As reações à decisão do Banco Central de baixar os juros – em 0,5% – provocou uma onda de ira na República da Roda Presa.
A colunista Miriam Leitão diz que o BC foi “atropelado pela coalisão inflacionista”, que seria formada pelos ministros da área econômica e outros que envolveram a “pobrezinha” da Presidenta e a fizeram pressionar o Banco Central.
Não é uma análise, é um chororô disparatado.
Tratemos primeiro das tais “pressões políticas”.
Toda semana, senão todo santo dia, o BC sofre pressões políticas. A cada segunda-feira ele próprio solta um boletim, o Focus, com um apanhado do que o mercado “está pedindo” em matéria de taxas de juros. Geralmente, aliás, pedindo para cima.
Não há nada de errado em fazê-lo. Como não há nada de errado em jornalistas, economistas, empresários, sindicalistas, ou qualquer cidadão fazê-lo. Muito menos os ministros ou a Presidenta, aliás quem nomeia os integrantes da direção do Banco Central.
Afinal, o Banco Central é um agente político, pois é quem faz a política monetária. Reparem, não a técnica monetária, porque é uma ação técnica que tem de ouvir, pesar e decidir levando em conta inúmeros fatores econômicos e sociais. Isso não tem nada de mais: afinal, o Ben Bernanke, chefão do Federal Reserve dos EUA não se mostra preocupado com o desemprego, com a retração da economia e diz que, em função disso, manterão os juros baixos?
Mas vamos a um detalhe muito importante: se era pressão, e o Banco Central foi constrangido a ceder, lógico que seria uma concessão mínima. A taxa teria baixado 0,25%, no mesmo ritmo que vinha subindo. O Governo ficaria feliz por sinalizar a a baixa de juros, o Banco Central, se queria manter os juros, teria sofrido uma “derrota mínima”.
Mas não: a redução foi de 0,5% e por cinco a dois, na votação entre os cinco integrantes do Conselho.
E aconteceu porque os cidadãos que ocupam lugares naquele conselho não são cegos, e por não serem estão vendo uma crise recessiva mundial batendo às portas do Brasil. Quando escrevem que “os economistas são unânimes em dizer que não era hora de baixar os juros”, reduzem a unanimidade das opiniões aos analistas de sua predileção, funcionários ou amigos da banca privada.
Uma opinião que nem a banca privada tinha, porque já previa a redução futura dos juros, como você pode ler na matéria publicada na semana passada, por Eduardo Campos, do Valor Econômico
De quem ganha dinheiro com os juros altos e ganham menos dinheiro com juros mais baixos. Para ser preciso, este meio por cento a menos vale R$ 4,7 bilhões a menor nos ganhos, em um ano.
Ontem à tarde, escrevi no blog Projeto Nacional, um post enumerando as razões econômicas que justificavam uma reversão na política de juros. Quem puder ler, creio que encontrará argumentos para discutir e esclarecer a tempestade de mídia que virá por aí.
Escrevo perto de 1 hora da manhã, mas não é difícil adivinhar o que serão as manchetes dos jornais de hoje. A República da Roda Presa está em polvorosa.
Perdeu.
A colunista Miriam Leitão diz que o BC foi “atropelado pela coalisão inflacionista”, que seria formada pelos ministros da área econômica e outros que envolveram a “pobrezinha” da Presidenta e a fizeram pressionar o Banco Central.
Não é uma análise, é um chororô disparatado.
Tratemos primeiro das tais “pressões políticas”.
Toda semana, senão todo santo dia, o BC sofre pressões políticas. A cada segunda-feira ele próprio solta um boletim, o Focus, com um apanhado do que o mercado “está pedindo” em matéria de taxas de juros. Geralmente, aliás, pedindo para cima.
Não há nada de errado em fazê-lo. Como não há nada de errado em jornalistas, economistas, empresários, sindicalistas, ou qualquer cidadão fazê-lo. Muito menos os ministros ou a Presidenta, aliás quem nomeia os integrantes da direção do Banco Central.
Afinal, o Banco Central é um agente político, pois é quem faz a política monetária. Reparem, não a técnica monetária, porque é uma ação técnica que tem de ouvir, pesar e decidir levando em conta inúmeros fatores econômicos e sociais. Isso não tem nada de mais: afinal, o Ben Bernanke, chefão do Federal Reserve dos EUA não se mostra preocupado com o desemprego, com a retração da economia e diz que, em função disso, manterão os juros baixos?
Mas vamos a um detalhe muito importante: se era pressão, e o Banco Central foi constrangido a ceder, lógico que seria uma concessão mínima. A taxa teria baixado 0,25%, no mesmo ritmo que vinha subindo. O Governo ficaria feliz por sinalizar a a baixa de juros, o Banco Central, se queria manter os juros, teria sofrido uma “derrota mínima”.
Mas não: a redução foi de 0,5% e por cinco a dois, na votação entre os cinco integrantes do Conselho.
E aconteceu porque os cidadãos que ocupam lugares naquele conselho não são cegos, e por não serem estão vendo uma crise recessiva mundial batendo às portas do Brasil. Quando escrevem que “os economistas são unânimes em dizer que não era hora de baixar os juros”, reduzem a unanimidade das opiniões aos analistas de sua predileção, funcionários ou amigos da banca privada.
Uma opinião que nem a banca privada tinha, porque já previa a redução futura dos juros, como você pode ler na matéria publicada na semana passada, por Eduardo Campos, do Valor Econômico
De quem ganha dinheiro com os juros altos e ganham menos dinheiro com juros mais baixos. Para ser preciso, este meio por cento a menos vale R$ 4,7 bilhões a menor nos ganhos, em um ano.
Ontem à tarde, escrevi no blog Projeto Nacional, um post enumerando as razões econômicas que justificavam uma reversão na política de juros. Quem puder ler, creio que encontrará argumentos para discutir e esclarecer a tempestade de mídia que virá por aí.
Escrevo perto de 1 hora da manhã, mas não é difícil adivinhar o que serão as manchetes dos jornais de hoje. A República da Roda Presa está em polvorosa.
Perdeu.
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