, uma queda de
aproximadamente 22% em apenas um ano. Se aumentarmos o período de
comparação e pegarmos o ano de 2001, quando registrava o recorde para o
mês de 40 pontos, a redução chega a 15,5 pontos, queda de
impressionantes 39% de audiência, ou seja, de cada 10 telespectadores do
JN, há 12 anos, 4 o abandonaram.
Por
óbvio e para não repetir a desonestidade intelectual do próprio jornal,
não é possível desprezar o fato de que uma parcela dos que deixaram de
ver o JN apenas trocaram o meio, consequência natural partindo do
princípio de que mais pessoas descobrem que a busca pela informação na
internet, além de garantir informação mais fidedigna pela possibilidade
de ouvir o contraditório, produz resultados mais rápidos, ou seja,
enquanto a revista é notícia da semana passada, o jornal é notícia de
ontem e a TV notícia de horas atrás, a internet é “real time”.
No
entanto, essa não é a única explicação para uma queda tão acentuada,
visto que a audiência do jornalismo das concorrentes não declinou na
mesma intensidade. O JN, reflexo de um tempo onde a grande
imprensa tenta de todas as formas recuperar poder de influenciar
politicamente e ter os demais poderes sob seu controle, vem escancarando
na prática da manipulação dos fatos com objetivos políticos e perdeu o
senso de limite e prudência, linha tênue entre a prestidigitação
eficiente e o descrédito por seus telespectadores entenderem que estão
tentando lhes fazer de idiota.
Não é novidade que o JN use
meios de manipulação de massas desde que foi ao ar pela primeira vez em
plena ditadura. Acostumados a serem amigos do rei, o JN só fez
crítica ao executivo federal quando deixou de apoiar Sarney, depois
quando deixou de apoiar Collor e de 2003 pra cá. Nos demais períodos,
foi uma eficiente segunda via do diário oficial da união.
Entretanto,
no período em que foi administrado por Roberto Marinho, o jornal que
regulou a temperatura política no país durante décadas, foi mais
precavido e quando se viu entre a luta política e a sobrevivência
empresarial, o magnata optou pela empresa e fez recuos estratégicos. Só
para citar, como exemplo, a notícia das passeatas pelas diretas, tardia,
mas que aconteceu, e o reconhecimento, depois de alguns anos, da edição
que manipulou o último debate entre Lula e Collor em 1989, que garantiu
a vitória do atual senador no segundo turno das eleições presidenciais.
Sob o comando dos filhos de Roberto Marinho (segundo PHA, eles não têm nome próprio) o JN parece
que perdeu o “timing” e algum tipo de controle que acendia uma luz
vermelha quando as burradas e devaneios da direção de jornalismo afetava
“trackings” de audiência. Hoje em dia, além de perder o controle, as
burradas maiores vêm de cima para baixo, ou seja, por iniciativa dos
atuais donos da emissora, ensandecidos por sucessivas derrotas de seus
candidatos nas urnas.
O episódio que foi um marco nessa nova fase “porra louca” do JN aconteceu
durante a cobertura das eleições presidenciais de 2010, em que
patrocinou o episódio mais bizarro do jornalismo brasileiro, no qual
para não confirmar um farsa desmascarada de seu candidato, contratou
perito de péssima reputação para “explicar” o inexplicável. O episódio
teve forte reação inclusive dos funcionários do jornal, no Rio de
Janeiro, que vaiaram dentro da redação a vergonhosa edição.
Fora esses episódios mais intensos, o JN pediu
muito para perder telespectadores com as longas e maçantes edições da
cobertura do mensalão, que jamais despertou na população o interesse que
o jornal gostaria. A partir do momento que um jornal perde
credibilidade e passa a ser visto como propaganda político partidária, o
interesse diminui e as pessoas procuram naturalmente opções onde
conseguir informação segura e imparcial.
O JN colhe
hoje o que vem plantando. O destino ainda pode ser modificado, visto
que os jornais na telinha ainda vão continuar sendo vistos por muito
tempo ainda, já que a migração para a internet é lenta e gradual, basta
fazer jornalismo profissional como nunca fez. O monopólio acabou, só os
profissionais e qualificados vão sobreviver. Se continuar desdenhando do
senso crítico dos telespectadores a decadência só estará começando.
http://profdiafonso.blogspot.com.br/2013/02/jornal-nacional-colhendo-o-que-plantou.html
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