Fumaça sai da chaminé da Capela Sistina, no Vaticano, em abril de 2005,
na eleição do Papa Bento XVI. Foto: Reuters
Ao fazermos um balanço do cardápio que tínhamos para o "Jornal da Record News" na edição da última quinta-feira, perguntei ao amigo Heródoto Barbeiro:
_ E qual é a notícia boa? Não temos nenhuma?
_ Essa semana tá difícil...
Heródoto Barbeiro,
o monge da notícia, gosta de desafios e mergulhou de cabeça no
noticiário da internet. Já no começo da noite comemorou no meio da
redação:
_ Achei! Tenho uma notícia boa aqui para colocar nas manchetes!
E era mesmo: a indústria brasileira registrou, em janeiro, um
crescimento de 2,5%, o maior ritmo de expansão dos últimos três anos.
No mais, foi só notícia negativa ao longo de uma semana para ser esquecida.
O fim da agonia do presidente venezuelano Hugo Chávez, que provocou
comoção nas ruas de Caracas, deixando um povo inconsolável, disputou
espaço com a trágica morte do roqueiro Chorão, derrotado pelas drogas, e
o interminável julgamento do goleiro Bruno, com todos os detalhes
escabrosos que cercaram a morte de Elisa Samúdio.
Um calor infernal e temporais diários, com cortes de luz e semáforos
apagados, transtornaram a vida dos paulistanos, que já não conseguem
exercer o sagrado direito de ir e vir em sua cidade.
O Congresso Nacional, claro, também deu sua contribuição, ao
transformar num grande picadeiro a votação dos vetos da presidente Dilma
Rousseff ao projeto de redistribuição dos royalties do petróleo e, mais
uma vez, a decisão final foi jogada para o Supremo Tribunal Federal.
Nos bastidores das comissões da Câmara e do Senado, as excelências
aproveitaram a confusão para colocar um bando de raposas para tomar
conta do galheiro. A chave de ouro foi a indicação do deputado e pastor
Marco Feliciano (PSC-SP), conhecido por manifestações racistas e
homofóbicas, para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.
Até o que era um fato positivo, agora está ameaçado pela
judicialização não só da política, mas da vida dos brasileiros: o
procurador-geral Roberto Gurgel decidiu que ninguém é obrigado a fazer o
teste do bafômetro, o que, na prática, inviabiliza a aplicação da Lei
Seca.
Do Vaticano, de onde poderia vir alguma esperança de que algo mudaria
na Igreja Católica com a eleição do sucessor de Bento 16, também só
chegaram mais denúncias sobre pedofilia, corrupção e disputa de poder
entre os cardeais.
Este cenário desolador levou a um impasse para definir o início do
conclave, finalmente marcado para o próximo dia 12, terça-feira, mesmo
dia em que o Senado brasileiro promete, finalmente, votar o Orçamento da
União, já aprovado na Câmara.
Nas reuniões preparatórias, com a participação dos 115 cardeais aptos
a votar, não vazou nenhum sinal para nós, católicos dos tempos de D.
Paulo e D. Hélder, de que algo de novo possa sair das chaminés da Capela
Sistina.
Pelas anódinas declarações dos "papáveis" até agora, a escolha do
novo pontífice promete ter a mesma emoção das recentes eleições para as
presidências da Câmara e do Senado em Brasília. Cada vez mais, é preciso
ter muita fé para acreditar que a próxima semana será melhor do que
aquela que passou.
Bom domingo a todos.
http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2013/03/09/balanco-de-uma-semana-para-ser-esquecida/
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