domingo, 20 de janeiro de 2013

Por que o PiG descobriu que o Alves é o que é



A última “irregularidade” do Alves foi dizer ao Supremo que quem cassa o Genoíno é a Câmara.

Nesta manhã de domingo cinza, o ansioso blogueiro conversava com amigo navegante sobre o valioso trabalho investigativo da Folha: a Folha (*) descobriu que o Henrique Alves é o que sempre foi.

Formidável !

Quando precisava dar o Golpe no Lula e botar o tucano Marconi Perillo ( um estadista !) na Presidência do Senado, o PiG (*) também descobriu que o Sarney era o que sempre foi.

Foi um inestimável serviço prestado à construção da Moral e dos bons Costumes tucanos.

Agora, o Globo desce ao sub-mundo da Avenida Brasil e, na pág. 11, como se fosse uma dupla da Playboy, exibe “os estragos do furacão Mônica”, o “poder que seduz”: “ex-amante de Renan Calheiros, jornalista conta em livro intimidade com o senador …”

Calheiros, como se sabe, deve ser eleito presidente do Senado.

Como se sabe, no auge do “renangate”, o então Governador do Paraná, Roberto Requião, perguntou aos jornalistas do Planalto por que não dedicavam o mesmo fervor profissional à amante e mãe de um filho atribuído ao Presidente Fernando Henrique ?

Divagávamos sobre esses temas de elevada importância, quando o amigo navegante sugeriu re-publicar artigo do Paulo Moreira Leite, agora na revista IstoÉ (como se sabe, ele saiu da Época, ou seja da Globo):

Henrique Alves e o bode no Congresso


Por Paulo Moreira Leite, em sua nova coluna na revista IstoÉ:

As denúncias contra o deputado Henrique Alves podem ser as mais importantes deste século, mas ocorrem numa hora curiosa.

Com 41 anos de Congresso, Henrique Alves parece enquadrar-se na categoria de parlamentar típico, que habita a fronteira daquela zona cinzenta das finanças políticas, onde nem sempre é possível separar o legal do ilegal – mas é sempre possível dizer que é tudo imoral e quase tudo é suspeito.

Nada se provou contra o parlamentar até agora, embora ele já tenha sido denunciado há mais de uma década. Em 2002, sua ex-mulher denunciou que Henrique Alves possuía um cartão de crédito milionário, que não poderia ser quitado com o salário de deputado. Henrique Alves fora escolhido para ser companheiro de José Serra na campanha presidencial daquele ano, mas perdeu a vaga.

A mais nova denuncia envolve uma possível empresa fantasma de um assessor, e tem até um bode na sede, no Rio Grande do Norte, chamado Galeguinho. Também se informa que Henrique Alves recebeu uma verba de campanha de R$ 10 000 do dono de um posto de gasolina onde gastou R$ 50 000 para abastecer o carro oficial.

Tudo isso deve ser apurado e investigado.

Mas é sempre bom perguntar se não há um bode político nesta discussão. As denuncias contra Henrique Alves não caíram do céu. Têm a impressão digital de seus adversários internos no PMDB, que gostariam de ocupar sua vaga.

Convém advertir: são flores que exalam o mesmo perfume. Freqüentam os mesmos ambientes e os mesmos coquetéis.

Candidato a presidente da Câmara de Deputados, até agora sem adversário real, Henrique Alves tomou uma posição política importante, a respeito de um fato decisivo da legislatura que se inicia em fevereiro.

Procurado para dizer o que pensava da ideia da Câmara decretar a perda de mandato dos quatro parlamentares condenados pelo mensalão, sem passar pelo ritual definido pelo artigo 55 da Constituição, Henrique Alves disse que em sua opinião o Congresso não deveria abrir mão de suas prerrogativas.

(Leia em http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2013/01/04/alves-aos-desavisados-do-stf-quem-cassa-e-a-camara/ – PHA)

Ou seja: os deputados até poderiam perder o mandato, mas a Câmara não deveria deixar de cumprir aquilo que define a Lei Maior. Isto quer dizer: levar o debate para plenário e submeter a decisão a voto direto e secreto. A perda do mandato, diz a Constituição, será definida por maioria absoluta. E quem tem a palavra final são os parlamentares.

Pode até ser um “vexame,” como diz o professor Oscar Vilhena, da FGV, mas a Constituição definiu assim.

Não conheço a biografia de Henrique Alves para fazer um balanço de suas atitudes políticas. Tenho certeza, no entanto, que poucas vezes ele teve a oportunidade de manifestar-se sobre um assunto tão relevante.

Do ponto de vista da separação de poderes e da preservação das garantias democráticas, o deputado com o assessor do bode Galeguinho fez a coisa certa.

E por isso eu acho justo perguntar por que só agora, quando ele completa 40 anos de Congresso, é que todos se lembram de investigar o que se sabe e o que se assopra a seu respeito.

Deve ser tudo coincidência, vamos combinar. O Galeguinho deve estar rindo de tudo, concorda?

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2013/01/20/por-que-o-pig-descobriu-que-o-alves-e-o-que-e/

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