O ano nem bem começou e os brasileiros mais crédulos já acham que
estão vivendo em um país à beira da ruína, com ao menos duas desgraças
descomunais que o noticiário anuncia que estão prestes a se abater sobre
suas vidas.
O país, segundo a mídia oposicionista, está para mergulhar em uma
recessão sem precedentes por conta de um iminente racionamento de
energia elétrica e, como se fosse pouco, está para ver seus rendimentos
derreterem ao fim de cada mês por conta da volta da inflação.
Nem o ritmo magnífico de geração de empregos escapa de virar desgraça
midiática, pois grandes veículos resolveram destacar, em vez do fato de
que o mercado de trabalho brasileiro caminha na contramão do resto do
mundo e abriga cada vez mais gente, que, em 2012, geramos menos empregos
que nos anos anteriores.
Na seção de cartas de leitores do Estadão da quarta-feira de cinzas,
leitores imbecilizados já afirmam que a década passada foi uma “década
perdida” (?!), apesar de ter sido a década em que o Brasil mais
progrediu em décadas.
Se 1% das desgraças midiáticas nossas de cada dia se materializassem,
melhor seria que todos emigrássemos para qualquer parte do mundo que
nos aceitasse e que o último que saísse que apagasse a luz.
No caso da inflação, em primeiro lugar há que pontuar que janeiro é
mês de alta generalizada de preços. Isso é histórico. Mas, de fato,
houve uma inflação um pouco maior neste janeiro do que nos dos últimos
anos. Isso se deu por conta de um fator que, em qualquer economia,
sempre gera pressões inflacionárias: a queda do desemprego e o aumento
da renda, que põem a lei da oferta e da procura em vigor.
Contudo, o tom alarmista do noticiário, além de exagerado, poderá
atuar da mesma forma que o alarmismo sobre “racionamento” e apagão, pois
agentes econômicos começam a aumentar preços por conta de expectativas
que nem se materializaram.
Mais uma vez, há uma tentativa de sabotar a economia igual à do mês
passado com a balela sobre crise energética. O que a mídia oposicionista
busca, de novo, é uma profecia que se torne autorrealizável.
Nesse aspecto, a fraquíssima comunicação social do governo colabora
com um alarmismo que prejudica o país. Deveria haver uma estratégia para
explicar à sociedade as particularidades conjunturais que levaram à
alta de preços do mês passado, mas o que se vê é imobilismo.
O governador do Paraná, um dos Estados que boicotaram a adesão das
energéticas ao plano do governo federal que reduziu o valor das contas
de luz, por conta da falta de estratégia de comunicação do governo
federal está arrogando a si um benefício aos paranaenses que tentou
sabotar.
O fato é que o Brasil está sendo muito bem governado, está vivendo
uma era de ouro. Relatório recente da OCDE já dá a retomada do
crescimento brasileiro como favas contas. Só que isso não chega à
sociedade.
Como dizia minha santa avozinha, “Galinha, quando põe ovo, tem que
cantar”. Se não canta, alguma raposa chega antes que o dono do
galinheiro e faz a festa. E o que não faltam hoje, no Brasil, são
raposas.
*
PS: Fiquei dois dias sem postar porque uma taça de licor derramou a
si mesma sobre o teclado do meu notebook – eu não tive nada que ver com
isso, garanto – e o inutilizou. Esperei para ver se o conserto seria
rápido. Como não será, tive que comprar outro computador. Agora volta
tudo ao normal.
http://www.blogdacidadania.com.br/2013/02/desgraca-midiatica-nossa-de-cada-dia-agora-e-a-inflacao/
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