Ao se
associar à CBF para melhorar sua imagem, Ministério Público.
pode estar dando mais uma
tremenda bola fora
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A postura de austeridade, rigor e independência do Ministério Público (MP), esperada pelo cidadão, não combina com compadrios junto a cartolas do futebol. Principalmente depois que dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) andaram ocupando páginas policiais.
Mas para estarrecimento geral da nação, acaba de sair uma notícia de um compadrio entre "cartolas" da CBF e do MP, para fazer "merchandising" do Ministério Público em eventos promovidos pela CBF.
O acordo prevê faixas exibidas pelos clubes antes dos jogos do Brasileirão, divulgando o Ministério Público "como instituição parceira da sociedade e garantidora da democracia".
Já é de se perguntar o porquê de o Ministério Público precisar fazer propaganda deste tipo, inconvenientemente misturada à publicidade de cervejas, bancos e refrigerantes.
Será que a atuação polêmica de setores do MP, que tem gerado dúvidas, além de privilégios acima da razoabilidade (que outros funcionários públicos não têm), comprometeu tanto a imagem da instituição, a ponto de precisar fazer propaganda daquilo que é a razão de ser do órgão, de acordo com a Constituição de 1988?
O problema desse tipo de propaganda é queimar mais o filme da instituição, em vez de melhorar a imagem.
Ao invés de se aproximar diretamente do povo, indo onde ele está e tornando as portas do órgão mais abertas à população, a instituição se afasta do povo, sentando-se com cartolas para intermediar o contato indireto através da propaganda, como anteparo. Não poderia haver anti-propaganda pior.
Afinal, se quer mostrar ser parceiro da sociedade, é só arregaçar as mangas e trocar reuniões com cartolas por reuniões com grupos de populares, indo onde o povo está sendo vítima de injustiças.
Nenhuma cautela
De acordo com a notícia divulgada pelo próprio Ministério Público do Estado de São Paulo, "as tratativas para a campanha foram realizadas no último dia 17, durante reunião na Federação Paulista de Futebol (FPF), entre Marco Polo Del Nero, presidente da entidade e vice-presidente da CBF; o procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa; o procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Norte, Manoel Onofre de Souza Neto; o procurador de Justiça José Antonio Baeta de Melo Cançado, do Ministério Público de Minas Gerais, e Rogério Caboclo, vice-presidente de Finanças da FPF.A intermediação do trato pelo vice-presidente da CBF, recomendaria cautela redobrada.
A CBF é uma entidade privada, onde cada segundo e cada centímetro de patrocínio são cobrados em contratos milionários. Não é normal fazer merchandising de graça para ninguém. Por isso também não fica normal o MP aceitar (supondo que não tenha custos para o MP).
Marco Polo Del Nero tem um dos maiores escritórios de advocacia de São Paulo. É muito provável que tem muitos casos em que está defendendo a quem o MP está acusando. Mais um motivo que não pega bem para o MP.
Recentemente a "operação Durkheim" da Polícia Federal desarticulou duas organizações criminosas, uma especializada na venda de informações sigilosas e outra voltada à prática de crimes contra o sistema financeiro. Um dos mandatos de busca e apreensão foi em endereço de Del Nero. Ele próprio prestou depoimento na PF. Sem fazer juízo de valor sobre culpa ou não, o fato é mais um claro inconveniente para o Ministério Público agora aceitar "favores' intermediados pelo cartola.
http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/o-estranho-compadrio-de-cartolas-da-cbf-com-o-ministerio-publico-3246.html
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