O Brasil está mais próximo de produzir em larga escala o etanol de
segunda geração e com tecnologia enzimática dinamarquesa. A primeira
usina, com capacidade prevista de 82,5 milhões de litros/ano, está em
construção na cidade de São Miguel dos Campos, interior de Alagoas. O
projeto da GraalBio deverá entrar em funcionamento a partir de dezembro
de 2013 e contará com a tecnologia enzimática da Novozymes.
Hoje o Brasil oferta 20 bilhões de litros de etanol para o mercado de
combustíveis. A produtividade média é de 7 mil litros por hectare de
cana plantada. Com o domínio da técnica de segunda geração, que
transforma a celulose em glicose, a produtividade deverá aumentar em até
30%, passando para 9 mil litros de álcool por hectare.
O etanol de segunda geração é obtido a partir da celulose e cerca de
dois terços da cana de açúcar é composta desse material. No processo de
transformação em combustível a celulose é submetida a ação de enzimas
após uma série de processos de lavagem e pré-tratamento que aumentam a
superfície de contato para a ação das proteínas. Depois de totalmente
quebrada, a celulose torna-se glicose, substância que compõe o caldo que
é fermentado no processo da primeira geração do etanol.
Segundo o gerente regional da Novozymes América Latina, Pedro Luiz
Fernandes, no Brasil a empresa está trabalhando em parceria com o Centro
de Tecnologia Canavieira (CTC), responsável pelo desenvolvimento da
tecnologia de pré-tratamento do bagaço da cana. A enzima da Novozymes
voltada para a produção de combustíveis, chamada de CTec1, foi criada em
2001 graças a parceria com o departamento de agricultura dos Estados
Unidos.
Em 2009 a empresa lançou a segunda geração (CTec2), “com melhor
capacidade de hidrólise, ou seja, de transformação da celulose em
açucares fermentáveis”, explicou. A enzima que será utilizada na planta
da GraalBio, em Alagoas, é a terceira geração da tecnologia (CTec3), com
desempenho 1,5 vezes melhor em relação ao produto anterior, segundo o
porta-voz da Novozymes.
Em 2009, o norte-americano Lee Lynd, diretor da Mascoma, apresentou à
comunidade científica um processo enzimático considerado competitivo,
capaz de transformar a celulose em etanol de segunda geração em apenas
uma fase. Hoje em dia são necessárias várias fases de aplicação de
enzimas para chegar até a glicose.
A técnica da Mascoma, chamada de bioprocessamento consolidado (CBP),
segundo Lynd, é realizada a partir de um micro-organismo geneticamente
modificado que soma as características das leveduras e das enzimas.
“Há muitas tecnologias disponíveis, tanto com enzimas quanto com
micro-organismos, mas há uma diferença muito grande entre ter uma enzima
viável comercialmente e ter uma enzima viável em laboratório”, provocou
o gerente global de biotecnologia e celulose da Novozymes, Sebastian
Søderberg.
“No momento temos plantas de usinas sendo construídas na China,
Itália, Estados Unidos e Brasil, voltadas a produção de etanol de
segunda geração, todas com tecnologia enzimática da Novozymes”,
completou. Segundo Søderberg, a Dinamarca já realiza a mistura de 5% de
etanol de segunda geração à gasolina.
O representante da Novozymes não soube explicar qual será o custo
comercial de produção do etanol celulósico no Brasil. “Isso só poderá
ser mensurado quando estivermos efetivamente produzindo etanol
celulósico a partir da cana, porque cada biomassa tem sua
particularidade. A enzima que usamos é a mesma em cada operação, mas é
preciso fazer ajustes conforme a matriz que pode ser palha de trigo,
resíduos florestais ou cana”, ponderou.
Luiz Fernandes adverte que o Brasil carece de políticas específicas
para o etanol. “O BNDES tem um projeto de R$ 1 bilhão voltado para
pesquisas na área, mas o setor necessita de recursos para a compra de
equipamentos e na produção em si. Também faltam diretrizes básicas para a
produção do etanol celulósico no país”.
http://www.advivo.com.br/materia-artigo/dinamarquesa-colabora-na-2%C2%AA-geracao-de-etanol
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