terça-feira, 6 de setembro de 2011

A crise não é de mentirinha




Estamos diante de um momento extremamente sério e a cobertura de imprensa parece não se dar conta disso. O cenário econômico internacional está se deteriorando a olhos vistos. Mas estamos aqui discutindo se o Banco central agiu bem ao fazer exatamente o mesmo que todos os outros bancos centrais do mundo fazem quando há risco – e risco “iminente”, segundo a insuspeita Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI – de uma recessão: baixar os juros para estimular a economia.


Outro diretor do FMI, o brasileiro Paulo Nogueira Batista Jr. , diz que a análise por lá é de que “quase alarme”, como temor que a economia dos principais países desenvolvidos “possa sofrer uma crise semelhante àquela que ocorreu depois do colapso do banco Lehman Brothers em 2008″.


Mas enquanto o nosso pessoal “sabichão” aqui torce para termos inflação e por juros altos, lá de fora há gente séria que não nos vê assim.


Hoje, o economista americano Eric Leeper, professor da Universidade de Indiana, elogiou a política monetária e fiscal do Brasil, dizendo que o país não vive pressões para administrar sua dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e tem a tendência de juros básicos em queda.


“Japão, Estados Unidos e Europa não estão em condições de dar lições para ninguém nos regimes fiscal e monetário; agora alguns países da América Latina, principalmente o Brasil, são exemplos importantes”, disse Leeper, segundo o Valor.


Mas o nosso pensamento conservador só sabe a fórmula da “roda-presa”: juros altos, na bonança ou na tempestade.


E, para justifica-los, agita o terrível dragão da inflação. Temos subida de preços no Brasil? Sim, puxada por setores localizados. Um deles, o de serviços, fortemente influenciado pelo “terror inflacionista” . Preparei e posto aqui um comparativo do IGP-M, menos sujeito a pressões pontuais que o IPCA, do ano de 2008, quando a crise explodiu em setembro, e o deste ano. Basta olhar e ver que a trajetória de baixa da inflação que ocorreu então já vinha ocorrendo hoje.


Só que, então, Henrique Meirelles resolveu esperar o atestado de óbito e a missa de três meses do falecimento da atividade econômica para baixar em um ponto a taxa de juros. E amargamos uma baita retração no primeiro trimestre de 2009 por conta deste atraso. Mas a banca e os rentistas pegaram mais “um por centinho” durante três meses.


Deu para trocar o iate. E dane-se a turma que perdeu o emprego.


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