quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Pobreza no Brasil cai 24%



O bom desempenho da economia e do mercado de trabalho arrancou 4,2 milhões de brasileiros da pobreza nos últimos nove anos. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado ontem mostrou que o total de empregados com rendimento médio per capita familiar de até meio salário mínimo caiu de 17 milhões para 12,8 milhões nas seis principais regiões metropolitanas do país desde 2002, uma redução de 24,8%.


O resultado só não foi melhor por causa da crise vivida pelo Brasil entre 2002 e 2003, quando parte da opinião pública desconfiava da capacidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de conduzir o país. Com isso, a inflação disparou. Para reverter esse quadro e conquistar credibilidade, o governo do PT promoveu um forte arrocho na economia. O resultado foi uma breve recessão no primeiro semestre de 2003 - nesse período, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,1% ante o quarto trimestre de 2002 - que acabou jogando 1,5 milhão de pessoas no grupo com rendimento menor que meio salário mínimo.


A partir de 2003, no entanto, houve uma sucessão de quedas no total de pessoas na pobreza. "As mudanças são atribuídas não apenas ao crescimento econômico do país, mas à qualidade que ele apresentou. O aumento da formalização no mercado de trabalho e do salário mínimo puxa a renda dos mais pobres", destacou André Calixtre, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea.


Realização


A melhoria na renda da população permitiu a realização de sonhos de pessoas como Nathália Lopes dos Santos, 21 anos. Há dois anos, ela foi contratada como operadora de caixa em um restaurante, onde hoje já ocupa o cargo de subgerente. A renda per capita da família, nesse período, praticamente triplicou. "Antes, éramos quatro pessoas com o salário da minha mãe, de R$ 800. Hoje, como um irmão também já não mora conosco, nossa renda chega a R$ 1,8 mil para três pessoas", disse. Com o dinheiro, veio também o conforto. "Neste ano, ajudei a minha mãe a comprar uma máquina de lavar. Também comprei um computador e pago a conexão com a internet", afirmou Nathália.


Com o jovem Alexandro Alves de Oliveira, 24 anos, a situação não foi diferente. Há um ano, ele deixou o ofício de auxiliar de construção civil para se tornar ajudante em um restaurante de frutos do mar. "Pude concretizar o projeto de morar só. Minha última aquisição foi uma moto ", relatou.


Calixtre destacou a mudança geográfica na distribuição do trabalho de baixa renda. Nos últimos nove anos, a maior redução nessa população ocorreu em Belo Horizonte. O número de empregados nessa situação caiu de 2 milhões para 1,2 milhão, uma diminuição de 40,5%. (CB)


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