quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Como aguentamos não fazer nada?




Duas coisas com as quais não me conformo: escrever sem trema e ter que assistir a este país ser esbofeteado por verdadeiras quadrilhas que, com dinheiro do povo doado pela ditadura militar, auferiram meios de manipular a vontade eleitoral dos brasileiros e as próprias instituições, para tanto se valendo de farsas como a que a revista Veja publicou em sua última edição.
Sinto-me um parvo tendo que me limitar a espernear neste blog. A cada nova farsa político-partidária das quatro famílias que controlam a mídia, percebo que só fazem isso porque ninguém toma atitudes além da de protestar na internet. Fico pensando se essa passividade dos que entendemos o que elas pretendem (reverter o processo de redistribuição de renda em curso no Brasil) não permitirá que tenham êxito.
A conduta da Veja é uma bofetada na sociedade brasileira. Uma farsa tão escandalosa como a que tentou tirar da cartola um escândalo baseado apenas em opiniões de uma empresa não deve ser avaliada pelo alvo, o ex-ministro José Dirceu, mas pelo que representa: uma corporação fabricar uma “realidade” a seu bel prazer e ao arrepio da lei.
Vejam bem: a questão não é Dirceu ou não Dirceu, mas o ato praticado contra ele. Até porque, não prejudicou só ao ex-ministro. Os hóspedes do hotel Naoum e até os proprietários do estabelecimento foram expostos aos métodos da Veja. Cada um de nós poderia estar entre essas pessoas.
Não sei como agüentamos não fazer nada além de cobrar de políticos covardes que tomem uma atitude e proponham leis para a comunicação que existem em todos os países civilizados mesmo sabendo que nada farão porque se borram de medo do poder que a ditadura militar concedeu a essas famílias midiáticas.
Sabem o que irá decorrer desse caso envolvendo a Veja e José Dirceu? Nada. O processo irá se arrastar na Justiça por anos a fio e o governo continuará fugindo da obrigação de dotar o país de uma legislação que impeça que um dono de um império de comunicação viole os direitos das pessoas, agindo como se tivesse mais direitos do que o resto da coletividade.
Não dá para aceitar mais que esse tipo de coisa continue acontecendo em um país que pretende se tornar uma potência social, econômica, cultural e até tecnológica. Enfim, um player global e uma terra de justiça e igualdade.
A covardia vai se consolidando como uma característica deste povo. Sempre estamos empurrando a terceiros as nossas responsabilidades. É muito bonito bradar contra aquilo que está errado, mas é patético fazer isso exclusivamente sentado diante de um computador.
E para quem, como este blogueiro, sabe como nossos vizinhos latino-americanos são corajosos e determinados, a situação é ainda mais intolerável.
Estou analisando caminhos para uma reação. Pode não dar certo, pois certamente será necessário que bastante gente se engaje e é justamente aí que a porca torce o rabo. Mas há que tentar. Sempre, mesmo correndo o risco de fracassar. Há que falar e escrever muito, sim, mas é imperativo tentar agir concretamente. Isso é exercício da cidadania.
Não podemos aceitar passivamente que essa gente, além de tudo, também se organize em movimentos para defender nas ruas os crimes das famílias midiáticas. Além de ter todos os grandes meios de comunicação, a direita midiática agora está se organizando para fazer sem causa o que deixamos de fazer tendo a melhor das causas.



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